Resenha - Por Uma Outra Globalização - Milton Santos
Por: Jonas Fabiciaki
I – Introdução
Vivemos
em um mundo cheio de conflitos provenientes da atual fase da expansão
capitalista no globo, varias são as discussões sobre esse processo em que
vivenciamos na atualidade. Milton Santos traz nesta obra uma importante visão
diferenciada de globalização, a globalização como perversidade, como abandono
social tudo em nome de um projeto de reprodução do capital.
Nesse texto a globalização é
apresentada como fábula, como perversidade e como possibilidade – “por uma
outra globalização”. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a
globalização como fábula, o segundo seria o mundo tal como ele é, e o terceiro,
um mundo como ele pode ser. Esse texto tem a função de desenvolver ideias em
torno destas perspectivas apontadas por Milton Santos.
A globalização como Fábula - o mundo
tal como nos fazem crer
A globalização como fábula é imposta
principalmente pelos meios de comunicação a todos que procura enfatizar o
planeta em que vivemos como um amplo espaço e que podemos sim explorá-lo com o
consumo. Como a padronização cultural, onde as pessoas são atraídas pelas
mesmas coisas, mesmos hábitos, mesmos costumes e que ainda disfrutam de uma mesma
rede que nós conhecemos como internet que fez com que nós ficamos presos numa
gigante aldeia global, sem ter pra onde ir. Mas ao mesmo tempo nos dá uma
importante noção de que o mundo está dentro da nossa casa, o capitalismo nos
devorando e nós nem percebemos graças à globalização como fábula.
Um descaso com o estado que aparentemente ficou distanciado
das demandas sociais, pois ele o estado precisa se apequenar as grandes
corporações que hoje detém o poder sobre o próprio estado. Percebemos que
vivemos em um único mundo, um mundo voltado a atender as necessidades das
grandes empresas, vivenciamos uma nova tendência mundial de mercado.
O mundo como ele realmente é – a
globalização como perversidade
A globalização como uma fabrica de perversidades tais como: fome,
desabrigo, AIDS, mortalidade infantil, analfabetismo, enfim gravíssimos
problemas sociais, quase sem solução na globalização em que vivemos,
infelizmente para a maior parte da humanidade, o desemprego crescente
consequentemente a pobreza aumenta e a classe media perdem em qualidade de
vida, novas enfermidades se instalam e as velhas doenças retornam com força
total. A perversidade está na raiz desta evolução negativa da humanidade e
estes processos estão diretamente ligados com a globalização.
O mundo como pode ser – uma outra
globalização
Podemos pensar na
construção de um outro mundo, uma globalização que volte seus olhares a esses
problemas citados, uma globalização que se engaje sistematicamente a todas as
pessoas, ou seja, um processo globalizado mais humano. Que em vez de apoiar
sempre o grande capital internacional que possam servir a outros interesses
sociais e políticos e não apenas econômicos.
Alguns são os fatores que poderiam
colaborar pra isso: a miscigenação de povos, culturas, valores, gostos, credos
em todos os quatro cantos do globo possibilitaria uma outra globalização, um
outro discurso é possível, uma nova visão de mundo, devemos urgentemente
reaprender a ver o mundo.
II – A Produção da Globalização
A globalização é o apogeu do mundo capitalista de um
processo que conhecemos como internacionalização do mundo globalizado os
fatores que levaram a este processo são: a unicidade da técnica, a convergência
dos momentos, o conhecimento do planeta e a mais valia globalizada.
As técnicas são oferecidas como um sistema, graças ao avanço
da ciência fora produzido um sistema de técnicas da informação, que assim
possibilitou um novo sistema de presença em todo o planeta. Globalização é o
resultado deste sistema que resulta de ações que asseguram a emergência de um
mercado global.
III – Uma Globalização Perversa
Nestes últimos
anos testemunhamos grandes mudanças em todo o planeta terra. Tornamos pessoas
que habita em um único mundo nos impondo, infelizmente para a maior parte da
população do nosso planeta a globalização perversa, o poder do dinheiro e da
informação, vários retrocessos como a noção de bem publico e de solidariedade,
perdemos a noção de ajuda mutua, vivenciamos cada vez mais a noção de
isolamento social, mas o mundo continua em nossa casa. Enquanto isso os
governos agem com descaso com as funções sociais, com o chamado de
“enxugamento” da maquina publica, os governos estão cada vez menos atribuições,
consequência disso: “aumento da pobreza”.
IV – O Território do Dinheiro e da
Fragmentação
No mundo globalizado tudo ganha
novas “caras”, inclusive o espaço, com isso nosso espaço geográfico sofre
profundas transformações, novos contornos, novas características, tem novas
definições.
Nossos territórios tendem cada vez mais se fragmentar em
função deste novo processo globalizado, novos espaços são criados tudo em nome
do “progresso”, onde tudo entra em confronto direto e indireto, meio
ambiente-sociedade e vice versa.
O dinheiro traz consigo um papel importantíssimo nessa
dinâmica apresentada, ou seja, é ele que reorganiza essa distribuição no espaço
geográfico. Novas perspectivas em favor do capital. Hoje vivemos em um mundo de
rápido em que as coisas tendem a fluir de forma instantaneamente, desta forma
quem consegue acompanhar ótimo, porém, vivemos uma tendência em que “se correr
o bicho pega e se ficar o bicho come”, por isso por outra globalização URGENTE.
V – Limites à Globalização Perversa
A análise do
fenômeno conhecido popularmente como Globalização é o descaso social que ela
impõe, com seus aspectos extremamente dominantes para a maior parte da
população mundial. Cabe a nós analisar os limites desse processo se
continuarmos assim, onde iremos parar?
Podemos afirmar que estamos entrando em um novo período de
transição da história, o momento em que vivemos com a globalização parece
indicar a emergência de novos valores, novas atitudes, que nos faz crer que
estamos produzindo as condições para a realização de uma nova história.
Não aceitamos mais a tantas evidencias factuais deste
processo penoso que é a globalização. A velocidade nem sempre colabora com uma
distribuição generalizada, são as disparidades no seu mau uso que caracterizam
cada vez mais o aumento das desigualdades. O mito em que as novas técnicas
contemporâneas pudessem colaborar e melhorar a vida do ser humano na terra
desabaram, pois o que se observa realmente é cada vez mais a expansão da
pobreza.
VI – A Transição em Marcha
No mundo atual em que vivemos
sentimos a necessidade de transformar as coisas que estão por ai, não ficamos
mais calados, com as injurias que acontecem, um processo natural pra sociedade
que estamos criando, temos a necessidade de criar algo novo, de viver um novo
período, mas estamos num processo lento, pois o que aprendemos é a utilização
das técnicas e da ciência pelas formas do capital, apoiados por formas
institucionais são de certa forma igual.
Os indivíduos que estão inseridos
nesse processo não são igualmente atingidos por esse fenômeno, pois se encontra
muita resistência ainda, pelas características culturais e nas diversidades
destes indivíduos em rever como o processo esta inserido nele.
Diante dos fatos e do que temos
sobre nosso mundo atual, acreditamos que as condições estão sendo distribuídas
para que nós pudéssemos desempenhar um novo papel nesse contexto. Um novo mundo
é possível e outra globalização também. Agora descobrimos o verdadeiro sentido
da nossa presença no planeta, podemos dizer que uma nova historia verdadeiramente
universal está começando.
De um ponto de vista mais
existencial tudo isso pode obter outro uso e ou outra denominação. Porem a
globalização atual pode e deve ser diferente.
VII – Conclusão
A Mudança ocorrerá em todos os
aspectos em todos os níveis, mas o principal responsável por ela ocorrer de
verdade, somos nós que estamos diretamente engajados nesse contexto. Pois temos
que fazer uma reflexão sobre a essência do capitalismo, pois este é à base da
atual fase da Globalização. Pois nenhuma barreira será erguida, nada irá mudar
se a reprodução do capital e o lucro continuarem fortes como estão.
O capitalismo jamais na sua história conseguiu reproduzir o
capital e o lucro consequentemente sem gerar crises, para tanto é preciso fazer
essa relação, precisamos mudar o sistema em vigor e desenvolver uma nova
globalização.
É preciso urgentemente avançar no sentido que o ser humano
possa atribuir um novo sentido à sua existência no planeta, de uma forma
sistemática frear um pouco as tecnologias quanto à ciência e ou as suas
técnicas utilizadas, para sim se preocupar um pouco mais na essência do ser
humano e seu verdadeiro papel aqui no globo.
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