Mapa da Mesopotâmia (terra entre os rios Tigre e Eufrates) |
A economia da Mesopotâmia
baseava-se principalmente da agricultura, mas os povos da região
desenvolveram também a criação de gado, o artesanato, a mineração e um
ativo comércio à base de trocas que se estendia à Ásia Menor, ao Egito e
à Índia. Já a Fenícia carecia de irrigações, o que dificultou a
agricultura nessa região, mas ela possuía o Mediterrâneo ao seu favor, e
isto lhe bastou para se lançar ao mar e desenvolver um astuto comércio
com outros povos.
Os fenícios assimilaram as
culturas do Egito e da Mesopotâmia e as estenderam por todo o
Mediterrâneo, do Oriente Médio até as costas orientais da península
ibérica. Necessitando registrar, ou gravar de alguma forma seus
negócios, os fenícios adaptaram a escrita cuneiforme criada pelos
sumérios e acabaram deixando o maior legado que foi um alfabeto do qual
derivam os caracteres gregos e latinos. Veremos a seguir um pouco das
marcas que estão presentes até hoje em vários aspectos da nossa
sociedade deixadas pelos Sumérios e, consequentemente, pelos Fenícios.
OS SUMÉRIOS
Mapa da Suméria com destaque para as principais cidades |
Além da
água e comida encontradas em abundância na região, outro fator que
explica a sedentarização dos Sumérios era a segurança com que viviam na
Mesopotâmia, pois aquela área é cercada por algumas cadeias montanhosas
ao norte e à oeste, pelo Golfo Pérsico ao sudoeste, e pelo deserto da
Síria ao sul e leste. Isso os dava uma grande proteção a ataques de
outros povos que viviam nas proximidades dali.
Zigurate |
O povo sumério é responsável
pelos primeiros templos e palácios monumentais e pela fundação das
primeiras cidades-estado. Para se ter uma idéia, os sumérios eram
excelentes arquitetos e construtores, desenvolveram os zigurates. Estas
construções eram em formato de pirâmides e serviam como locais de
armazenagem de produtos agrícolas e também como templos religiosos.
Construíram várias cidades importantes como, por exemplo: Ur, Nipur,
Lagash e Eridu.. Tudo no período de 4000 anos a.C. a 1900 a.C., depois
disso a Suméria entrou em declínio, sendo absorvida pela Babilônia e
pela Assíria.
A ESCRITA CUNEIFORME
Durante milhares de anos os
homens sentiram a necessidade de registrar visualmente, ou seja, de
"ler" as informações. Desenvolvida originalmente para guardar os
registros de contas e trocas comerciais, a escrita tornou-se um
instrumento de valor inestimável para a difusão de idéias e informações.
Foi na Antiga Mesopotâmia há cerca de 4 mil anos atrás, que se
desenvolveu a escrita.
No
início, a escrita era feita através de desenhos: uma imagem estilizada
de um objeto significava o próprio objeto. O resultado era uma escrita
complexa (havia pelo menos 2.000 sinais) e seu uso era bastante
complicado. Assim, os sinais tornaram-se gradativamente mais abstratos,
tornando o processo de escrever mais objetivo. Finalmente, o sistema
pictográfico evoluiu para uma forma escrita totalmente abstrata,
composta de uma série de marcas na forma de cunhas e com um número muito
menor de caracteres. Esta forma de escrita ficou conhecida como
cuneiforme (do grego, em forma de cunha) e era escrita em tabletes de
argila molhada, usando-se uma espécie de caneta de madeira com a ponta
na forma de cunha. Quando os tabletes endureciam, forneciam um meio
quase indestrutível de armazenamento de informações.
Os Pictogramas eram difíceis de aprender e embora o
método cuneiforme fosse muito mais fácil, a escrita daquela época era
restrita aos escribas profissionais. Com o objetivo de determinar a
posse de algo, quase sempre um selo era usado. Os selos primitivos
constavam simplesmente de um desenho pessoal referente ao proprietário.
Mais tarde, uma inscrição por escrito, seria também incluída.
