Pixação em muro de Osasco, SP, denuncia assassinato de morador
Por Patrick Granja
Em poucos dias, centenas de pessoas foram assassinadas a tiros em uma série de atentados em várias partes do estado de São Paulo, em especial na capital e região metropolitana.
Entre os dias 24 e 26 de outubro, cinco homicídios foram registrados na capital paulista e bairros vizinhos. No fim de semana seguinte — dias 27 e 28 de outubro — 42 pessoas foram baleadas em bairros pobres e ao menos 26 delas morreram. Na grande maioria dos casos, as vítimas foram alvejadas por homens em motocicletas ou automóveis sem placa. Na região central, oito pessoas foram atacadas a tiros e ao menos duas delas morreram. Na zona Leste, foram 16 feridos e sete mortos. Na zona Norte, dois homens foram baleados e, na zona Sul, um homem foi assassinado a tiros.
Na zona Norte de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, somente no dia 19 de outubro, 14 pessoas foram baleadas e cinco delas morreram. Nenhum dos mortos tinha passagem pela polícia.
No dia 29 de outubro, o Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo divulgou nas redes sociais uma nota às autoridades cobrando uma posição a respeito desses assassinatos.
"Não é possível que não se tenha notícia da prisão dos criminosos ou esclarecimento policial quanto a essas mortes (...) Gostaríamos de saber se para todos esses crimes foram abertos inquéritos policiais, acompanhados pelo Ministério Público Estadual — com investigações, exames necropsiais e de balística — com encaminhamento ao poder Judiciário".
Muitos atribuem a onda de ataques que já deixou centenas de mortos em São Paulo a grupos de extermínio formados por policiais. Investigações das corregedorias de polícia apontam a existência de, ao menos, cinco desses grupos nas zonas Norte e Leste de São Paulo, na cidade de Guarulhos e na Baixada Santista.
Uma investigação sobre esses grupos encontrou indícios de que no dia 12 de julho, em Osasco, um desses grupos tenha assassinado oito pessoas.
Além disso, alguns jornalistas que denunciam as atrocidades cometidas pelo velho Estado têm sofrido ameaças. Segundo carta enviada pelo Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça aos ministros Eduardo Cardozo, da justiça; e Maria do Rosário, Ministra-Chefe da Secretaria de Direitos Humanos; "o repórter André Caramante, do jornal Folha de S. Paulo, e sua família tiveram que deixar o país em razão das ameaças recebidas, muitas das quais foram postadas em endereço digital pertencente ao tenente-coronel reformado Paulo Telhada, ex-comandante da ROTA, batalhão da PM responsável por diversas chacinas nos últimos anos. A repórter Lúcia Rodrigues, da Rede Brasil Atual, também tem sofrido ameaças".
Na última farsa eleitoral, o tenente-coronel Paulo Telhada se elegeu vereador. O PM comandou a ROTA por dois anos e meio, período no qual houve um aumento de 63,16% no número de mortes causadas pelo grupamento. O coronel ainda é acusado de forjar ataques ao batalhão da ROTA em 2010 para justificar a execução de criminosos. Como se não fosse o bastante, Rafael Telhada, filho do coronel, também da Rota, estaria sendo investigado em relatórios do DHPP por possível envolvimento em assaltos a caixas eletrônicos. Rafael foi elogiado pelo pai depois de ter participado da ação da PM que assassinou 9 pessoas em Várzea Paulista, num suposto "tribunal do crime".
Além de Telhada, Conte Lopes também foi eleito. Os dois juntos somam 77 mortes no período em que comandavam a ROTA. O Coronel Álvaro Camilo é 1° suplente e também deve assumir em janeiro de 2013.
Militarização chega à maior favela de SP
Soldados fazem policiamento na favela Paraisópolis
Não é só no Rio de Janeiro que as populações das favelas e bairros pobres têm sofrido com a militarização. Em São Paulo, na madrugada do dia 29 de outubro, cerca de 500 policiais militares levaram a cabo a chamada "Operação Saturação" na favela de Paraisópolis, na zona Sul da capital. A favela é a maior do estado e tem cerca de 80 mil moradores.
Logo após a entrada dos policiais em Paraisópolis, blitz foram montadas em todos os acessos à favela e todos os moradores que entravam e saiam eram revistados. Desde que a PM ocupou o local, foram feitas 21,8 mil abordagens e 15,7 mil vistorias em carros. Segundo o secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, "a operação visa trazer tranquilidade para os moradores" da favela, vizinha de um dos bairros mais ricos do país, o Morumbi.
Segundo o secretário, as ordens para as seguidas execuções de PMs nos meses de agosto e setembro teriam partido de Paraisópolis. E de onde partiram as ordens para a matança em andamento nas favelas e bairros pobres em todo o estado? Essa é a pergunta que não quer calar.
Na internet, nas redes sociais do grupo Mães de Maio, vários internautas criticavam a militarização. Um deles é o jovem Thiago Vinícius, que não poupou palavras.
"Operação Saturação na comunidade aqui ao lado do Campo Limpo, Paraisópolis, é uma ação pontual. Mais uma vez a população vê o Estado presente somente pela repressão. Se não fossem os movimentos sociais de base e de verdade (porque lá chove de ONGs pilantrópicas) a situação seria bem pior. Muitas crianças fora da escola, sem médicos, sem lazer. Tudo isso ao lado do bairro com alto índice de desenvolvimento: o nobre Morumbi."
Outro internauta, Bruno Pereira Bueno, denunciou um suposto toque de recolher nas escolas de Paraisópolis.
"Uma tia minha dá aulas numa escola estadual lá em Paraisópolis onde a PM está ocupando, e disse que a recomendação da polícia, ontem e hoje, foi para que os professores não fossem dar aula, apesar de os principais jornais relatarem que o dia está correndo normalmente."
Fonte:
http://www.anovademocracia.com.br
http://www.anovademocracia.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário