quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Violência Policial



A Luta dos Guarani Kaiowá do MS

Morreremos por nossas terras, diz liderança Guarani Kaiowá do MS

“Estamos sendo encurralados, prejudicados, massacrados através dos jornais e das decisões dos juízes”, afirma Ládio Veron em depoimento à Carta Maior. Ládio viajou a São Paulo para aumentar a rede de solidariedade aos guarani kaiowás. Ele reforçou que a luta do seu povo não é somente contra os despejos, mas pela demarcação definitiva das terras indígenas. Segundo ele , há 49 aldeias prontas para serem reconhecidas como terra indígena, mas foram embargadas pelo STF.

Por Fábio Nassif
“Estamos sendo encurralados, prejudicados, massacrados através dos jornais e das decisões dos juízes”. A frase de Ládio Veron em depoimento para a Carta Maior vem para reforçar uma carta escrita por indígenas guarani kaiowás de Pyelito Kue, no Mato Grosso do Sul, sobre a disposição de lutarem até a morte caso tentem despejá-los de suas terras, conforme indica decisão da Justiça Federal de Navirai-MS, em 29 de setembro. A situação jurídica do local segue em impasse, assim como das aldeias Passo Pirajú e Potrero Guasu.
Ládio viajou a São Paulo nesta sexta-feira (26) com intuito de aumentar a rede de solidariedade aos guarani kaiowás. Ele reforçou que a luta do seu povo não é somente contra os despejos, mas pela demarcação definitiva das terras indígenas. Segundo a liderança, existem 49 aldeias prontas para serem reconhecidas como terra indígena, mas foram embargadas pelo Supremo Tribunal Federal. A demora da Funai para realização dos estudos antropológicos também é motivo, segundo ele, para o aumento dos conflitos.
“A cana que hoje está sendo plantada lá e colhida como etanol já é misturada com sangue indígena Guarani Kaiowá”, disse o cacique. Ele se refere ao peso do agronegócio na região que teve uma guinada após acordo do ex-presidente brasileiro Lula com ex-presidente dos Estados Unidos Georg Bush sobre a produção de biocombustíveis.
As ameaças e os despejos em si são constantes na região. Nos últimos dez anos, a quantidade de terras demarcadas diminuiu, e, assim, aumentou a instabilidade dessas populações. Quando não são praticados oficialmente, os despejos são realizados à bala por jagunços, como relatam os próprios indígenas.
A ausência de floresta para sua subsistência, a utilização de agrotóxico nas plantações de cana e soja que contamina o solo e gera doenças, as ameaças de morte e diversos tipos de violência praticadas contra esta população são marcas do Mato Grosso do Sul. Nesta mesma quarta-feira (24), uma indígena de Pyelito Kue foi abusada sexualmente por oito homens em uma fazenda, conforme denunciaram os indígenas. Aquele é o estado com maior índice de indígenas assassinados - cerca de 500, sendo 270 lideranças, em dez anos.
Diante da boa receptividade da luta dos indígenas nas redes sociais, várias atividades foram programadas. Em 18 cidades foram agendados atos de solidariedade, entre os dias 27 de outubro e 9 de novembro. As iniciativas podem ser conhecidas no site http://solidariedadeguaranikaiowa.wordpress.com, assim como os apoiadores das causas dos guarani kaiowás podem tomar contato com suas ações pelo perfil do Aty Guasu no Facebook
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Estudo denuncia produção de soja e cana em terras dos Guarani-kaiowá


Estudo denuncia produção de soja e cana em terras dos Guarani-kaiowá

Relatório detalha cadeias produtivas no Mato Grosso do Sul e aponta impactos da expansão do plantio. Documento ajuda no debate sobre responsabilidade de empresas nos conflitos envolvendo fazendeiros
Por Verena Glass
O Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA) da ONG Repórter Brasil lançou nesta quarta-feira, 24, o relatório "Em terras alheias – a produção de soja e cana em áreas Guarani no Mato Grosso do Sul". Com base em dados de órgãos públicos e entrevistas in loco nas aldeias, o trabalho buscou mapear a incidência de produtores destas commodities em seis áreas no Estado: as Terras Indígenas (TIs) Jatayvary, Guyraroká, Takuara e Panambi-Lagoa Rica (já declaradas pela Funai), e as áreas Laranjeira Nhanderu e Guaiviry (em estudo pela Funai).

Indígena exibe arco e flecha. Fotos: Verena Glass (veja galeria de fotos no Picasa)


A divulgação do relatório acontece no momento em que os conflitos de terra entre indígenas e produtores rurais têm se acirrado no Mato Grosso do Sul. No período entre a realização das pesquisas, em julho deste ano, e sua divulgação, várias retomadas de terra pelos Guarani-kaiowá levaram a novos confrontos e reações extremadas por parte de fazendeiros, com ataques à bala a acampamentos e ameaças explícitas, como nos casos das áreas de Arroio Korá e Potrero Guasu, ambas em Paranhos.
Em agosto, cerca de 700 kaiowá retomaram parte da área de Arroio Korá, cuja homologação ocorreu em 2009, mas foi questionada na Justiça pelos fazendeiros (a decisão final sobre o processo está parada no Supremo Tribunal Federal). Logo após a retomada, o acampamento indígena foi atacado por diversas vezes por pistoleiros, sendo que o fazendeiro Luis Carlos da Silva Vieira, conhecido como “Lenço Preto”, declarou, em entrevista gravada em vídeo, que lideraria "uma guerra contra os indígenas". Em outubro, a retomada da terra Potrero Guasu também sofreu ataque de pistoleiros.
Ja nesta segunda-feira, 22, o acampamento indígena na área de Laranjeira Nhanderu (uma das abordadas no estudo da Repórter Brasil) foi cercado por fazendeiros, que, de acordo com denúncias dos Kaiowá, fecharam o acesso e iniciaram o plantio de soja sobre a estrada que leva ao acampamento. Na última safra, afirmam os índios, a fumigação de veneno na lavoura já matou vários animais domésticos e intoxicou crianças.

Crianças tocam gansos que sobreviveram à fumigação da soja na última safra


Laranjeira Nhanderu e Guaiviry, as duas áreas ainda não reconhecidas pela Funai abordadas no relatório, são um exemplo da danosa morosidade do governo em resolver a situação conflituosa e finalizar os processos de demarcação das terras indígenas. Guaiviry foi palco, no final do ano passado, de um dos mais brutais casos de assassinato de uma liderança indígena, o cacique Nizio Gomes. Em julho, 18 acusados de participação no crime foram presos pela Policia Federal (dados sobre os fazendeiros denunciados foram disponibilizados no relatório).


Insegurança jurídica
Por outro lado, interpretações desencontradas da Justiça acerca dos direitos constitucionais dos Guarani-kaiowá também têm contribuído para o clima de extrema insegurança entre os indígenas. No dia 5 de outubro, o Tribunal Regional da 3ª Região de São Paulo publicou um acórdão derrubando uma decisão anterior que garantia a posse indígena da aldeia de Paso Piraju, em Dourados, desde 2004 (Funai e MPF entraram com recurso, e a execução do despejo só se daria após a apreciação do mesmo). 

 Em 29 de setembro, a Justiça Federal de Navirai também ordenou o despejo da comunidade de Pyelito kue/Mbrakay, em Iguatemi, o que levou os indígenas a anunciar, em carta, a intenção de morrer na área caso a expulsão ocorra. “Sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo em ritmo acelerado. Sabemos que seremos expulsos daqui da margem do rio pela Justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo e indígena histórico, decidimos meramente em sermos mortos coletivamente aqui. Não temos outra opção esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS”. 
  
