terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O problema é que eles estão vivos e soltos na "natureza"

O problema não é o pinus que substitui a mata nativa e sim  os macacos que se alimentam de pinus para não morrer de fome!! 

Dirceu Portugal/Gazeta do Povo / Animal em reabilitação integra programa de educação ambiental da Klabin

Macaco-prego ataca florestas de pinus
Pesquisadores tentam encontrar formas de deter invasões, consequência da falta de alimentos para o primata em florestas nativas

O macaco-prego, um bichinho ágil e inteligente, descobriu no pinus uma fonte de alimento no inverno. O hábito, que teve os primeiros registros nos anos 50 no Brasil, se intensificou na última década e tem provocado dor de cabeça entre os silvicultores. O ataque chega a causar a morte da árvore e, para um setor que de­­pende da produtividade das florestas plantadas, o primata, que pesa menos de 4,5 quilos, vi­­rou um inimigo.
Mas, nem por isso, o controle pode ser feito sem critérios. O abate, por exemplo, é crime am­­biental. “O macaco-prego é natural da Mata Atlântica e não pode ser chamado de praga para a silvicultura”, afirma o biólogo e su­­pervisor de Gestão Sócio-Am­­biental da Remasa, em Bituruna, Dieter Liebsch.
O Paraná tem 12% de mata nativa, segundo o Instituto Para­­naense de Desenvolvimento Eco­­nômico e Social (Ipardes), e é nes­­sa faixa que as famílias de macaco-prego vivem. Entre os meses de maio e novembro, como lembra Liebsch, falta alimento na floresta nativa e os bichos saem em busca de comida. Para não cor­­rer o risco de ser caçado por uma jaguatirica, o primata evita atravessar a floresta pelo chão. Eles pulam de galho em galho até alcançar o terço superior dos pinus.
A casca do pinus é arrancada com os dentes pelo macaco-prego. Seu objetivo é degustar a seiva, que circula pelo caule para levar alimento à planta. “A retirada da casca pode ser parcial, onde ele retira apenas uma lasca, comumente chamada de janela, ou total, quando o descascamento se dá ao longo de toda a circunferência do caule, causando um anelamento”, acrescenta Liebsch. O biólogo explica que o anelamento é o mais prejudicial ao pinus, pois mata a copa da árvore ou fragiliza a planta, que se torna porta de entrada para pragas florestais, como a vespa da madeira.
Árvores com mais de 4 anos são as preferidas dos primatas. Como o corte florestal pode ocorrer entre 6 e 14 anos, conforme o uso da matéria-prima, o ataque compromete a qualidade e o desenvolvimento da planta. Os danos podem ser vistos claramente em florestas já formadas. Árvores secas entre e fileiras irregulares denunciam as perdas de produvidade causadas pela invasão do primata.

Especialistas tentam entender bandos e medir prejuízos
A série de motivos que leva o macaco-prego a invadir as florestas de pinus ainda está sendo decifrada pelos pesquisadores, bem como os prejuízos causados pelos bandos. O trabalho tem sido mais difícil do que se imaginava.
No caso do projeto Desenvol­vi­­­mento de Propostas de Ma­­nejo para Minimizar os Danos Causa­dos pelo Macaco-Prego a Plan­­tios Flo­­restais, coordenado pela pesquisadora Sandra Bos­­mikich (Embrapa Florestas), os esforços começaram há nove anos. O estudo, relata San­­dra, começou a partir de uma de­­manda do setor produtivo e hoje engloba não so­­mente o Paraná, mas Santa Ca­­tarina e, futuramente, o Rio Gran­­de do Sul e São Paulo, que também re­­gistram ataques.
“Nós vemos o macaco-prego com muita preocupação”, afirma o presidente do Conselho Deli­bera­­ti­­vo da Associação Paranaen­se de Em­­presas de Base Florestal (Apre), Gil­­son Gero­nasso. Ele é admi­­nistrador da Re­­masa Reflo­­restadora, em Bituru­­na, na região Sul do estado.
“Já fizemos uma pré-análise na empresa e notamos que as ár­­vores, em sua grande maioria, não chegam a morrer, mas perdem a capacidade de produzir mais. Esse es­­tresse gerado na planta é propício para o ataque da vespa da madeira”, aponta.
Em Santa Catarina, a situação é semelhante. “Estamos fazendo o balanço e não temos dados concretos sobre isso (os prejuízos)”, lembra o presidente da Associa­ção Ca­­tarinense de Empresas Flo­­res­tais, Epitágoras Oliveira Costa.
Novos hábitos
O su­­pervisor de Gestão Sócio-Am­­­­biental da Remasa em Bituruna, Dieter Liebsch, lembra que o preocupante é que os hábitos desenvolvidos pelos primatas são repassados de geração em geração. Os macacos-pregos são considerados os mais inteligentes entre os primatas. Eles até utilizam pedras como fer­­ra­men­tas. 
Para o biólogo, o novo com­­por­tamento se explica mais pela inteligência do animal, que busca as áreas com alimentação farta, do que com o desmatamento das florestas originais. Os bandos podem ter descoberto que é mais fácil encontrar alimentação nas florestas de pinus do que nas ma­­tas nativas.

Saída tem sido garantir fruta e canela para animais
Os primeiros ataques de macacos-pregos na reserva florestal da Klabin no Paraná, que tem 65 mil hectares só de pinus, aconteceram em meados de 2003. Antes mesmo de saber o tamanho do prejuízo, os técnicos da Klabin, com a assessoria da Embrapa Florestais, tomaram algumas providências. A tática, por enquanto, resume-se em garantir frutas frestas aos animais.
A responsável pela sustentabilidade florestal da empresa, Ivone Satsuki Namikawa, afirma que a Klabin aumentou os aceiros (corredores) entre a floresta nativa e a plantada, para dificultar a passagem dos macacos-pregos, e plantou árvores frutíferas em regiões de matas nativas para reforçar a alimentação dos bichos e fixar a residência dos primatas.
Segundo o supervisor florestal da Klabin Sérgio Adão Filipaki, entre as espécies plantadas estão a figueira, a canela e a araucária. Originalmente, o macaco-prego come esse tipo de vegetação. 
A bananeira, que dá o fruto característico da alimentação dos primatas, não pode ser plantada porque não é original da Mata Atlântica, como explica Ivone.
Num rápido passeio pela área de reserva florestal da Klabin, em Telêmaco Borba, é possível ver pinus com a copa cinza porque a espécie foi atacada pelos animais. “Algumas áreas tiveram ataques leves e outras severos”, comenta Ivone. 
Ela esclarece que o dano, no entanto, não é significativo. “Não chegamos a um balanço sobre os prejuízos, mas sabemos que ele é insignificante em relação à produção”, diz.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/

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