segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Vejam o que fazem nossos herois!

A Violência e a Manipulação da Mídia: Uma ‘Guerra’ Carioca

Por Allan Mahet
Muito providencial um dos itens das 10 Estratégias de Manipulação através da mídia por Noam Chomsky, postado há pouco.

Criar problemas e depois oferecer soluções

Esse método também é denominado "problema-reação-solução". Cria-se um problema, uma "situação" prevista para causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

De modo algum pretendo aqui expor que as ações violentas dos últimos dias tratam-se apenas de ampla manipulação midiática. Elas são reais, graves e inaceitáveis, mas não podemos que os fatos ceguem nossa criticidade.

O problema reside nas falácias do discurso governamental e reproduzidas por toda a grande mídia, que são acatadas sem qualquer parcimônia pela população, bestificada diante dos carros e ônibus incendiados diariamente e maravilhada com o avanço de tanques e caveirões. População esta que a pouco pode conferir nos cinemas uma verdade sem muita maquiagem sobre a questão da violência no Rio.

A primeira mentira é a de querer nos fazer crer na total organização e coordenação das ações criminosas. Existem milhares de escutas telefônicas, algumas centenas de X-9 e profissionais infiltrados no tráfico que conseguiriam identificar tamanha mobilização. Se considerarmos essa possibilidade como viável, das duas uma: ou governo realmente mente ou nossa inteligência policial não é tão inteligente assim. E para mim, é inadmissível uma inteligência menos inteligente do que eu.

Posteriormente, em todo o discurso faz-se uma defesa da ideia de desarticulação do tráfico de drogas. MENTIRA !! Se fosse o Padre Quevedo iria falar: "é charlatanice, isso nos existe". É impossível acabar com o tráfico. Existindo consumidores existirá demanda, existindo demanda haverá venda. Havendo venda... é tráfico. Existindo o playboy do condomínio de luxo que faz passeata pela paz abraçando a Lagoa, o Leblon, o Cristo Redentor, que dá sua cheiradinha dominical, existirá tráfico. Existindo o juiz que aprova o habeas corpus dos realmente grandes traficantes; existindo a polícia corrupta, arregada do tráfico; existindo a criminalização da pobreza; existindo a vista grossa de nossa 'polícia de fronteiras'; existindo o mega empresário que negocia com os narcotraficantes internacionais e existindo vossas excelências, políticos fichas podres, existirá o tráfico de drogas. Chega a serem indecentes as manchetes intitulando as ações à Vila Cruzeiro, como o Dia D da guerra ao tráfico (O Globo de 26/11/2010) e chamá-las de ataque decisivo. O tráfico, como dito, continuará existindo, invadindo a Vila Cruzeiro, o Alemão ou a Rocinha. Esta simplicidade que a mídia tenta nos empurrar é inverídica.

As emissoras de rádio e televisão durante toda essa semana perpetuaram o clima de medo reprisando imagens e mais imagens de ônibus e carros pegando fogo. Inundaram-nos com mapas, vídeos, fotos e infográficos detalhando cada movimento dos bandidos, apavorando-nos. Mesmo tendo dito que as ações não são uma farsa, paremos para refletir... as únicas mortes que ocorreram até agora foram provocadas por quem? A polícia. Então, será que o clima de pavor é tão justificável assim? Claro que não sou louco de falar que aqueles que moram próximos a essas áreas devem passear tranquilamente como se nada estivesse acontecendo ou que não devemos nos manter atentos nos coletivos ou carros. Mas acredito ser injustificável, por exemplo, moradores da Zona Sul demonstrarem pânico igual ao maior de moradores da Penha ou de algumas áreas da Zona Norte carioca. Nesta área nobre da cidade foram 'apenas' 2 incidentes sem vítimas dos cerca de 100 em todo o estado, ou seja, 2% do total. A mídia, contraditoriamente, dizia que devemos manter a calma, mas nos inflamava à esquizofrenia e à fobia.

Também me chamou muita atenção o fato de as ações policiais se concentrarem em favelas nas quais o Comando Vermelho tem o domínio, em detrimento às demais comandadas por outras facções ou pelas milícias com as quais (ambas) o poder público tem adotado certa permissividade nos últimos tempos. Será acaso as UPPs serem instaladas, em 90% dos casos, em regiões antes controladas por essa mesma facção?

A massificação e obsessividade pela violência acabam assim por nos contaminar e chega ao nível máximo quando, ao vivo, foram mostradas imagens de traficantes fugindo da Vila Cruzeiro em direção Alemão. O mais leve dos discursos que pude ouvir foi o de jogar várias bombas e exterminá-los. É obvio que no intimo de todos, essa é uma vontade latente. Anos e mais anos sofrendo e convivendo com tiroteios, arrastões, roubos e etc, esse seria um desejo mais que aceitável. Porém, chamo mais uma vez à racionalidade. O Estado não pode ser regido por emoção. Como em uma frase de Fraga em 'Tropa de Elite 2', não podemos permitir que o Estado seja tão ou mais violento quanto os que são considerados violentos. Para os bandidos não existe regra, mas para o Estado sim. A concordância com tal ato poderia nos custar caro mais tarde. Não é papo de 'direitos humanos', mas a aprovação de métodos semelhantes podem nos levar a perda de direitos, de nos 'cidadãos de bem', futuramente. Sob o signo do medo no Governo Bush, vários direitos individuais da população foram violados. Sob argumentos, muitas vezes fabricados, atropelaram preceitos básicos e conseguiram apoio quase irrestrito para bombardear um País que não possuía um artefato sequer de destruição em massa. Como em parte da citação de Noam, que iniciou este post, são em momentos assim que o povo acaba por demandar leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Mas nada me deixa mais estupefato do que o coro que em uníssono clama pela pena de morte sumária e ao vivo, mas que demonstra uma complacência franciscana com relação a políticos corruptos, latifundiários grileiros e empresários inescrupulosos. Uma verba desviada da saúde ou da previdência pode matar mais em um mês do que todos os bandidos do Rio de Janeiro em um ano. Um latifundiário condena a morte milhares de famílias assim como o empresário espolia outros milhares de cidadãos. Mas a estes impera um desejo de justiça legal. Cadeia aos corruptos que matam milhares ao dia e aos financiadores da violência e morte ao 'pé de chinelo' sem camisa que ateia fogo aos ônibus.

E mais uma vez recorrendo ao didático 'Tropa de Elite 2' cabe-nos a pergunta: porque caveirão não entra em condomínio de luxo? Por que 'policia' não dá tapa na cara de político? Por que as investidas são sempre em áreas pobres de favela? Por que existe favela? As respostas cabem a cada um de nós procurarmos.

Uma análise bem interessante proposta por minha esposa, a também assistente social, Cristiane Maciel Mahet, chega a ser mais instigante. Diante da popularidade do filme de José Padilha e a discussão que o mesmo trouxe é muito providencial tudo que está ocorrendo, justamente agora. E como em um passe de mágica toda a criticidade trazida pelo filme em relação à atuação do Estado e seus interesses escusos parecem diluídas a pó (sem trocadilhos) na aprovação e contemplação vinda desses mesmos espectadores à mobilização do poder estatal em suas ações de força. Os mesmos que no começo do mês compreendiam a lógica nefasta da violência, hoje aplaudem os soldados de preto, de azul e os camuflados com suas armas em punho marchando em nossas ruas. Parece meio teoria da conspiração, mas diante de nossa realidade fantástica, nada é tão impossível assim.

