Artigo traduzido de Nature. Autor: Elizabeth Gibney.
Análise de galáxias mostra que o superaglomerado local é 100 vezes maior do que se pensava anteriormente.
O superaglomerado de galáxias que inclui a Via Láctea é 100 vezes
maior em volume e massa do que se pensava, uma equipe de astrônomos
afirma. Eles mapearam a enorme região e deram o nome de Laniakea – “céu
imensurável” em havaiano.
As galáxias tendem a se amontoar em grupos chamados aglomerados;
regiões onde esses grupos estão densamente juntos são conhecidas como
superaglomerados. Mas a definição destas estruturas cósmicas massivas é
vaga.
O novo estudo, publicado na Nature, descreve uma nova maneira de
definir onde um superaglomerado termina e outro começa. Uma equipe
liderada por Brent Tully, um astrônomo da Universidade do Havaí, em Honolulu, traçou os movimentos das galáxias para inferir a paisagem gravitacional do universo local e redesenhar seu mapa.
Velocidade Cósmica
A equipe usou um banco de dados que compila as velocidades de 8000
galáxias, calculadas depois de subtrair a taxa média de expansão
cósmica. “Todos esses desvios são devidos à atração gravitacional das
galáxias, que vem da massa”, diz Tully. Os investigadores utilizaram um
algoritmo para traduzir estas velocidades para um campo tridimensional
de fluxo e densidade de galáxias. “Nós realmente não podemos pretender
ter uma boa compreensão da cosmologia se não podemos explicar esse
movimento”, diz Tully.
Este método é superior a meramente mapear a localização da matéria,
porque permite aos cientistas criar um mapa de regiões desconhecidas do
Universo, diz Paulo Lopes, astrofísico do Observatório do Valongo,
parte da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele se baseia em
detectar a influência das galáxias ao invés de vê-las diretamente.
Além disso, os movimentos das galáxias refletem a distribuição de
toda a matéria, e não apenas o que é visível em nossos telescópios –
incluindo a matéria escura.
Descontando a expansão cósmica, seu mapa mostra linhas de fluxo para
baixo que as galáxias se arrastam sob o efeito da gravidade na sua
região local (veja o vídeo [em inglês]). Com base nisso, a equipe define
a borda de um superaglomerados como o limite em que essas linhas de
fluxo divergem. De um lado da linha, galáxias fluem para um centro
gravitacional; além disso, elas correm para o outro. “É como a água
dividida em um divisor de águas, onde flui para a esquerda ou para a
direita de uma altura de terra”, disse Tully.
Fronteiras no Espaço
Esta é uma forma completamente nova de definir superaglomerados. Os
cientistas já colocaram a Via Láctea no Superaglomerado de Virgem, mas
segundo Tully e colegas “por definição, a região torna-se apenas um
apêndice de Laniakea, que tem de 160 milhões de parsecs (520 milhões de
anos-luz) e contém a massa de 100 quatrilhões de sóis.
No entanto, é improvável que seja a palavra final sobre o que é um superaglomerado, diz Gayoung Chon, astrônomo do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre,
em Garching, Alemanha. Sua equipe trabalha com uma definição diferente,
com base em superaglomerados sendo estruturas que um dia irão colapsar
em um único objeto. Isso não vai acontecer com Laniakea, ela estima,
porque algumas das galáxias dentro dele vão se afastar um do outro para
sempre. “A definição que você usa realmente depende das perguntas que
você quer fazer. Este último método é uma boa forma de mapear as
estruturas de grande escala do Universo, mas não perguntam o que vai
acontecer com esses superaglomerados eventualmente “, diz ela.
Embora o mapa seja abrangente sobre o universo em torno da Via
Láctea, as suas medidas de distância tornam-se menos precisas e menos
numerosas a medida que você se afasta, diz Lopes. Esta é atualmente a
maior fonte potencial de erro da técnica, diz ele, mas acrescentar mais
medidas das galáxias irá melhorar o mapa e poderia eventualmente ajudar
os cientistas a rastrear totalmente o que está por trás do movimento do
nosso grupo local de galáxias.
Fonte: http://www.universoracionalista.org
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