A luta dos trabalhadores: da educação aos garis, exemplos a serem seguidos.
As lutas travadas contra o capital nas ruas, a partir de junho do ano passado, assumiram desdobramentos fundamentais. No Rio de Janeiro, por exemplo, com o início da greve dos professores, foi possível colocar em cheque o projeto de privatização implantado pelo governo. Agora, com a greve dos trabalhadores da COMLURB, inaugurou-se outro processo também muito importante: a luta independente dos trabalhadores.
Sem pelegos, contra a exploração, os trabalhadores garis dobraram o governo, empresários e os burocratas do sindicato, numa greve dura e combativa! Aguardaram uma nova negociação na porta do tribunal do trabalho. As manobras do governo não foram poucas, e o uso da força não deu certo. Perder o medo e não dar ouvidos a todo tipo de gente que se colocava com um discurso derrotista foi o grande acerto. Nem a pressão do governo em tentar demitir os grevistas deu certo, eles não recuaram. Avançaram sempre. Desse momento em diante, a questão se tornou um problema para o prefeito e o governo estadual com sua polícia. Claro que essa manobra colocaria o Governo do Estado fora da linha de visão do movimento, porém, novamente, os governos erraram e os trabalhadores apontaram que não se sentem mais sozinhos e estão com força para seguirem o seu caminho.
Pela forma como conduziram a luta, qualquer comparação será no mínimo equivocada. Eles assumiram para si o ônus e o bônus de sua luta, não esperaram nenhum apoio, embora apoios tenham aparecido. Isso só foi possível pela própria experiência das jornadas de junho, da radicalização dos movimentos contra a corrupção e a culminância na greve histórica dos trabalhadores da educação do Rio de Janeiro.
Dessa forma, qualquer comparação entre os encaminhamentos dos movimentos dos garis e dos professores do RJ seria cair em um grande erro de avaliação. Não podemos deixar de nos lembrar que o povo está sendo aos poucos educado politicamente pelas manifestações de junho, pela greve dos professores, e das outras categorias que saíram em luta contra a privatização da saúde, dos campos de petróleo, da educação. É através das lutas que colocaremos os governos contra a parede. Enquanto não entendermos que a luta não é corporativa e deve ser ganha passo a passo, estaremos à mercê do sistema. Entendamos que os GARIS mereciam ter vitória total, tal como todas as outras categorias, porém, além de não se intimidarem souberam usar da estratégia oferecida pelo momento, e a usaram a seu favor.
Não é uma questão de merecer ganhar tal ou qual salário, de terem mais ou menos estudos (lembrem-se que muitos tem curso superior ou fazem faculdades. E os que não têm são tão dignos quanto os outros, já que por qualquer motivo não puderam ou não quiseram seguir os estudos). Eles foram não só um exemplo de luta, mas de dignidade, de honradez. Aprendamos com o exemplo desses bravos companheiros. Reclamar não adianta, porém lutar sem medo resolve. Não nos esqueçamos de um ponto bastante importante para nós, como é meu caso, que lutamos em alguma frente da educação: “RICO” usa o ensino particular, mas nossos filhos estudam nas escolas públicas.
Como podemos esquecer isso e não entendermos que todos devem ter direito e acesso ao ensino público e gratuito de qualidade? O erro está em não se discutir a questão da privatização da educação, o desvio de verbas, que não permite investimentos nos profissionais, em estrutura e construção de mais unidades. O APRENDIZADO NÃO EXISTE, E QUANDO EXISTE É PURO MARKETING. A FALÁCIA DA INCLUSÃO SOCIAL É APENAS FALÁCIA, PORQUE NA VERDADE QUER-SE “ECONOMIZAR” COM O FUNDAMENTAL E VER O SER HUMANO COMO UMA COISA QUE PODE SER DESCARTADA OU TEREM REDUZIDAS AS SUAS CONDIÇÕES BÁSICAS ENQUANTO CONTINUAM NOS TRATANDO COMO CIDADÃOS DE 2ª. CATEGORIA. CERTAMENTE NÃO NOS BASTAM AS MIGALHAS. Não entendermos o significado disso é não ganhar força de combate para conquistar vitórias. Não é algo fácil sem envolvimento de todos. É isso ou choramingar em travesseiro quente. É preferível a luta. Pelo menos é uma forma digna de gritar, e assegurar nossa dignidade.
A grande questão é sair da nossa área de conforto, abandonar medos, cansaços, desgastes… Esses são elementos básicos para a derrota certa. Quando nos deixamos números e estatísticas dominarem o nosso mundo, passamos a fazer parte dele e deixaremos de ser pessoas para sermos estatísticas de qualquer coisa que eles nos façam acreditar que somos, para que depois possam nos dominar mais facilmente. CHEGAAAA!!!!! Acreditar em porcentagens, números, estatísticas, governos e seu judiciário, é aceitar suas imposições e pressões. NÃO SOMOS FANTOCHES DELES. OU PARTIMOS PARA A LUTA DE VERDADE, COMO NOS ENSINOU OS GARIS, OU NOSSO FIM SERÁ O MURO DAS LAMENTAÇÕES.
A Luta dos garis teve muito menos visibilidade do que a dos profissionais da educação no Rio de Janeiro, mas uma coisa foi fundamental para a sua vitória: CORAGEM DE DESAFIAR O PODER ACIMA DE QUALQUER PRESSÃO. Agora a pergunta que não se cala: Seria isso possível também sem a experiência deixada pelas lutas desde as jornadas de junho, até a luta dos educadores?
Por: Mauro Nunes – Coletivo Socialistas Livres – Rio de Janeiro
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