A escrita cuneiforme teve muito sucesso. Milhares de
tabletes de argila foram desenterrados contendo registros de transações
comerciais e impostos de cidades da Mesopotâmia, e a escrita cuneiforme
foi usada para escrever a língua sumeriana. A escrita cuneiforme também
foi usada para a forma escrita das línguas da Assíria e Babilônia,
línguas bastante diferentes da sumeriana. Embora a escrita cuneiforme
fosse muito menos adaptada a estas línguas, a escrita foi amplamente
usada no Oriente Médio, numa vasta gama de documentos, desde registros
comerciais até cartas de reis. O sucesso da escrita cuneiforme foi
parcialmente devido ao fato de que suas matrizes em forma de cunha eram
bastante adequadas para o meio em que se escrevia - o tablete de argila.
Tablete de argila com escrita cuneiforme |
A tradução do alfabeto cuneiforme, da Mesopotâmia, para o alfabeto atual, invenção atribuída aos fenícios. |
OS FENÍCIOS
Mapa da Fenícia (atuais Líbano, Síria e norte de Israel) |
Os Fenícios cultivavam cereais,
legumes e linho nas estreitas planícies entre as montanhas e o mar. Mas,
no inicio de sua história, a pesca foi sua atividade econômica mais
importante, pois do solo, não encontrariam nunca os meios suficientes
para sua segurança (ROSOLIA, [s.d.], p. 101). Assim, a grande quantidade
de madeiras existentes nas florestas das montanhas contribuiu para a
construção de embarcações.
Com o tempo, ali começaram a se
desenvolver várias cidades, tendo sido Biblos, Ugarit, Sídon e Tiro as
mais importantes. Cada cidade constituía um Estado, governado por um
rei. O poder desses monarcas fenícios nunca foi tão grande como o dos
reis de outras civilizações orientais, porque os sacerdotes eram muito
influentes. Além disso, havia o Conselho de Anciãos, com grande poder,
formado por comerciantes ricos.
Das atividades da pesca, os
fenícios evoluíram para o comércio marítimo. Desenvolveram técnicas de
navegação, e suas embarcações atingiam regiões distantes, onde nenhum
outro povo da época se atrevia chegar. Uma de suas rotas atravessava o
estreito de Gibraltar, e chegava à Inglaterra. Existe ate mesmo uma
hipótese, baseada em achados arqueológicos, segundo a qual os fenícios
costearam todo o litoral africano, do leste para o oeste.
Nas suas viagens, os fenícios fundaram inúmeras colônias no litoral do mar Mediterrâneo, sendo a mais famosa a cidade de Cartago, no norte da África. Mantinham as rotas comerciais em segredo e, para impedir que concorrentes atrapalhassem seus negócios, espalhavam lendas terríveis sobre os locais que visitavam.
Nas suas viagens, os fenícios fundaram inúmeras colônias no litoral do mar Mediterrâneo, sendo a mais famosa a cidade de Cartago, no norte da África. Mantinham as rotas comerciais em segredo e, para impedir que concorrentes atrapalhassem seus negócios, espalhavam lendas terríveis sobre os locais que visitavam.
Os fenícios comercializavam as
mercadorias de todos os outros povos orientais, mas também desenvolveram
um artesanato próprio, que incluía jóias, vidro e tecido de lã, seda,
algodão e linho. Esses tecidos eram tingidos com uma substancia extraída
de um molusco, com a qual obtinham diversas tonalidades.
O
volume dos negócios fenícios obrigou seus comerciantes a se tornarem
hábeis em contar, medir e registrar a contabilidade. Provavelmente essa
necessidade forçou os fenícios a encontrarem uma forma de simplificação
dos antigos sistemas de escrita, o que deu origem ao alfabeto. Sua
grande invenção foi escolher vinte e dois sinais para representar os
diferentes sons da linguagem humana, no lugar da infinidade de sinais
que simbolizavam silabas ou palavras, nas escritas dos antigos povos.
Acreditou-se durante muito tempo
que esses intrépidos navegadores tivessem sido os inventores do vidro,
da moeda e da faiança; atribuíram-lhes mesmo a invenção do alfabeto.
Ora, recentes trabalhos demonstram que, se os fenícios foram excelentes
imitadores e agentes de civilização, nada criaram. Contribuíram
simplesmente para a difusão dos produtos da arte e da indústria,
manufaturados ou fabricados por outros povos. (LISSNER, Ivar. 1968, p.
