sábado, 30 de maio de 2015

Quando a greve se torna uma corrida maluca. O que fazer?


Nesta semana, com a votação da continuidade de greve, me pergunto: o que faremos? O próprio fax urgente que informou  que com 20 mil professores ( um pouco mais) , a assembléia decidiu pela continuidade da greve.  Desta vez com pessoas votando contra a continuidade da greve e outras se abstendo. Estaríamos numa assembléia com  5% do total de professores do Estado de São Paulo? O que precisamos entender é que; num movimento grevista é necessário combinar aspectos quantitativos com qualitativos. Mas sem o quantitativo o processo fica parado.Estou falando de números.
Mas a questão ainda é: o que fazer? Precisamos admitir, fomos enfiados em meio a um combate antigo, o combate partidário. A polarização PT x PSDB abriu as portas para a  greve de 2015 ( com ato unificado no dia 13 da CUT e outro  reunindo milhares no dia 15 de março).  Lembrando que as forças que compunham o ato do dia 15 de março representam o que existe de mais reacionário no cenário político. Num desfile de horrores, encontramos, por exemplo,  defensores da volta da ditadura militar. Necessário lembrar que as catracas do Metrô foram liberadas, demonstrando  o apoio do PSDB a tal ato.
Os tucanaços esfriaram, mas a disputa PT X PSDB não. Alckmin se tornou um incansável repetidor do mantra: é uma greve corporativista  e política ( afirmando que se tratava de um ato do PT contra o PSDB). O PSDB convocou o seu boca de aluguel predileto, Reinaldo Azedo,  para falar da greve. Inspirando uma resposta ampla da Presidente do Sindicato para a questão. No entanto, nós professores saímos perdendo. O Sindicato não fez uma leitura correta do poder do PSDB pelo Estado de São Paulo. Municípios com votação massiva em Alckmin, localidades que a greve nem passa perto. Outrora, o Sindicato deixou de construir a greve não estando em greve, enquanto o PSDB está em campanha constante.
Apesar do caça Alckmin surtir um efeito interessante, ele utilizou a mídia como um escudo a seu favor. Podemos ver tal situação na reportagem veiculado pelo  G1  hoje. Com o mesmo mantra: “dei 45% de aumento, dei bônus etc.” Do outro lado, a APEOESP não consegue construir uma campanha que tramite fortemente entre os meios populares, a fim de, tornar a pauta da greve algo compreensível a população. Na guerra da comunicação, Alckmin sai vitorioso.
Levar a greve mais uma semana é uma irresponsabilidade e chegar a ser tragicômico. Ouvirmos um dirigente sindical dizer: “ construiremos a maior greve da história” ( como se fosse uma corrida maluca por uma greve longa). Ouvimos também:  “precisamos mudar nosso  grito de guerra por resistência, ao invés de continuar com o “não tem arrego”.  Pior é ouvir a Bebel desafiar a minha inteligência dizendo: por que esta queda de braços? Poderíamos ser poupados deste tipo de bobagem.
A greve foi enterrada e levada até as últimas consequências em termos de tempo para gerar desgaste ao governo PSDB. A maioria de nós não entrou por este motivo, muitos acreditavam num processo de luta da categoria dos professores, no entanto, ficou mais do que evidente que a rejeição da pauta apresentada pelo Secretário, era uma maneira de prolongar a greve até as últimas consequências.  Não senhores, não estamos numa corrida maluca para caçar tucanos. Fato.
Óbvio que existe um sentimento de nada ganhamos e por isso não tem arrego. Militantes que construíram a  greve até aqui e estão sem salário neste mês e, possivelmente no próximo acreditam que levar esta greve até o fim é necessário. Queria dizer aos senhores: a derrota é eminente, mas  não a derrota dos professores. Como assim VH?  Não foi nossa derrota, precisamos colocar nos ombros a culpa de quem é a culpa.  Sem medo de errar, afirmo: a culpa é  da direção majoritária do Sindicato e a corrente que a compõe, são estes que  precisam levar a culpa nos seus ombros.  Não podemos dizer que as correntes de esquerda incorporam esse derrotismo por chamar recuo. Pelo contrário, foram as esquerdas que construíram esta greve. Foram as subsedes ligadas aos grupos de oposição que fizeram a greve caminhar.
A condução dessa greve, pela direção do Sindicato,  foi um show de horrores táticos. Basta lembrar o Leandro e a Nilcéia gritando:”Aparecido, aparece.”
Quem foi e/ou ouviu as falas da  ultima assembléia, percebeu que os dirigentes estão perdidos, sem propostas, sem linha de ação, sem nada a fazer. Migalhas devem cair da mesa do governador e teremos que engolir. (infelizmente)
No entanto, esse processo desastroso poderá nos conduzir a um novo formato de organização, o qual priorize  pela formação politica, pela construção de movimentos sem estarmos em greve e, particularmente, pela construção de laços de solidariedade entre professores. Todo poder ao novo. Força aos que lutam.
Fonte: https://fabricadeconceitos.wordpress.com/2015/05/30/quando-a-greve-se-torna-uma-corrida-maluca-o-que-fazer/

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