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A burguesia bem que queria apagar de vez o marxismo da história da humanidade. As deteriorações dos estados operários vigentes na História (Rússia, Alemanha Oriental, China, Coréia do Norte, Cuba, etc.), levadas a cabo por direções burocráticas e autoritárias que se recusaram lutar pelo socialismo mundial, apostando em regimes estatais autoritários localizados em cada país, coibindo a liberdade de crítica, coibindo a liberdade de expressão, coibindo a liberdade de organização política dos próprios trabalhadores, enfim, tais deteriorações políticas constituídas em nome do projeto marxista fizeram, por um tempo, a burguesia capitalista acreditar que a história tinha acabado e que o capitalismo reinaria para toda a eternidade. Mas eis que as contradições inevitáveis e insuperáveis do capitalismo burguês voltam assombrar, novamente, o suposto berço eterno esplêndido da burguesia e o marxismo volta a ser a filosofia mais atual dos nossos dias.
Em uma sociedade dividida em classes, em uma sociedade dividida entre explorados e exploradores, em uma sociedade dividida entre oprimidos e opressores, em uma sociedade dividida entre incluídos e excluídos, em uma sociedade dividida entre os que trabalham (trabalhadores) e os que vivem do trabalho alheio (burguesia), o marxismo continua e continuará produzindo seus efeitos vivos e arrebatadores, porque é a única filosofia não conformista consequente que postula que mudar o mundo é possível. Todos os detratores e inimigos do marxismo agem no conservadorismo, labutam por permanências ocas cada vezmais ineficientes no quesito “docilizar as massas”. Os inimigos do marxismo não querem mudar o mundo, porque participam ou esperam participar das regalias da sociedade burguesa, mesmo sabendo que essas tão desejadas regalias se dão à custa da miséria, da exploração e da fome de muitos. Na lógica burguesa, entretanto, injustiça e desigualdade social são dádivas quase que naturais: não há espaço para construção de uma ética política socializante e simétrica na ideologia burguesa, pois o que interessa a essa classe social é seguir nadando em seus privilégios econômicos obtidos à custa da mais-valia (trabalho não pago) dos operários. Temem o marxismo como o diabo teme a cruz, pois este coloca o dedo nas feridas do capitalismo.
O fato é que a luta de classes continua encarniçada como sempre o fora e apenas o marxismo, enquanto filosofia política, discute caminhos possíveis para superar essas contradições tão horríveis que pairam sobre a vida dos trabalhadores, oprimidos e excluídos desse planeta. A pergunta fatídica volta a ser feita na atualidade: qual tipo de governo e qual tipo de modo de produção seriam possíveis para colocar fim em tamanhas desigualdades econômicas e em tamanhas injustiças sociais? Há saída Para além do Capital, como problematizaria István Mészáros?
Sim, há saída. Estudando Marx, estudando as falhas das revoluções operárias que já ocorreram, procurando-se evitar os mesmos erros políticos já cometidos, e sempre colados à luta dos explorados e oprimidos do mundo, com criatividade revolucionária, é possível reinventar o socialismo marxista, em termos do Socialismo Livre, garantindo estatização dos meios de produção e democracia operária, com plena liberdade de crítica, plena liberdade de expressão, plena liberdade de imprensa, plena liberdade de ir e vir, plena liberdade científica-religiosa-cultural-artística-intelectual, sendo, contudo, radicalmente contra a liberdade de explorar e contra a liberdade de oprimir, base do capitalismo e de todas as ditaduras até hoje existentes, inclusive, as ditaduras dos estados operários burocratizados.
A grande lição marxista da atualidade é: por dentro do capitalismo, as crises mundiais atuais não serão superadas em direção a algo melhor. Guerras, fome, desemprego é tudo o que o capitalismo pode oferecer. O desejo de mudar o mundo, portanto, volta a fazer parte do ideário dos lutadores mundiais. E quando nasce o desejo de mudar o mundo, o marxismo volta a ser atual e vivo, pois é a filosofia política mais consequente dos últimos tempos. E então, por que o marxismo passa a incomodar tanto? Exatamente porque os explorados e os oprimidos do mundo, perdidas as ilusões no capitalismo e seu modo excludente de ser, percebem que não há nada mais a escutar das falsas promessas das ideologias burguesas insossas: nesse ínterim, explorados e oprimidos escutam cada vez mais os marxistas. E com o aumento da escuta aos marxistas, o Socialismo Livre deixa de ser uma mera utopia de loucos libertários e passa a ser algo totalmente possível. É por isso que tudo que é pensado “para além do capital” é tão odiado pelos sujeitos identificados com ideologia burguesa! Marx incomoda, porque o marxismo vive. That is the question!
Por: Gílber Martins Duarte – Socialista Livre – Conselheiro do Sindute-MG e diretor da subsede do Sindute em Uberlândia – Professor da Rede Estadual de Minas Gerais – Doutorando em Análise do Discurso/UFU – Membro da CSP-CONLUTAS.
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