97)
ESCREVENDO UMA NOVA HISTÓRIA
O
atual alfabeto, sistema de escrita mais difundido no mundo ocidental,
teve origem há 4 mil anos no Egito, quando pela primeira vez se tentou
representar toda a variedade de significados da língua mediante o
emprego de símbolos gráficos pré-fixados.
A escrita, segundo John Man
(2007), teria sido inventada quatro vezes, de forma independente, na
China, Egito, América Central e Mesopotâmia, em cerca de 4000 a.C. Já o
alfabeto teria surgido uma única vez, no Egito, há 4 mil anos. Até
então, os sistemas de escrita eram silábicos ou ideográficos - com uso
de sinais que representam objetos concretos.
Tais sistemas comportavam o
problema da ambiguidade: nos hieróglifos egípcios, por exemplo, um sinal
gráfico podia representar o objeto retratado ou o som de sua primeira
letra. As mais antigas inscrições alfabéticas conhecidas são vestígios
de cerâmica descobertos em 1990 no Egito. O conceito de alfabeto se
difundiu do Egito para regiões adjacentes e atingiu a Ásia em cerca de
1200 a.C. Muitas vezes a dispersão pode ser explicada por trocas
comerciais, como na relação observada entre fenícios e gregos no final
dos anos 900 a.C. A partir de adaptações gregas do alfabeto fenício,
surgiu em 800 a.C. o alfabeto do mundo ocidental. Os mais antigos
registros conhecidos de obras realizadas com tal sistema foram A Ilíada e
A Odisséia (século 8 a.C.), atribuídas a Homero.
John
Man argumenta que os gregos não teriam exercido tanta influência sobre a
civilização ocidental não fosse a invenção do alfabeto, que permitiu
fixar seus escritos. Destaca ainda que os gregos foram fundamentais para
a difusão do sistema alfabético devido a seu desenvolvimento cultural. O
próprio termo alfabeto surgiu das duas primeiras letras do sistema
grego, alfa e beta. A tomada da Grécia pelos romanos, segundo John,
explica como o alfabeto se tornou romano.
As origens do alfabeto que usamos hoje ainda não foram completamente esclarecidas e novas descobertas continuam vindo à tona.
Escreva em hieróglifo usando o recurso deste site: http://antigoegito.tripod.com/escrita.htm
Escrita egípcia (hieróglifo, um dos tipos da escrita egípcia) |
Alfabeto grego |
CONSIDERAÇÕES
Muitas
foram as colaborações, ou as heranças, principalmente culturais,
deixadas pelas civilizações do passado para a nossa civilização
presente.
Sem dúvida, além da agricultura,
das artes, da roda, entre outras tantas invenções e até mesmo estilos
de vida, um dos maiores legados deixados pelos nossos antepassados foi o
alfabeto. Não apenas o alfabeto escrito, mas o falado também, pois a
escrita surgiu da necessidade de expressar os sons, a comunicação.
Através de palavras, tanto escritas quanto pronunciadas, podemos
expressar nossos sentimentos e emoções, nossas capacidades, nossas metas
ou resultados, nossos pensamentos, registrar fatos, enfim, deixar
marcada para sempre uma história.
REFERÊNCIAS
LISSNER, Ivar. Assim viviam nossos antepassados. Belo Horizonte: Itatiaia, 1968.
MAN, John. Descobertas continuam a alimentar história do sistema surgido há 4 mil anos no Egito. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/view/2784>. Acesso em: 15 nov. 2007.
ROSOLIA, Orestes. História Antiga. São Paulo: Livraria Francisco Alves, [s.d.].
Professor Josimar Tais
SAIBA MAIS:
O abecê da escrita: http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=911&sid=7
Top 10 sistemas de escrita mais influentes da História http://www.historiadigital.org/2010/02/top-10-sistemas-de-escrita-mais.html
Professor Josimar Tais
SAIBA MAIS:
O abecê da escrita: http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=911&sid=7
Top 10 sistemas de escrita mais influentes da História http://www.historiadigital.org/2010/02/top-10-sistemas-de-escrita-mais.html
Fonte: http://professor-josimar.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário