
FÁBIO TAKAHASHI - DE SÃO PAULO
Uma das inspirações para a rede de ensino paulista e de outros  Estados, o programa de Nova York de pagamento de bônus por desempenho a  professores será cancelado.
A decisão foi anunciada nesta semana, após estudo indicar que escolas  participantes não tiveram desempenhos superiores às que ficaram fora. A  pesquisa analisou os dados dos colégios desde o início do projeto  (2007-2008).
O modelo de Nova York é semelhante ao da rede estadual de São Paulo, de  2008: são estabelecidas metas para cada escola, em que há grande peso  para desempenho dos alunos nas avaliações; os profissionais dos colégios  que alcançam o objetivo recebem dinheiro adicional.
O estudo em Nova York aponta que o sistema não mudou as práticas  docentes. Uma das conclusões é que o professor que recebe bônus entende  que apenas foi recompensado pelo esforço que sempre teve -e não que  tenha buscado melhorar.
“A medida lá certamente terá impacto aqui. As redes vão parar e pensar”,  diz Maria Helena Guimarães de Castro, secretária de Educação da gestão  José Serra (PSDB), responsável pela adoção da medida em São Paulo.
Neste ano, a rede paulista pagou bônus a servidores de 70% dos seus colégios, num gasto de R$ 340 milhões.
Maria Helena afirma que ainda precisa analisar melhor a decisão tomada  em Nova York. “Outras redes, como a de Washington, reforçaram a política  de bônus.”
A Secretaria da Educação de SP afirmou, em nota, que estuda aperfeiçoar  seu sistema, que poderá considerar o esforço de cada escola e aspectos  socioeconômicos.
O secretário estadual de Educação do Rio, Wilson Risolia, disse que,  antes de implementar a política, a pasta revisou estudos para verificar  erros e acertos. “Esse de Nova York diz que muitos professores não  entenderam como o bônus é distribuído. Nós fizemos decreto, resolução e  cartilha explicando.”
FIM DO BÔNUS
Coordenadora do Instituto Ayrton Senna, Inês Kisil Miskalo diz que o  pagamento por bônus deve ser abolido, para que os recursos sejam  canalizados a outras ações. “É mais importante dar condição ao professor  para ele ler, ir ao teatro, fazer um bom curso.”
“A ideia de que o sistema de incentivos pode ser decisivo por si só  sempre me pareceu otimista demais”, diz o economista e especialista em  educação Gustavo Ioschpe. Para ele, o foco deve ser melhorar o preparo  do docente.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
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