Moradores da aldeia Laranjeira Nhanderu, cercada por fazendeiros na segunda-feira (22)

O reconhecimento legal, e também pelo setor produtivo, do direito das populações Guarani-kaiowá a terras ancestralmente por elas ocupadas, das quais foram expulsas tanto pelas políticas públicas do governo quanto pelo avanço do agronegócio, é essencial para a sobrevivência destas populações. Neste sentido, o relatório apresenta breves históricos dos processos de retomada das áreas estudadas, aponta os impactos da produção de commodities e lista propriedades privadas e produtores no interior desses territórios.
O mapeamento feito pela ONG Repórter Brasil ajuda na discussão sobre a corresponsabilidade da cadeia produtiva da soja e da cana nos problemas decorrentes da ocupação das terras Guarani-kaiowá pelo agronegócio. É fato que duas usinas no Estado, São Fernando e Raízen já se comprometeram a não mais comprar a produção de cana em áreas indígenas. Tal medida de responsabilidade socioambiental empresarial é um primeiro passo no reconhecimento dos direitos indígenas pelo setor produtivo, fazendo-se urgente sua adoção pelas demais usinas sucroalcooleiras, usinas de biodiesel, traders e cerealistas.

Foto: Aldeia da TI Guyraroka. Usina Raízen não comprará cana de fazendas que incidem na área 

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Sites com materiais para serem usados em aula


Sites com materiais para serem usados em aula

Conheça sites onde é possível fazer download gratuito de vários tipos de materiais. Não se esqueça de alertar a equipe sobre a importância de verificar as informações sobre direitos autorais e de manter um Antivírus atualizado no computador que será usado para baixar arquivos da internet.


Livros e revistas
Coleção aplauso - Imprensa Oficial
Livros com biografias de atores e atrizes, cineastas e dramaturgos, além de roteiros de cinema, peças de teatro e livros sobre a história de emissoras de TV estão no acervo da Coleção Aplauso disponível para download.
Biblioteca Digital e Sonora
site da Biblioteca Digital e Sonora tem materiais adaptados para deficientes visuais compatíveis com vários programas leitores e livros com narração. É preciso preencher um cadastro para conseguir acesso.
Cenpec
Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec)
Estudos, pesquisas, livros, artigos e outras publicações produzidas pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC) e por várias instituições nas áreas de educação, cultura e ação comunitária.
Editora Arara Azul
Disponibiliza artigos, textos de pesquisas e livros para educadores, pessoas com deficiência auditiva e seus familiares.
Project Gutenberg
Desenvolvido com o objetivo de disseminar cultura e facilitar o acesso a obras em formato digital, o site tem mais de 35 mil livros eletrônicos em português.
Hemeroteca digital brasileira
Um portal que reúne antigos arquivos de jornais, revistas, anuários e boletins históricos de todo o Brasil.
Universia Livros
O site foi criado por uma rede ibero-americana de colaboração universitária e tem versões digitais de obras acadêmicas e de grandes clássicos da literatura brasileira e mundial.
Obras raras (USP)
A biblioteca digital de obras raras e especiais da Universidade de São Paulo (USP) tem versões digitais de livros completos e capas de títulos antigos e históricos.
Revistas (USP)
Publica as principais revistas produzidas pela Universidade de São Paulo (USP) e permite fazer pesquisas por assunto ou publicação.
Publicações Unicef
Traz publicações da UNICEF com informações sobre a situação das crianças pelo mundo, nutrição, direitos humanos, saúde e outros temas, com estatísticas e análises abrangentes referentes a mais de 190 países.

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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Estatuto da igualdade racial: a aprovação de uma farsa


Projeto marca um retrocesso nas reivindicações históricas do movimento, como a política de cotas
Por Cláudia Durans, docente da UFMA, e Hertz Dias