Queria eu estar errado e tudo que escrevi não passar de balela.

Queria eu que com a 'tomada' da Vila Cruzeiro e do Alemão, tudo se resolvesse.

Queria eu que as UPPs fossem realmente a presença de um estado de direito nas comunidades pobres.

Queria eu que o problema da violência se resolvesse em uma semana apenas.

Queria eu que a real intenção de toda essa zona fosse a nossa segurança e não a publicidade, os votos e a garantia do poder.

Mas tenho a convicção de que não é!


Para saber mais, recomendo:

http://www.revistabrasileiros.com.br/edicoes/40/textos/1275/

http://coletivodar.org/violencia-no-rio-a-farsa-e-a-geopolitica-do-crime_2681

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/cacada-na-favela-da-vila-cruzeiro

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/sakamoto-o-estado-pode-usar-metodos-de-criminosos.html

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/eduardo-guimaraes-a-cor-da-tragedia-no-rio.html


Fonte: http://amahet.blogspot.com/2010/11/violencia-e-manipulacao-da-midia-uma.html

A farsa da pacificação do Estado do Rio de Janeiro


Por Escrito por Cyro García

O estado do Rio de Janeiro vive uma verdadeira guerra civil, um estado de sítio, que desmascara a demagogia e a incompetência do governador reeleito Sergio Cabral (PMDB) e seus subordinados. Para ganhar a eleição divulgaram amplamente que a cidade e o estado estavam pacificados, que tinham através das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) acabado com o tráfico e, consequentemente, com a violência.

Neste exato momento helicópteros da Polícia Civil e da Polícia Militar sobrevoam a cidade e as comunidades do Complexo do Alemão e a de Manguinhos, tentando encontrar os culpados por esta situação. As escolas estão suspendendo as aulas e os trabalhadores estão voltando mais cedo para as suas casas. No centro da cidade, as pessoas interrompem mais cedo as suas atividades. Neste momento, ônibus estão sendo incendiados, e rodovias bloqueadas por traficantes, que saqueiam os veículos e logo em seguida ateiam fogo. Nos últimos dias, mais de 40 veículos, entre ônibus e carros de passeio, foram incendiados, dezenas de bloqueios de estrada, para em seguida ser praticado o saque aos motoristas.

Em vários pontos do estado, o governador aliado de Lula tenta, através de blitz, inibir a ação dos traficantes, todos os policiais que exerciam funções internas, médicos, mecânicos, funcionários burocráticos, todos foram convocados para atuarem nas ruas das cidades como se o problema da violência fosse resolvido numa ação de guerra. Todas as medidas até agora adotadas pelo setor de segurança do estado falharam, e o que predomina é o pânico, a insegurança e a falta de uma política que de fato enfrente a violência e a insegurança.

Neste momento, a imprensa, em particular a Rede Globo, aproveita a situação para aumentar sua audiência, alardeando o caos em que se encontra a cidade e o estado, mas não fala que tudo isso se explica, por um lado, em função da miséria que vive uma parte da população, que é condenada a viver nos morros da cidade em barracos, sem empregos e com salários insignificantes, reprimida pela polícia fascista e corrupta de Sergio Cabral, pelo tráfico ou pela milícia. Por outro lado, a conivência do Estado com os grandes empresários, que têm ligação com o tráfico internacional de drogas e de armas. Estes senhores, quando são pegos, alegam que são colecionadores de armas.

Neste momento, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que quem passar na frente do Estado vai ser atropelado. Os policiais traduzem as ordens do Estado e dizem que vai morrer muita gente. Treze pessoas já morreram, demonstrando qual é a política destes senhores fascistas. Vão exterminar os pobres, negros e jovens e vão dizer que são traficantes. Um bom exemplo a partir do qual não devemos confiar nestes governantes foi a instalação das UPPs na área da Tijuca - o morro do Borel, Formiga, Casa Branca, Macacos, Morro da Liberdade, Turano, Salgueiro, todos com grande presença do tráfico, com centenas de traficantes fortemente armados, foram ocupados após acordo do governo com os traficantes, que garantiu a saída de todos, com seu armamento de guerra, antes da ocupação.

Uma vergonha. Esta manobra do governador e de todos os seus aliados foi comemorada por Sérgio Cabral, Lula e Dilma, e seu secretário de Segurança, que divulgaram amplamente que tinham acabado com o tráfico e pacificado a cidade e o estado sem dar um tiro. Disseram que os traficantes fugiram assustados. Com este discurso, ganharam as eleições de outubro. Quem não lembra da candidata Dilma dizendo na televisão que iria exportar estes exemplos do Rio para o resto do país? Na verdade, o que ocorreu foi um grande acordo do Estado com os traficantes, que se deslocaram para outras regiões da cidade e do estado, preparando a região da Tijuca e da Zona Sul para receber os turistas e os investimentos da Copa do Mundo e para as Olimpíadas.

O governador e seus aliados andam de carro blindado, com escolta de seguranças, de helicóptero, enquanto nós trabalhadores ficamos vulneráveis nos ônibus, que estão frequentemente sendo incendiados. O governo aproveita esta situação para criminalizar a pobreza, estão preparando um verdadeiro extermínio nas regiões mais pobres. Está sendo preparada a invasão do Complexo do Alemão e de Manguinhos. Sabemos que quem vai pagar são os trabalhadores e a juventude, com o pretexto de atacar os traficantes, sabemos onde vai dar essa política. Se for negro e pobre, atira e depois verifica quem é.

Um programa socialista para enfrentar a violência

Não achamos que as UPPs sejam a solução. Não é possível viver sob uma ocupação. Todas as mídidas de maquiagem do Estado, os cursos com os caminhões do SENAC nas comunidades (para pouquíssimas pessoas) para ensinar corte e costura e formar cabeleireiro e noções de informática, não garantem o que é o fundamental. As pessoas precisam na comunidade e no país de um bom emprego, com um salário decente. Por isso propomos que o salário mínimo dobre imediatamente. Propomos a construção de boas escolas com muitas vagas e com profissionais da educação tendo um salário decente, e não o vergonhoso salário de 700 reais que paga o estado ao professor. Defendemos a construção de bons hospitais para que os trabalhadores não morram por falta de leito nas emergências. Exigimos que o governador pare imediatamente com a demolição do IASERJ, com o fechamento do Pedro II, hospitais que são fundamentais. Queremos lazer decente, acesso à cultura, e não maquiagem para turista ver. Queremos moradias decentes e com infra-estrutura. Existe um responsável pelas ações que estão ocorrendo no estado e na cidade: é o governador, os prefeitos e o governo federal, que fizeram muito estardalhaço nas eleições e que agora nos deixam nesta situação.

Não acabaremos com a violência e com o tráfico sem descriminalização das drogas, sem colocar na cadeia os grandes empresários que traficam as armas e as drogas, sem o confisco de seus bens. Não acabaremos com violência se não tivermos empregos decentes para as nossas famílias. Precisamos dissolver essa polícia e construir uma polícia ligada à população e, principalmente, controlada por ela, com eleições para o comando e para os delegados e com mandato revogável. Exigimos o fim do extermínio dos pobres e negros. Não à invasão e ao extermínio dos moradores das comunidades.

Cyro García é presidente do PSTU - Rio de Janeiro.

Página na Web: http://www.pstu.org.br/

Porque faltamos?

Publicação Ação Educativa

Projeto: Jornal na Sala de Aula

O jornal é material riquíssimo e enriquecedor, porque é texto, palavra, comunicação, fato diário, vida! Trazer o jornal para a escola é trazer a realidade para as aulas e permitir que os alunos tomem ciência dos fatos, falem sobre eles, opinem e até desejem criar uma nova realidade para o mundo em que vivem. Além de ler, interpretar, reescrever notícias, a lista de atividades que podem ser realizadas é infinita, bastando o educador permitir que o projeto seja criativo!

Vivendo Praticando e Apredendo 22-11-10

Contribuição: Ceiça Sousa por e-mail

Mar, petróleo e biodiversidade (ATLAS)

Via Greenpeace
Greenpeace mapeia o litoral brasileiro para mostrar que a conservação marinha e o desenvolvimento da indústria de petróleo entraram, de uma vez por todas, em rota de colisão. O mapeamento, dividido por 4 regiões da nossa costa, conta uma história de descaso com a conservação diametralmente oposto ao incentivo para o crescimento da exploração petrolífera.

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Fonte: http://tudoeespanto.blogspot.com/

Onde estão os bandidos?

Fonte: http://quantotempodura.wordpress.com

domingo, 28 de novembro de 2010

A batalha do Rio de Janeiro


Escrito por Celso Lungaretti*
Canso de repetir: a criminalidade é intrínseca ao capitalismo. Porque as molas mestras do capitalismo são a ganância, a busca do privilégio e da diferenciação, e o consumismo.
Ter cada vez mais posses e recursos materiais. Competir zoologicamente com os semelhantes, no afã de se colocar em situação superior à deles. Mitigar todas as suas insatisfações adquirindo e desfrutando coisas.
E se relacionando com os outros seres humanos como se eles fossem também coisas a serem desfrutadas; coisificando-os, enfim.
Com isto, nunca é preenchido por completo o vazio da irrealização, sempre falta algo e sempre o que falta é mais importante do que o já conquistado. O homem moderno é um Cidadão Kane que nunca encontra o rosebud.
Pois os seres humanos só se realizam plenamente na coexistência cooperativa, solidária, harmoniosa e amorosa com outros seres humanos.
O capitalismo é um sistema perverso, que se alimenta do desequilíbrio e da desarmonia.
Que não garante a todos o necessário para todos, embora meios haja para tanto.
Que gera sempre, com uma secreção, seu exército industrial de reserva, seus excluídos, seus miseráveis. Eles são o resultado da mais-valia, que continua firme, forte e toda poderosa.
Apenas sofisticou-se, ocultando-se atrás dos hologramas projetados pela indústria cultural; o grande truque do diabo é fingir que não existe.
A mais valia continua dividindo a humanidade em exploradores e explorados.
Continua estabelecendo graduações entre os explorados, de forma que eles mirem apenas o degrau superior e não a sociedade sem graduações nem classes; que nunca vejam a floresta por trás das primeiras árvores.
O dado novo é que alguns dos que estavam bem embaixo perceberam a inutilidade de tentarem realizar seus sonhos consumistas subindo a escada, degrau por degrau.
Descobriram atalhos para passar ao lado dos degraus e chegar logo ao topo. Ironia da História: o capitalismo passou à fase das corporações, da liderança compartilhada, tornando quase impossível que grandes empreendedores ergam impérios do nada (Bill Gates é uma exceção que confirma a regra), mas a criminalidade forneceu uma válvula de escape para tais indivíduos.
Pablo Escobar foi o Henry Ford dos novos tempos. E outros não conhecemos porque os neo-Escobares perceberam que não lhes convêm alardear seu poderio.
Até certo ponto, os traficantes são complementares ao capitalismo: fornecem aquilo de que muitos explorados necessitam para continuar suportando sua existência insatisfatória.
Enquanto se comportam como empresários discretos e cumprem adequadamente sua função de espantalhos, dificilmente são destruídos pelo Estado.
Mas, aqueles a quem os deuses querem destruir, primeiramente enlouquecem. Então, às vezes, os traficantes também têm seus desvarios: tentam oficializar a conquista simbólica de parcelas do território brasileiro.
Porém, o Estado não pode consentir que o poder econômico da contravenção ganhe ostensiva expressão política, substituindo-o às escâncaras.
Aí, com seu poder de fogo superior, convocando Exército, Marinha e Aeronáutica se necessário, coloca os traficantes no seu lugar.
Morrem inocentes no fogo cruzado, o cidadão comum sofre prejuízos e enfrenta transtornos, a indústria cultural fatura em cima das manchetes empolgantes, eventualmente são presos ou mortos alguns grandes traficantes.
De quebra, a mentalidade policialesca ganha reforço e penetra mais fundo na cabeça dos videotas: a repressão é o que nos salva de termos nossos carros queimados!
E dá-lhe mais repressão, mais tropas de elite! A fascistização da sociedade vai avançando imperceptivelmente, naturalmente.
Antes, gatos escaldados por 1964, os mais sensatos queriam as Forças Armadas longe das questões sociais, defendendo apenas o Brasil dos seus inimigos externos. Agora, já se aplaudem os blindados da Marinha subindo o morro.
De toda essa tempestade de som e fúria, o que restará? O Estado vencerá a  Batalha do Rio de Janeiro. Que só não é de Itararé porque há mortos e feridos. Mas, não decide guerra nenhuma.
Decidiria se os traficantes vencessem. Mas, eles nunca vencerão. Nem aqui, nem na Colômbia que os pariu.
O Estado não quer, verdadeiramente, acabar com os traficantes. Consentirá veladamente na sua reorganização, com novas lideranças substituindo as tombadas, desde que respeitem os limites intrínsecos.
A sova garantirá que eles se comportem por algum tempo. E, quando botarem as manguinhas de fora, receberão nova sova. É simples assim.
Só teremos solução real quando identificarmos o verdadeiro inimigo (É o capitalismo, idiota!). Que sobrevive erigindo em espantalhos os inimigos menores, ou meros oponentes – Escobar, Castro, Bin-Laden, Saddam, Chávez, Ahmadinejad, há sempre um na berlinda.
E quando nos mobilizarmos para dar-lhe um fim, antes que - condenado pela História e cada vez mais devastador em sua agonia - seja ele a nos levar juntos para a destruição, ao aniquilar as bases naturais que sustentam a vida humana no planeta.
*Celso Lungaretti é jornalista e escritor.
Blog: http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Pelo Fim da Violência Contra a Mulher

Em 25 de novembro de 1960, Mirabal, Minerva e Maria Teresa, também conhecidas como irmãs “Mariposas”, foram violentamente assassinadas pelo ditador da República Dominicana, Rafael Leônidas Trujillo. O assassinato chocou o país e ajudou a acelerar a queda deste governante do poder. A partir de 1981, em referência a essas lutadoras, em toda América Latina, o 25 de novembro é lembrado como o “Dia Latino-Americano pelo fim da violência à mulher”.

Basta de machismo!
O machismo tem crescido em nossa sociedade. Com o avanço da flexibilização e retirada de direitos, do desemprego da fome e da miséria, aprofunda-se na sociedade toda sorte de preconceitos e falsas ideologias que justifiquem a inferiorizarão e a submissão de determinados setores que na nossa sociedade são tratados como inferiores, servindo assim a interesses de dominação e exploração da classe dominante e do estado burguês.
Isso acontece com negras e negros, homossexuais, imigrantes e com as mulheres. Que são submetidos à uma situação de violência física, psicológica e econômica cotidianamente.
O machismo têm crescido de forma brutal e visível nos dias atuais, junto com o machismo a degeneração moral e a perda de referenciais.Algo que têm se expressado nas letras de música que fazem uma verdadeira campanha de mercantilização do corpo da mulher e de apologia a violência. Com refrões de que “um tapinha não dói”..., “olhas as cachorras”, funks e bregas são grandes expressões de machismo.Assim com telenovelas, programas de humor, propagandas de cerveja, enfim, a grande mídia de forma geral.

O caráter de classe na violência contra a mulher
A violência atinge todas as mulheres, no entanto, as trabalhadoras são as que estão mais vulneráveis às suas consequências. Estão sujeitas ao desemprego e por vezes dependem financeiramente do homem que as agride. Estão impossibilitadas de mudar de cidade e/ou Estado porque não podem abandonar seus empregos. Ou ainda, O não têm creche para deixar os filhos e por isso não podem trabalhar, o Estado não garante casas-abrigo e atendimento psicológico a estas mulheres. Por isso, a lei não é suficiente para colocar fim à violência contra a mulher. É necessário que o Estado garanta as condições necessárias para a libertação da mulher de toda situação que a oprima.

Dez mulheres morrem por dia
O mapa da violência no Brasil, baseado em dados do SUS, revelou que entre os anos 1997-2007, cerca de 41.532 mulheres foram assassinadas. Foram cerca de 10 mulheres mortas por dia, numa média de quase 1 a cada 2 horas. Estatísticas que, em 2010 ganharam as telas, com a divulgação de de mortes bárbaras, como as de Elisa Samúdio e Mércia Nakashima – absurdos que demonstram uma parte do que é a realidade das muitas que morrem no anonimato e vítimas da impunidade.

As mulheres negras e lésbicas são as que mais sofrem
As mulheres negras ganham em média a metade do salário de um homem branco.Pela combinação do machismo e do racismo são as que estão expostas de forma mais profunda à miséria e a todas as formas de violência .Algo parecido ocorre com as mulheres lésbicas, que sofrem duplamente a opressão com o machismo e a homofobia, são alvos ainda mais fortes de violência física e sexual.

A Lei Maria da Penha não é suficiente para defender as mulheres trabalhadoras

A Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, foi avançou em relação á lei da cesta básica(que punia os agressores exigindo deles cestas básicas), ao tipicar a violência contra a mulher como crime. Entretanto, após 04 anos não podemos dizer que a violência contra as mulheres diminuiu ou que aumentou a punição. O que vemos é uma série de barbáries acontecendo, mantendo impune os agressores (como é o caso do assassino de Mércia) ou a morte daquelas que denunciam, como Elisa Samúdio e a cabeleireira Maria Islaine, de Minas Gerais. Pesquisa realizada pelos Institutos IBOPE/AVON indica que o maior medo das mulheres que denunciam é saírem de casas e serem mortas
O fato é que a Lei não foi aplicada em sua totalidade porque o governo retirou quase metade da verba de orçamento para as mulheres. E mesmo que fosse, também não resolveria completamente a situação, já que a própria lei não engloba mulheres que sofrem violência de parte de homens com os quais não vivem e não obriga o Estado a criar medidas de proteção às mulheres, como as casas-abrigo, por exemplo. Prevê delegacias de mulheres, mas não investe em profissionais qualificados para tanto.

Com Dilma, as mulheres trabalhadoras não chegaram ao poder
Para vencer as eleições, o PT abandonou oficialmente a luta contra a opressão.Durante sua campanha, Dilma se posicionou contrária à legalização do aborto e a união civil homossexual.Pressionada pela igreja e pelos setores mais atrasados da direita tradicional, se colocou contrária á uma reivindicação histórica das mulheres, e que hoje diz respeito especialmente às trabalhadoras, que morrem todos os dias por conseqüência de abortos mal feitos e são criminalizadas por um Estado hipócrita que não garante às mulheres o direito de decidirem sobre o seu próprio corpo e nem de serem mães quando querem.
Dilma foi eleita com o financiamento da grande burguesia e para ela irá governar.Representa a continuidade de um governo que cortou verbas dos programas de combate á violência contra as mulheres, que não garantiu licença maternidade de seis meses para todas as trabalhadoras e nem se mexeu diante de um déficit de 84% de vagas em creches públicas no país.
Se o gênero nos une, a classe nos divide, e o governo de Dilma não coloca no poder as milhares de trabalhadoras brasileiras que seguem oprimidas e exploradas e só podem superar essa situação com organização e luta pelo fim do machismo e da exploração.

Somos todas mulheres em luta!
Nossa única alternativa para nos colocarmos contra tudo isso é a nossa organização e luta, enquanto mulheres e trabalhadoras, que se enfrentam contra o machismo, que desmoraliza, humilha e mata, e contra a exploração que retira de nossas vidas os direitos mais básicos como saúde, educação e moradia, que rouba todos os dias os frutos do nosso trabalho para garantir o lucro e o luxo de uma minoria.
Venha conosco ser parte da construção de uma ferramenta de luta contra o machismo e a exploração. Venha construir o Movimento Mulheres em Luta, que organiza mulheres trabalhadoras em todo o país para lutar contra o machismo e a exploração, pela emancipação das mulheres e pelo socialismo.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Revista de Educação: Apostila PEBII

apostilapeb2

Revista de Educação: Apostila PEB I - (material dos anos anteriores )

REVISTA PEB I

Veja mais em: http://educacadoresemluta.blogspot.com/2009/12/bibliografia-comentada-para-prova-ofas_06.html

ENEM


Lula, não adianta mais tentar, o novo ENEM tem que acabar!

No último final de semana, os 3,5 milhões de jovens que fizeram as provas do ENEM foram surpreendidos por mais uma crise: os gabaritos errados em 2 mil provas. A Justiça Federal suspendeu o ENEM alegando que ele prejudicou alguns estudantes, devido aos erros dos gabaritos. O MEC está recorrendo a essa decisão, para não aprofundar a desmoralização que sofre com esse projeto desde o ano passado, com o roubo da prova. Agora os 3,5 milhões de estudantes que fizeram a prova não sabem o que será de seu futuro.
Desde a criação desse projeto, a ANEL vem questionando sua existência, pois esse projeto aprofunda as desigualdades existentes no vestibular tradicional, afinal se antes essas desigualdades já eram estabelecidas entre aqueles que podem pagar um cursinho e aqueles que não podem, agora a desigualdade se estende para as diferenças regionais.
No final de 2009, os 4 milhões de inscritos foram surpreendidos pelo roubo da prova, revelando, assim, além de um projeto excludente, muita incompetência para sua aplicação. Esta incompetência se manifestou também com a divulgação de dados dos estudantes que estavam inscritos para a prova de 2009.
No período de matrícula dos estudantes aprovados em 2009 nas Universidades Federais, mais uma vez ficou revelado como o novo ENEM não serve para a democratização do acesso. A aposta feita na mobilidade estudantil, que em tese permitiria aos estudantes mais alternativas de desfrutar os cursos oferecidos pelo conjunto das universidades Brasil afora se mostrou uma farsa. No próprio documento do governo de apresentação do projeto do novo ENEM, reconhece-se que apenas 0,4% dos calouros das universidades não pertenciam ao seu estado de origem. O projeto do novo ENEM atribuiu isso à forma descentralizada de seleção. O movimento estudantil atribuiu isso historicamente à não garantia de acesso e permanência no conjunto das universidades brasileiras, falta de acesso à moradia, bolsas, alimentação, etc. A comprovação de que essa prova unificada não reverteria o problema foi na quantidade de vagas ociosas no início do ano, com cursos, como o Direito da Universidade Federal dos Pampas, com até 82% de ociosidade, isso em um país em que apenas 4% dos jovens estudam nas universidades públicas.
Essa combinação de problemas foi coroada pela divulgação das notas do ENEM que demonstrou que esse projeto facilitou a vida apenas para quem pode pagar para estudar, afinal dentre os 10% dos colégios mais bem colocados (1.793), apenas 8% são públicos. O primeiro colégio público sem seleção no país aparece na 729ª posição geral.
Entre a prova de 2009 e a prova de 2010, havia um grande questionamento e desmoralização sobre esse projeto. A prova de 2010 seria a segunda chance do governo. Mas, mais uma vez prevaleceu a incompetência e quem está pagando são os 3,5 milhões de estudantes que sofrem a angústia sobre o seu futuro.
A juventude brasileira não merece isso. O Brasil é um país muito rico, cheio de recursos que permitem que toda a juventude possa ter acesso ao ensino superior, não fosse a distribuição desigual desses recursos. Hoje, apenas 4% do PIB do país é investido em Educação. Em contrapartida, 36% do orçamento da União executado em 2009 foi destinado para pagar os juros e amortizações da dívida pública. Os projetos de expansão das universidades propostos pelo governo permitem um ritmo de expansão que colocaria 30% dos jovens no ensino superior só em 2069, ou seja, daqui a 59 anos, uma meta estipulada pelo Plano Nacional de Educação (2001) para 2010.
A Constituição de 1988 prevê em seu artigo 205 que a Educação é um direito de todos e um dever do Estado, assim os recursos do país deveriam estar voltados para garantia do acesso e permanência ao ensino superior a todos os jovens.
A luta pelo fim do vestibular está relacionada com a garantia desse princípio constitucional que nunca foi respeitado em nosso país. As poucas vagas oferecidas nas Universidades públicas só estão disponíveis para aqueles que podem pagar escolas e cursinhos caros e as vagas das universidades privadas são acessíveis para quem pode pagar mensalidade.
Com o dinheiro que o governo deixou de receber com a isenção de impostos do PROUNI investido nas universidades públicas, seria possível triplicar o número de vagas nessas universidades e assim, a satisfação desses jovens seria muito maior, pois teriam acesso a um ensino, pesquisa e extensão de muito mais qualidade e públicos. Também não concordamos com a expansão através do REUNI, pois esta expansão coloca em contradição expansão e qualidade, algo que não deveria existir em um país repleto de recursos como o nosso.
Acreditamos que o livre acesso ao ensino superior é o que acaba com esse filtro social que se configurou o vestibular, que coloca as universidades públicas em um horizonte muito distante aos jovens que não tem condições de pagar para estudar. Aos jovens que entram nessa disputa, o vestibular impõe uma relação completamente equivocada com o conhecimento.
Qualquer que seja a saída adotada pelo MEC diante dos erros na aplicação da prova é incapaz de salvar a credibilidade do ENEM. Com esses erros, nem a perversa lógica meritocrática defendida pelo projeto foi atendida. Assim, perante essa situação, a saída menos prejudicial aos estudantes é a realização de uma nova prova, disponível a todos os estudantes que se sentiram prejudicados pelos erros e garantindo que a maior nota é a que valha para o estudante que fizer duas provas.
Esta alternativa de resolução não pode perder de vista a origem do problema que é a existência de um filtro social para entrada nas universidades brasileiras, que colocam para apenas 4% dos jovens o direito de usufruir do ensino superior público brasileiro.
Infelizmente, a UNE e a UBES estão, mais uma vez, se comportando como um órgão governamental, como uma ouvidoria do Ministério da Educação para defender esse projeto que vai contra os interesses estudantis. É lamentável que uma entidade estudantil construída no seio de tantas lutas tenha hoje se tornado um departamento do MEC e que nos momentos críticos como esse que passam 3,5 milhões de jovens, esteja se articulando para defender o indefensável, o projeto falido do governo.
Também é lamentável ver a postura do MEC em tentar perseguir e reprimir os estudantes que estão articulando a organização dos atos do dia. A UNE diz questionar esse “clima de perseguição”, mas o que o MEC fez é muito pior, em lugar de utilizar seu twitter para orientar os estudantes, utilizou para reprimir e ameaçar, tratando os estudantes que foram prejudicados com o erro da prova como os culpados, dizendo que eles “dançaram”. Um tremendo absurdo sobre o qual temos que expressar nossa indignação.
Hoje, a ANEL estará no Debate MTV discutindo a seguinte questão: o ENEM tem que acabar? Estaremos lá denunciando o caráter excludente desse projeto, apresentando a luta pelo fim do vestibular e denunciando a postura absurda da UNE e da UBES.

NÃO AO NOVO ENEM!
- REVOGAÇÃO IMEDIATA DO NOVO ENEM E DO SISU!
10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO!
POR UMA EXPANSÃO COM QUALIDADE!
LIVRE ACESSO A TODOS! PELO FIM DO VESTIBULAR!
Fonte: http://anelivre.blogspot.com/

Fax Urgente: Novidades

Fax 8610

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Livros Digitais

Pessoal,
esses livros, entre outros, estão à disposição para acesso nos links abaixo de cada texto. É um trabalho sério de acesso ao conhecimento, do neo economista Ladislau Dawbor e outros, que afirma que conhecimento é para ser compartilhado, pois ao compartilhar conhecimento você fica com mais conhecimento (diferente de uma caneta, por ex. que você dá e fica sem ela). O site dele é http://dowbor.org/ onde vc vai encontrar muita coisa boa.

Hailton F. Araújo


Riscos e oportunidades em tempos de mudança - Instituto Paulo Freire e Banco do Nordeste - 2010,272p.
O planeta está entrando numa fase de altos riscos. As mudanças climáticas, o esgotamento de recursos básicos como o petróleo, a erosão dos solos, a liquidação da vida nos mares pela sobrepesca, a contaminação generalizada da água doce, e sobretudo a desigualdade crescente entre ricos e pobres, geram um processo de crises convergentes. Mas estas crises também abrem oportunidades de mudança de rumos, analisadas por 25 autores que incluem Ignacy Sachs, Paul Singer, Susan George, Amir Khair, Silvio Caccia Bava e outros. Ladislau Dowbor contribui com dois artigos. O livro está publicado em Creative Commons, disponível online na íntegra gratuitamente, entre outros no blog criseoportunidade.wordpress.com




A Nova Política Econômica A sustentabilidade ambiental - Ed. Perseu Abramo, São Paulo, 2010, 270 p
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A visão econômica tradicional, o main-stream das bobagens de Washington, envelheceu de repente. A presença de um forte setor estatal não é um estorvo, é um suporte fundamental. A regulação das finanças não é burocratização, é uma proteção contra a irresponsabilidade. Assegurar melhores salários e direitos aos trabalhadores não é demagogia, é a forma mais simples e direta de gerar demanda e uma conjuntura favorável. Apoiar os mais pobres da sociedade não é assistencialismo, é justiça, bom senso, e dinamiza a economia pela base. Investir nas regiões mais pobres não é um contrasenso, prepara novos equilíbrios ao gerar economias externas para futuros investimentos. Fazer políticas sociais não é um bolo que se divide, pois é o investimento na pessoa que mais gera dinâmicas econômicas, como já analisava Amartya Sen. Fazer política ambiental não atrasa o progresso, pois muito mais empregos geram as alternativas energéticas e o apoio à policultura familiar, do que extrair petróleo e desmatar para introduzir soja e gado. Manter uma sólida base de impostos, não é tirar da população, é assegurar contrapesos indispensáveis para o desenvolvimento equilibrado do país. Ao reunir alguns dos melhores especialistas de diversas áreas, o presente livro constitui uma excelente visão panorâmica das transformações em curso.www.fpabramo.org.br




Gestão da Comunicação e Responsabilidade Socioambiental – Joana d’Arc Félix e Gilson Borda (Orgs.), Ed. Atlas, São Paulo 2009
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O livro busca construir uma nova visão de marketing e conunicação para o desenvolvimento sustentável, coisa nem sempre fácil. De toda forma um início de responsbilidade social e ambiental pela comunidade do marketing é coisa muito bemvinda. Se as empresass foram além do marketing, será melhor ainda. O capítulo assinado Ladislau Dowbor e Hélio Silva é “Informação para a participação” (pp. 95 a 116) e trata do desafio de ermos uma cidadania efetivamente informada. ISBN 978-85-224-5649-9 www.editoraatlas.com.br




A Fé na Metrópole: desafios e olhares mútliplos – Ed. Paulinas e Educ, São Paulo, 2009
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Organizado por Afonso Maria Ligorio Soares e João Décio Passos, o livro reune diversos olhares sobre a vida urbana, os valores, o desenvolvimento e cultural, a religiosidade, a convivência. Trata-se de uma ampliação radical da visão da metrópole, relativamente aos olhares necessários mas estreitos do urbanismo. O capítulo de Ladislau Dowbor, Sustentabilidade Urbana, trata das visões de desenvolvimento integrado na urbe. ISBN 978-85-356-2421-2 e ISBN 978-85-283-0394-0



Os avanços tecnológicos e o futuro da humanidade – Rose Marie Muraro - Ed. Vozes, Petrópolis, 2009, 355 p
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Rose Muraro fez um exercício muito interessante: analisar os nossos desafíos civilizatórios partindo da evolução das técnicas. É um livro duro, contém fortes denúncias, e pode pecar em diversas passagens por excessos. É escrito por uma cientista, que está visivelmente cansada de ver a ciência, que tanto pode servir a humanidade, ser voltada contra ela, e gerar tensões cada vez mais insuportáveis. Serve sem dúvida de alerta, e alertas sempre incomodam um pouco. Belíssima leitura. Prefácio de Ladislau Dowbor. Editora www.vozes.com.br



Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade de Nações – Ane Louette (Organizadora). São Paulo, WHH, 2009, 113 p.
O compêndio organizado por Anne Louette vem na sequência de outro volume, que apresentava as diversas metodologias utilizadas para avaliar a responsabilidade social e ambiental das empresas. No presente volume, o leitor encontrará um conjunto de notas técnicas sobre as novas metodologias de indicadores de desenvolvimento, por parte de Hazel Henderson, Jean Gadrey, José Eli da Veiga, Ladislau Dowbor, Lala Deheinzelin, Patrick Viveret, Rosa Alegria e Serge Latouche, e em sequência um apresentação sintética sobre o IDH, o FIB, a Pegada Ecológica, o bemestar das nações e outros, no conjunto 25 das principais metodologias utilizadas. Trata-se realemente de um instrumento de trabalho, de muita utilidade. ISBN 978-85-88262-16-4 Está disponível online em www.compendiosustentabilidade.com.br



Direitos Humanos, Democracia e República - Homenagem a Fábio Konder Comparato.
Maria Victória Benevides, Gilberto Bercovici e Claudineu de Melo (Orgs.) Editora Quartier Latin, São Paulo, 2009, 982 p.
O título diz tudo, pois nada como resgatar o conceito de democracia, numa visão ética, nesta era de desorientação generalizada. E a homenagem a Fábio Konder Comparato é mais que devida, e nos emociona, aos que trabalhamos ou cruzamos com ele nas div ersas dimensões das nossas vidas. Esta publicação volumosa reuniu quase cinquenta pessoas, que quiseram prestar a homenagem, e o fizeram da forma mais prática, trazendo as suas visões sobre os desafios éticos e políticos que enfrentamos. Nomes de primeira linha neste debate, como Rubens Ricúpero, Celso Lafer, Dalmo Dallari, Margarida Genevois, Fernando Haddad - só para citar alguns, trazem as suas visões. Trata-se de um excelente compêndio para debater a crise civilizatória que vivemos. O capítulo de Ladislau Dowbor, "Ética, Transparência e Democracia Econômica", traz a visão de que a própria economia deve ser democratizada, pois sermos cidadãos a cada dois anos apenas, depositando o voto na urna, já não é viável. ISBN 85-7674-390-6






Desafios do Consumo - Coletânea organizada por Ladislau Dowbor, Helio Silva e Ricardo Mendes Jr. - Ed. Vozes - 2007
O consumo, tradicionalmente estudado em economia e por áreas de administração como o marketing, afeta na realidade todos os setores de atividade. Hoje precisamos ver os impactos ambientais do consumo irresponsável, os resultados de um consumismo obsessivo sobre o bem estar das pessoas, as mudanças culturais que estão sendo geradas, problemas setoriais diferenciados como por exemplo a proteção das reservas de água doce e assim por diante. A presente coletânea reune um conjunto de visões - partindo das mais variadas disciplinas - sobre este poderoso estruturador das nossas sociedades que é o consumo. O capítulo de Ladislau Dowbor, "Consumo Inteligente", faz parte da abertura geral com Hazel Henderson e Juliet Schor, duas pesquisadoras de primeira linha no plano mundial.


