Biografia de Luiz Gama
Luiz
Gonzaga Pinto da Gama, filho da valente e insubmissa negra Luiza Mahin. Luiz
Gama nasceu no dia 21 de julho de 1830, no estado da Bahia. Seu pai era um fidalgo
português, estróina, que em 1840 vendeu o próprio filho a um traficante de
escravos, para pagar dívidas de jogo de jogo .
A alma de
Luiz Gama era tão pura e generosa que jamais se permitiu revelar, a quem quer
que seja, o nome de seu pai, que se cobriu de opróbrio com este gesto insólito
e monstruoso. Já em 1848, Luiz Gama não era mais escravo, conseguindo fugir do
seu último " senhor ", uma vez que carregava consigo documentos
comprobatórios de sua condição de negro liberto, com os quais lhe é permitido
assentar praça no Exército Brasileiro, quando em 1854 alcança o posto de cabo
graduado. Luiz da Gama trazia no sangue o temperamento de negro rebelde,
herdado certamente de sua mãe, Luiza Mahin, tanto é que por " atos de
insubordinação " acabou por dar baixa no serviço militar, atos, que no seu
entender, praticou com consciência e altivez na defesa da sua própria dignidade
de criatura humana .
Luiz Gama
foi copista e amanuense, funções das quais era afastado por força de
perseguições racistas e políticas movidas pelo seus detratores, que se
encastelavam no Partido Conservador, por não tolerarem as inclinações liberais
e as suas atividades em favor dos negros escravizados e oprimidos. Luiz Gama
formou-se em direito, conseguindo com talento, coragem e obstinação libertar
mais de quinhentos escravos . É dessa época que se projeta a sua fama de orador
arrebatado, impetuoso e intrépido quando se punha diante de uma causa nobre,
fazendo do jornalismo e da tribuna um poderoso instrumento com o qual
vergastava os exploradores do suor alheio e os inimigos da humanidade .
Foi ele
que brandiu a célebre frase que afirmava de modo peremptório que " aquele
negro que mata alguém que deseja mantê-lo escravo, seja em qualquer
circunstância, mata em legítima defesa ! ". Segundo Américo Palha, estas
palavras de fogo foram proferidas de forma corajosa, da tribuna do Tribunal do
Júri .
De outra
vez, nessas pugnas homéricas em que se metia em defesa dos negros escravos,
Luiz Gama depara com o temido José Bonifácio, o moço, como seu adversário no
júri popular. Sem demonstrar o menor temor consegue estrondosa vitória que o
permitiu libertar mais de cem negros escravos .
Autor de Primeiras Trovas Burlescas de Getulino
, sua poesia política e satírica, feria como a ponta de um punhal nos alvos
atingidos. Abolicionista dos mais eloqüentes, convivendo com Castro
Alves, Rui Barbosa e
Joaquim Nabuco, Luiz Gama, entretanto, não chegou a ver o triunfo de sua causa,
pois veio a falecer a 24 de agosto de 1882.
Fonte: http://www.sampa.art.br
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