Foi com entusiasmo que o ex-ministro da Igualdade Racial Edson Santos celebrou a aprovação do Estatuto da (des)Igualdade Racial pelo Senado. Mas não há nada o que comemorar, pois o texto não representa as reivindicações históricas do povo negro. O estatuto, durante o tempo em que tramitou no Congresso, sofreu ataques da direita e de setores burgueses até ser aprovado totalmente diferente do projeto original.
O fato revela o cinismo e a perversidade da burguesia racista, herdeira econômica, política e culturalmente dos escravocratas, que pretende continuar mantendo a exploração, a opressão e a humilhação da população negra.
A expectativa era de que o Estatuto da Igualdade Racial fosse um instrumento que de fato contribuísse para enfrentar a discriminação racial. E que também estabelecesse políticas de ações afirmativas para garantir os direitos essenciais dos afrodescendentes vitimados pelo processo de histórico de escravidão.
No entanto, o que poderia ter sido um avanço não passou de um acordo entre o PT, através do senador Paulo Paim (RS), a SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e representantes do agronegócio e ruralistas, por meio do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), relator na Comissão de Constituição e Justiça.
Assim, o estatuto aprovado é a síntese mais fiel da aliança de forças nacionais que representa o governo Lula. A secretaria de igualdade racial deste governo nada fez de concreto para reduzir as desigualdades raciais no Brasil. Ao contrário, não passou de acessório, de uma simbologia racial para cooptar parte da militância negra.
Desta forma, o estatuto aprovado suprimiu pontos importantes como as cotas para negros nas universidades públicas, o que não nos causa espanto, pois o relator defende as “cotas sociais” e não raciais, e que o acesso à universidade deve ser baseado no “princípio do mérito e da capacidade de cada um”.
Da mesma forma, foram suprimidas as cotas do mercado de trabalho, assim como a redução do percentual de 30% para 10% de cotas reservadas à participação de negros em partidos políticos.
Outro aspecto importante excluído do texto original foi o que tratava da regularização de terras para remanescentes de quilombos, um erro muito grave. A retirada deste tema não considera os quilombolas como proprietários de territórios historicamente ocupados, como forma de sobrevivência física e cultural desta população. Acrescentou-se a esse documento o incentivo fiscal que o governo poderá dar a empresas com mais de 20 funcionários que decidirem contratar pelo menos 20% de negros.
Há ainda neste estatuto erros gravíssimos do ponto de vista conceitual, a exemplo da retirada das categorias raça, escravidão e identidade negra. No que se refere a raça, o argumento utilizado enfatiza que do ponto de vista genético as raças não existem. No entanto, como conceito social, esta categoria ganhou um novo significado através do movimento negro e por intelectuais de várias áreas de conhecimento. O sentido é o de deixar clara a hierarquização da sociedade brasileira, na qual os grupos étnicos foram e são marcados por profundas desigualdades e discriminações.
Na mesma direção, foi rejeitado o termo escravidão, pois ele foi considerado como tradicional e inadequado, pois se trata de algo do passado. Como a sociedade brasileira está em transição, emergindo para uma sociedade democrática, com propostas de ações afirmativas que visam acabar com as desigualdades sociais, “escravidão” não seria o termo mais adequado.
Ora, a escravidão do negro no Brasil durou quase quatrocentos anos, em contraste com apenas 122 anos de trabalho livre, o que constitui uma prolongada experiência histórica que até hoje deixa marcas profundas nessa população, tanto no que se refere ao acesso aos bens materiais e culturais, como na dificuldade de construção da identidade étnica.
Não restam dúvidas que o Estado brasileiro tem uma dívida histórica com o povo negro. O estatuto seria uma forma de buscar assegurar direitos políticos, econômicos, sociais e culturais desta população, através de uma política de ações afirmativas que dessem conta das demandas históricas.
Precisamos desfazer os mitos junto à população submetida à miséria, à violência cotidiana e aos programas assistencialistas, que reiteram a subalternidade e retiram a dignidade do ser humano. Assim como o significado do governo Lula, que tem suas raízes no movimento operário, que confirma as políticas racistas e reacionárias do DEM, impossibilitando o acesso da juventude à educação superior, da população negra a políticas de saúde diferenciadas, dos remanescentes de quilombo à terra.
Somamo-nos às 24 organizações do movimento negro que se manifestam contra a versão atual do Estatuto da Igualdade Racial, esvaziado de conteúdo de justiça racial. O estatuto aprovado não tem força de lei, foi rebaixado, tendo o caráter de apenas autorizar e não determinar, fazer cumprir. Isto fica visível inclusive com a retirada de recursos para sua execução pelos gestores, que não são obrigados a colocarem-no em prática.
O estatuto está na contramão dos avanços nas lutas institucionais do movimento negro contra o racismo, a exemplo da política de cotas implementada em muitas universidades públicas.
Conclamamos a juventude, as trabalhadoras e os trabalhadores negros para a luta contra a dominação racista, contra a exploração, por melhores condições de trabalho e de existência, para que reine a liberdade e as diferenças sejam respeitadas. Em defesa das cotas para negros nas universidades públicas! Pela titulação de terra aos remanescentes de quilombos
Fonte: Quilombo Raça e Classe

Política de Cotas: Justiça para os negros

Cotas?