Alternativas ao aquecimento global - Le Monde Diplomatique, IPF - 2007
O aquecimento global já não é assunto de especialistas, tornou-se uma questão planetária que exige mudanças nos processos produtivos, nos modos de consumo, no perfil energético, nas próprias formas de organização social e processos de decisão política. Este pequeno livro reune artigos nacionais e internacionais importantes. Trata-se do primeiro volume publicado pelo Le Monde Diplomatique no Brasil, junto com o Instituto Paulo Freire, e a idéia é ir publicando bons livros que abordam problemas chave do desenvolvimento, fornecendo material de pesquisa e estudo em particular para o mundo educacional. Contato www.paulofreire.org - O capítulo de Ladislau Dowbor é "Inovar em organização social". Esta e outras publicações, disponíveis em www.diplo.org.br, podem ser reproduzidas para efeitos científicos e didáticos sem fins lucrativos.




Administrando a água como se fosse importante– Ladislau Dowbor e Renato A. Tagnin (orgs.) – Editora Senac, São Paulo, 2005, 290 p.
O título é um pouco provocativo. No entanto, se considerarmos que morrem 4 milhões de crianças por ano por falta de acesso a água limpa, e que um bem tão essencial é simplesmente desperdiçado, justifica-se plenamente. Mas este livro não é sobre os dramas da água, sim sobre como administrá-la: temos boas leis ambientais, inúmeros diagnósticos, mas as coisas não andam. Na realidade, o uso inteligente da água exige ir além do Estado e do mercado, envolvendo pactuações e a organização de consensos entre os mais diferentes atores sociais. Aprender a administrar a água é em grande parte aprender a administrar a sociedade. O livro conta com a colaboração de 30 autores de primeira linha, e uma visão geral por Ignacy Sachs. Contato www.editorasenacsp.com.br ou editora@sp.senac.br.



Responsabilidade Social - Editora Educ, Pucsp, São Paulo, 2005, 276 p.
O trabalho de Paulo Rogério consiste numa excelente sistematização da discussão a respeito da responsabilidade social e ambiental das empresas, que o tornam uma leitura importante tanto para a academia como para o mundo empresarial e as ONGs que buscam dinamizar as novas tendências. O livro parte da experiência do Selo Empresa Cidadã, mas vai muito além. O prefácio de Ladislau Dowbor apresenta alguns eixos principais da discussão da responsabilidade social e ambiental da empresa. Uma resenha mais ampla encontra-se neste site sob “pesquisas conexas”. Contato www.pucsp.br/educ ou educ@pucsp.br.


Tecnologias Sociais: uma estratégia para o desenvolvimento, 2004 216 p.
O livro "Tecnologias Sociais: uma estratégia para o desenvolvimento", organizado pela Fundação Banco do Brasil em parceria com Sebrae, Finep, Petrobrás, Ipso, Pólis e uma série de outras instituições, constitui um esforço importante para se fazer uma ponte entre as políticas do governo federal, e as inúmeras iniciativas na base da sociedade promovidas por ONGs, por poderes locais, por parcerias com empresas e outras experiências. A versão eletrônica do livro pode ser obtida no site www.utopia.com.br/rts.net ou pelo tel. (61) 310.1969 – O capítulo que correspondeu a Ladislau Dowbor foi sobre sistemas locais de informação para a gestão social.


Desafios do Trabalho – Editora Vozes, Petrópolis, 2004 220 p.
O trabalho está mudando, não só na sua base tecnológica, mas nos vínculos, no sentido de realização que proporciona, nas formas de
remuneração e outras dimensões. Na linha dos outros livros já publicados (Desafios da Globalização, Desafios da Comunicação) procuramos trazer as visões de diferentes áreas científicas, com textos curtos onde se busca entender as novas tendências. O livro foi organizado por Ladislau Dowbor, Odair Furtado, Leonardo Trevisan e Hélio Silva. http://www.vozes.com.br


Trabalho e sociedade em transformação: mudanças produtivas e atores sociais – 2003, 221 p.
O livro de Márcia Leite vem ocupar um relativo vazio entre as grandes visões de transformação social e as análises excessivamente focadas no microcosmo empresarial. Partindo das mudanças sociais, navega pelas transformações dos processos produtivos, e analisa o impacto concreto de reorganização social que os novos processos de trabalho geram, desembocando em formas concretas e inovadoras de regulação social como as que foram desenvolvidas no Grande ABC, na periferia industrial de São Paulo. O texto de Ladislau Dowbor se limita às orelhas do livro, mas aproveitamos para divulgar o que é uma excelente leitura. Veja a resenha neste site sob “pesquisas conexas”.


Márcia de Paula Leite – Trabalho e sociedade em Transformação – Editora Fundação Perseu Abramo, São Paulo, 2003, 221 p. – ISBN 85-86469-88-2 - editora@fpabramo.org.br
Estados Unidos: A Supremacia Contestada – 2003 / 130 p.
Os Estados Unidos preocupam. Um grupo de pesquisadores organizou este balanço do que acontece com os Estados Unidos, com capítulos curtos sobre temas-chave como o meio ambiente, a dinâmica militar, as polarizações internas, as tendências econômicas e outros. É um livro para quem não acredita nem no eixo do bem, nem no eixo do mal, mas quer entender o que está acontecendo. Gostemos ou não, os EUA são, nesta fase, muito poderosos, e a sua dinâmica precisa ser conhecida por todos. Textos de Ladislau Dowbor, Octávio Ianni, Ricardo Mendes Antas Jr (orgs.), de Antônio Corrêa de Lacerda, José Arbex Jr, José Eduardo Faria, Leonardo Trevisan, Luiz Eduardo Wanderley, Luiz Pinguelli Rosa, Pedro jacobi e Renato Ortiz fazem desta edição da Cortez uma iniciativa que contribui bastante para os nossos conhecimentos. O 11 de setembro 2001 mudou muito mais do que o horizonte de New York. O capítulo de Ladislau Dowbor, “EUA: Novos Rumos?” está disponível neste site em “Artigos Online”.


O livro completo pode ser encontrardo em www.cortezeditora.com.br ou cortez@cortezeditora.com.br Estados Unidos: A Supremacia Contestada, Cortez Editora, São Paulo 2003 - ISBN 85-249-0959-5
Famiília: Redes,Laços e Políticas Públicas – 2003, 320 p.
Coletânea sobre a família, de grande interesse, pois passamos rapidamente da família ampla (o clã), para a família nuclear, e hoje nos EUA famílias com pai, mão e filhos representam apenas 26% do total. Com a mudança profunda desta unidade básica da sociedade, é a própria sociedade que muda. Temas como as “famílias enredadas”, “O jovem e o contexto familiar”, “metodologia de trabalho social com famílias”, “Famílias e políticas públicas” se sucedem nos 21 capítulos que apresentam uma visão de conjunto das transformações. O texto de Ladislau Dowbor, “A economia da família”, estuda a família como unidade de reprodução econômica: pais sustentam os filhos e os idosos, e serão por sua vez sustentados. Hoje, com a desarticulação da família, fragilização do Estado e privatização dos serviços sociais, é o próprio processo de redistribuição do excedente social entre gerações que se vê prejudicado.


