Nesta semana, com a votação da continuidade de greve, me pergunto: o
que faremos? O próprio fax urgente que informou que com 20 mil
professores ( um pouco mais) , a assembléia decidiu pela continuidade da
greve. Desta vez com pessoas votando contra a continuidade da greve e
outras se abstendo. Estaríamos numa assembléia com 5% do total de
professores do Estado de São Paulo? O que precisamos entender é que; num
movimento grevista é necessário combinar aspectos quantitativos com
qualitativos. Mas sem o quantitativo o processo fica parado.Estou falando de números.
Mas a questão ainda é: o que fazer? Precisamos admitir, fomos
enfiados em meio a um combate antigo, o combate partidário. A
polarização PT x PSDB abriu as portas para a greve de 2015 ( com ato
unificado no dia 13 da CUT e outro reunindo milhares no dia 15 de
março). Lembrando que as forças que compunham o ato do dia 15 de março
representam o que existe de mais reacionário no cenário político. Num
desfile de horrores, encontramos, por exemplo, defensores da volta da
ditadura militar. Necessário lembrar que as catracas do Metrô foram
liberadas, demonstrando o apoio do PSDB a tal ato.
Os tucanaços esfriaram, mas a disputa PT X PSDB não. Alckmin se tornou um incansável repetidor do mantra: é uma greve corporativista e política
( afirmando que se tratava de um ato do PT contra o PSDB). O PSDB
convocou o seu boca de aluguel predileto, Reinaldo Azedo, para falar da
greve. Inspirando uma resposta ampla da Presidente do Sindicato para a
questão. No entanto, nós professores saímos perdendo. O Sindicato não
fez uma leitura correta do poder do PSDB pelo Estado de São Paulo.
Municípios com votação massiva em Alckmin, localidades que a greve nem
passa perto. Outrora, o Sindicato deixou de construir a greve não
estando em greve, enquanto o PSDB está em campanha constante.
Apesar do caça Alckmin surtir um efeito interessante, ele utilizou a
mídia como um escudo a seu favor. Podemos ver tal situação na reportagem
veiculado pelo G1 hoje.
Com o mesmo mantra: “dei 45% de aumento, dei bônus etc.” Do outro lado,
a APEOESP não consegue construir uma campanha que tramite fortemente
entre os meios populares, a fim de, tornar a pauta da greve algo
compreensível a população. Na guerra da comunicação, Alckmin sai
vitorioso.
Levar a greve mais uma semana é uma irresponsabilidade e chegar a ser tragicômico. Ouvirmos um dirigente sindical dizer: “ construiremos a maior greve da história” ( como se fosse uma corrida maluca por uma greve longa). Ouvimos também: “precisamos mudar nosso grito de guerra por resistência, ao invés de continuar com o “não tem arrego”. Pior é ouvir a Bebel desafiar a minha inteligência dizendo: por que esta queda de braços? Poderíamos ser poupados deste tipo de bobagem.
A greve foi enterrada e levada até as últimas consequências em termos
de tempo para gerar desgaste ao governo PSDB. A maioria de nós não
entrou por este motivo, muitos acreditavam num processo de luta da
categoria dos professores, no entanto, ficou mais do que evidente que a
rejeição da pauta apresentada pelo Secretário, era uma maneira de
prolongar a greve até as últimas consequências. Não senhores, não
estamos numa corrida maluca para caçar tucanos. Fato.
Óbvio que existe um sentimento de nada ganhamos e por isso não tem
arrego. Militantes que construíram a greve até aqui e estão sem salário
neste mês e, possivelmente no próximo acreditam que levar esta greve
até o fim é necessário. Queria dizer aos senhores: a derrota é eminente,
mas não a derrota dos professores. Como assim VH? Não foi nossa
derrota, precisamos colocar nos ombros a culpa de quem é a culpa. Sem
medo de errar, afirmo: a culpa é da direção majoritária do Sindicato e a
corrente que a compõe, são estes que precisam levar a culpa nos seus
ombros. Não podemos dizer que as correntes de esquerda incorporam esse
derrotismo por chamar recuo. Pelo contrário, foram as esquerdas que
construíram esta greve. Foram as subsedes ligadas aos grupos de oposição
que fizeram a greve caminhar.
A condução dessa greve, pela direção do Sindicato, foi um show de
horrores táticos. Basta lembrar o Leandro e a Nilcéia gritando:”Aparecido, aparece.”
Quem foi e/ou ouviu as falas da ultima assembléia, percebeu que os
dirigentes estão perdidos, sem propostas, sem linha de ação, sem nada a
fazer. Migalhas devem cair da mesa do governador e teremos que engolir.
(infelizmente)
No entanto, esse processo desastroso poderá nos conduzir a um novo
formato de organização, o qual priorize pela formação politica, pela
construção de movimentos sem estarmos em greve e, particularmente, pela
construção de laços de solidariedade entre professores. Todo poder ao
novo. Força aos que lutam.
Fonte: https://fabricadeconceitos.wordpress.com/2015/05/30/quando-a-greve-se-torna-uma-corrida-maluca-o-que-fazer/
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