Por: Daniella Memória

"Os principais espaços de poder político e social mantém-se, então, inacessíveis aos grupos marginalizados, ensejando a reprodução e perpetuação de uma mesma elite dirigente”. O fragmento mencionado não tem origem nas páginas de Marx ou Paulo Freire. A citação – de fazer qualquer ordeiro insultar o seu autor de “co-mu-nis-ta!” – faz parte do voto proferido em julgamen
to unânime sobre a constitucionalidade das cotas no STF, voto este do Ministro Ricardo Lewandowski, tido pela opinião pública como um dos membros mais conservadores da Suprema Corte. E por que esse dado é tão relevante? Porque a contextualização da posição de Lewandowski fala por si: até os reacionários reconhecem (pelo menos os com um mínimo de bagagem intelectual) a gritante diferença de contexto econômico-social existente entre uma pessoa pobre-negra-da-periferia e um jovem-branco-de-classe-média-alta na configuração educacional de nosso país.
Esquentando ainda mais o debate, foi sancionado neste mês projeto de lei que prevê reserva de vagas nas universidades federais para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. A lei combina três critérios (renda, instituição escolar, cor/raça) no preenchimento de no mínimo 25% das vagas, e nos 25% restantes permanecem os dois últimos critérios (totalizando os 50% da reserva). De acordo com o critério financeiro, serão beneficiados estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a um salário-mínimo e meio por pessoa. O critério raça, por sua vez, levará em conta os autodeclarados pretos, pardos e indígenas, sempre proporcionalmente à população do estado onde está a instituição, segundo o último censo do IBGE.
O mundo não acabou, o apartheid brasileiro não se iniciou e o céu não se transformou em vermelho fogo. De negativo, as cotas só trouxeram um fator: a revolta da classe média prejudicada por tal ação. Dona “por direito” do ensino público superior a décadas, o grupo lança duas principais alegações contra as cotas, nenhuma delas baseada em dados ou pesquisas oficiais. A primeira é de que o rendimento das universidades públicas irá diminuir. 
Pura falácia. Inúmeros são os estudos, dos mais diversos cantos do Brasil, que demonstram que o desempenho dos cotistas é igual ou até mesmo superior ao dos não cotistas. De acordo com “O Estadão” (jornal de grande circulação da cidade de São Paulo), estudos da UERJ indicaram que 49% dos cotistas foram aprovados em todas as disciplinas no primeiro semestre do ano, contra 47% dos estudantes que ingressaram pelo sistema regular. Segundo a mesma notícia, na Unicamp, a média dos cotistas foi melhor que a dos demais colegas em 31 dos 56 cursos, entre os quais o de Medicina, um dos mais concorridos. Para os que desprezam informações nacionais, pesquisas “importadas” vão no mesmo caminho: um estudo norte-americano, “O curso do rio”, realizado nada mais nada menos do que por dois ex-reitores das Universidades de Princeton e Harvard (William Bowen e Derek Bok), aponta o total êxito das cotas para os negros nos Estados Unidos, seja em notas, profissões, serviços comunitários ou indústrias. É ler para crer (ou para não falar besteira).
A segunda alegação é a ideia de que a discussão a ser pautada não deve ser a das cotas, mas sim a da melhoria da educação. Até onde eu saiba, uma discussão não impede a outra, pelo contrário. As cotas são instrumentos de concretude de acesso à educação a ser tomada juntamente com diversas outras medidas (a luta de 10% do PIB para a educação é só um exemplo), ações estas extensamente tratadas no Plano  Nacional de Educação (mais uma leitura fundamental). O jargão “precisamos melhorar o ensino” funciona mais como uma desculpa cômoda, uma vez que nunca vem acompanhada por propostas concretas e geralmente é proferida pelas mesmas pessoas que, em sua maioria, não atuam ou defendem outras lutas pela educação – as que criticam a greve dos professores federais porque seu curso vai atrasar ou  as que nunca foram para uma passeata do passe-livre para secundaristas porque simplesmente não usam o transporte público. São as mesmas que consideram “justo” sacrificar mais uma geração de negros e pobres até que a educação seja efetivamente de qualidade, mas se dilaceram com um vestibular mais difícil para seus filhos (o bom e velho “pimenta nos olhos dos outros é refresco”).
Na ausência de argumentos lógicos, os meritocráticos também apelam: “quem realmente quer passar no vestibular, senta na cadeira e simplesmente estuda”, dizem. Citam sempre “o filho de um pedreiro que passou em medicina lá em Goiás”, ou “o irmão mais novo de 13 filhos que estudou a luz de lamparina e conseguiu entrar em engenharia” – além de outras histórias que compadecem o coração de qualquer um. 
O que essas pessoas esquecem de mencionar é que tais casos constituem exceção e nenhuma política pública – ainda mais num país com as dimensões do Brasil – deve ser formulada tendo por fundamento excepcionalidades ao invés de regras gerais. A universidade PÚBLICA (pasmem!) deve ser gerida conforme interesses PÚBLICOS, leia-se, interesses de negros, pobres, índios, pardos, classe média, brancos e ricos, todos  estes contemplados pela lei ora em comento.
Por fim, para o sentimento de “injustiça” da classe média, deixo um consolo: essa dor passa. Passou para os senhores de engenho torturados com a Lei Áurea, passou para os empresários oprimidos com os direitos trabalhistas... há de passar até para os espancadores com a Lei Maria da Penha, por que com vocês seria diferente? “É natural, portanto, que as ações afirmativas (...) sofram o influxo dessas forças contrapostas e atraiam considerável resistência, sobretudo, é claro, da parte daqueles que historicamente se beneficiam ou se beneficiaram da discriminação”, belas e fortes palavras do Ministro Joaquim Barbosa que tão bem resumem o meu pensar. 
Que a universidade se pinte de povo. Esse é um desejo de quem ora escreve, única aluna do curso de Direito da UFPB, período 2008, egressa de uma escola pública. Hoje sou exceção. Quem sabe um dia minhas características façam parte da regra geral.