Família: Redes, Laços e Políticas Públicas, organizado por Ana Rojas Acosta e Maria Amalia Faller Vitale – IEE/PUCSP, São Paulo 2003, 320 p. iee@pucsp.br O capítulo de Ladislau Dowbor está disponível neste site sob “Artigos Online
As novas fronteiras da desigualdade: homens e mulheres no mercado de trabalho – Margaret Maruani e Helena Hirata (orgs.) – Editora Senac, São Paulo 2003 (Prefácio: Ladislau Dowbor)
Trata-se de uma coletânea que apresenta os desequilíbrios de gênero no mundo de trabalho, comparando países como Italia, França, Inglaterra, Alemanha, Espanha e outros. O livro já foi traduzido em várias linguas, e para esta edição foi feito um excelente estudo da situação do Brasil, por Cristina Bruschini e Maria Rosa Lombardi. Helena Hirata, que tão bem conhece este assunto, contribui com uma apresentação e um artigo em co-autoria. De certa maneira, constata-se no conjunto dos estudos apresentados uma grande evolução da mulher na área profissional, mas mal acompanhada pelas necessárias mudanças institucionais, jurídicas e de valores.



Boa vontade existe: como organizá-la?
Junho 2002 – 20 p.

Capítulo do livro "Voluntariado e a Gestão das Políticas Sociais", organizado por Clotilde Perez e Luciano Prates Junqueira, coletânea que envolve uma largo leque de autores, de Aldaiza Sposati a Ruth Cardoso, fazendo o ponto da situação e das tendências do voluntariado. Já houve tempos em que voluntariado era um pouco do tipo chá da tarde com roupinhas para pobre. Hoje trata-se de um dos elementos importantes que diversificam o universo do trabalho. O livro foi editado no final de 2002 pela editora Futura, São Paulo, 390 p. – futura@siciliano.com.br


Novos Contornos da Gestão Local: Conceitos em Construção – Peter Spink, Silvio Cacciabava e Veronika Paulics (orgs.) – São Paulo, Polis/Programa Gestão Pública e Cidadania, 2002, 335 p.
Trata-se de uma obra de fôlego, publicada com apoio da Fundação Ford e do BNDES, sobre problemas chave da gestão local, partindo da análise de experiências concretas de sucesso. Depois de uma abertura de Francisco de Oliveira, o texto examina temas como a mobilização das capacidades locais de racionalização da gestão social, a construção de alianças e parcerias, consórcios intermunicipais, organização de processos participativos e assim por diante. Colaboram Francisco de Oliveira, Ladislau Dowbor, Silvio Cacciabava, Peter Spink, Evelyn Levy, Maria do Carmo Cruz, Caio Silveira, Cunca Bocayuva, Tânia Zapata, José Carlos Vaz, Jorge Kayano e Eduardo Caldas, além da AGENDE (Ações em Gênero, Cidadania e Desenvolvimento).




quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O dualismo eleitoral


Por Ricardo Antunes

Se a Bolsa Família é exemplo do mais puro assistencialismo, ela fez os "programas sociais" de FHC assemelharem-se a esmola dada ao final da missa

Terminou o processo eleitoral pautado pelo dualismo eleitoral, sem empolgação e exíguo em emoção. Resumido a uma disputa entre os dois blocos da ordem: de um lado, postava-se o tucanato desencantado e fraturado; de outro, o lulismo em alta, empurrado pelo líder, forçando para além do limite que a imagem da criatura fosse associada ao seu criador.

Na base, os capitais poderosos encontram-se ancorados em porto seguro, com a certeza de que, qualquer que fosse o resultado, a fonte do saque estaria preservada.

A eleição era, enfim, uma disputa definida pelos embalos do marketing -"ciência" que os capitais tão bem conhecem.

Por fora desse espectro, mais de 36 milhões de eleitores optaram pela abstenção ou pelo voto nulo ou em branco, numa manifestação multiforme, eivada de significação.

Foi também como escoadouro desse descontentamento que Marina decolou. Mas não sem assumir a questão ambiental sem tocar em nenhum ponto essencial, visando sempre acomodar e nunca atritar.

Posição que não poderia ser assumida por Plínio, uma vez que sua campanha dizia o que precisava ser dito sem fazer qualquer concessão midiática, herdando uma pequena, mas qualitativa, parcela do voto dissidente.

Dotados de uma programática muito assemelhada, a campanha não poderia ser diferente no segundo turno. Superavit primário, alta remuneração dos juros, política de estabilização monetária, incentivo ao grande capital, tudo isso era consensual no dualismo eleitoral.

Se FHC criou o Plano Real, Lula o continuou. Se o tucanato sempre remunerou os capitais, Lula, tal qual um Bonaparte, incrementou-os, levando até o agronegócio aos céus e deixando a REFORMA AGRÁRIA no purgatório. Suas diferenças estavam, no fundo, pautadas pela intensidade da privatização e pelo elitismo do assistencialismo.

Se o primeiro governo Lula causou inveja ao tucanato, pelo arrocho realizado (basta pensar na taxação dos aposentados e nas "parcerias público-privadas"), foi na disputa eleitoral para a reeleição, em 2006, que uma jogada de marketing no comando da campanha lulista descobriu que a população estava exaurida, cheia de privação decorrente da privatização.

E fez dessa máxima não só a pedra de toque da vitória da reeleição contra Alckmin como da virada de Dilma sobre Serra. O tucanato, associado até a alma ao privatismo, não imaginava que a população pudesse dar o troco que deu.

Isso sem falar no fato de que, se a Bolsa Família é exemplo do mais puro assistencialismo, no seu aspecto puramente quantitativo, ela fez os "programas sociais" de FHC assemelharem-se a esmola distribuída aos pobres ao final da missa.

E, ainda, se o salário mínimo de Lula é um acinte para país que quer ser economia avançada, comparado ao de FHC ele se infla e exacerba o vilipêndio que o tucanato fez com o salário dos trabalhadores.

Por fim, deve-se acrescentar, pela importância que teve na eleição, que, durante a crise financeira, Lula acelerou o peso do Estado como forte antídoto, criando no imaginário popular a falaciosa ideia de que seu governo foi mais intervencionista do que de fato o foi.

Mas quando, com calma, se puder melhor compreender o reinado de Lula, seu primeiro mandato não poderá ser colocado debaixo do tapete.

Para concluir, vale recordar que são mesmo curiosas as similitudes e diferenças entre FHC e Lula: aquele terminou em alta o primeiro mandato e borrou-se no segundo; com Lula, deu-se o exato inverso.

RICARDO ANTUNES é professor titular de sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e autor de "A Desertificação Neoliberal no Brasil" (Autores Associados), dentre outros títulos.

Fonte: Jornal Folha de São Paulo (10.11.2010)