sábado, 13 de agosto de 2011

Professores não pensam só em salário!


Por Amanda Gurgel
Vocês viram as lamentáveis e ofensivas declarações do vereador da cidade paulista de Jacareí, Dario Burro (DEM), feitas no início do mês pelo Facebook contra os profissionais da educação? Eu fiquei revoltada! Em vários posts na rede social, o vereador fez as seguintes afirmações: “Os professores são inúteis e adoram palestras nas escolas. Assim eles não precisam dar aulas. Professor só pensa em salário. Professor é um profissional frustrado que descarrega a frustração nos estudantes. O professor gostaria de ser Engenheiro, não consegue e vai dar aula de Matemática; outro queria ser Advogado, não consegue e vai dar aula de Português; outro queria ser Médico e vai dar aula de Biologia.”. Como se não fosse o bastante, o vereador Dario Burro ainda declarou outro absurdo numa entrevista: “Eu vejo que é muito grave a falta de resultado na educação, existem recursos, esses recursos são aplicados, a gente tem uma estrutura e o professor não produz.”.
Todas as afirmações deste vereador mostram exatamente o valor que os governos dão, de forma direta ou indireta, aos profissionais da educação. Mais do que isso. Desrespeito e mentiras agora viraram uma regra contra os professores, já que nós resolvemos dar um basta em toda essa situação de abandono da educação por parte do poder público. Ao contrário do que diz o vereador Dario Burro, nós não pensamos apenas em salário. Isso não é verdade. É óbvio que os trabalhadores lutam para melhorar seus salários, mesmo porque estes são muito baixos e não suprem todas as necessidades, muitas vezes nem as mais básicas. O vereador com certeza ignora que a maioria dos professores precisa de jornadas duplas ou triplas para poder multiplicar o salário e sobreviver. Na verdade, quem só pensa em salário são os políticos. Ou o vereador esqueceu que no início do ano ministros, parlamentares e a presidente da República tiveram seus salários elevados para quase R$ 27 mil?! Enquanto isso, os trabalhadores amargam um mínimo de R$ 545. Então, quem é que gosta mais de dinheiro, hein?!
Todo professor quer muito mais do que um salário que lhe garanta dignidade. Todo professor quer que a educação funcione bem, com profissionais suficientes, qualificados, com material didático e estrutura adequada nas escolas. Quer refeitórios, bibliotecas, laboratórios de informática. Mas isso os governos não garantem em lugar nenhum do Brasil. Pelo menos não totalmente, o que só prova que, de fato, o país não faz grandes investimentos em educação. E não faz por quê? Porque 49% do Orçamento Geral da União são destinados para pagar os juros da dívida pública a banqueiros nacionais e internacionais. Ou seja, em 2010, o governo Lula entregou quase metade do orçamento do país para os ricos. Em contrapartida, a educação recebeu apenas 2,49%. E Dilma este ano já cortou R$ 3 bilhões do setor. Como é possível, então, que o vereador de Jacareí diga que os recursos existentes são aplicados e que as escolas possuem estrutura?! Uma mentira deslavada.
É justamente por não termos muitos recursos destinados para a educação que estamos em campanha pela aplicação imediata de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor e contra o PNE do governo Dilma, que não atende às reivindicações de professores, funcionários e estudantes. Por isso, uma grande Marcha a Brasília está marcada para o dia 24 de agosto, com o objetivo de cobrar do governo o investimento de 10% do PIB Já para a educação. A atividade vai reunir professores, funcionários de escolas, estudantes e provar que as lutas e as greves ocorrem não só por salário, mas também em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos.
Por fim, gostaria de dizer que professores não são inúteis, como pensa o vereador Dario Burro. Inúteis são os políticos que hoje governam estados, municípios e o país, pois destroem os serviços públicos, retiram direitos dos trabalhadores e ainda nos humilham com injúrias e salários miseráveis. Estes políticos, da mesma estirpe do vereador de Jacareí, é que são absolutamente dispensáveis.
Fonte: http://professoraamandagurgel.blogspot.com

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