Khoisan são os descendentes directos dos primeiros humanos modernos


Investigadores identificaram os seis genes-chave para o desenvolvimento do crânio e do cérebro

Mulher Khoisan (créditos: Lisa Gray)
Mulher Khoisan (créditos: Lisa Gray)

O genoma de 220 pessoas de 11 populações subsarianas, o maior estudo africano realizado até agora, confirma que os Khoisan (nome unificado de dois grupos étnicos do sul de África) ou bosquímanos são descendentes em linha directa dos primeiros humanos modernos, que evoluíram no sul do continente africano há mais de 100 mil anos.
Já se sabia que esta era a população com a maior diversidade genética do mundo. Mas este estudo identifica os seis genes-chave para o desenvolvimento do crânio e do cérebro, que foram objecto de selecção 'darwiniana' naquela época e que, provavelmente, criaram a anatomia humana moderna num prazo relativamente curto. Outros fenómenos genéticos posteriores, subjacentes às adaptações da população ao seu ambiente, definiram a potência muscular, a protecção contra os raios ultravioleta e a resposta imunológica contra infecções. Os resultados estão publicados na «Science».
As línguas que falam estes povos, línguas khoisan, caracterizam-se pelo uso de cliques como fonemas. O primeiro investigador a propor que os Khoisan representavam a população mais antiga da humanidade foi precisamente um linguista – Joseph Greenberg –, da Universidade de Stanford. Nos anos 70 do século XX, sugeriu que as línguas dos 'cliques', faladas por pequenas populações espalhadas pelo sul e este de África, formavam na verdade uma só família linguística – o khoisan.
Mas foram a genética e a arqueologia mais recente que resgataram a hipótese de Greenberg, que depressa caiu no esquecimento. O linguista e antropólogo morreu em 2001, antes das suas teorias serem largamente aceites.
Este trabalho multidisciplinar contou com a colaboração de biólogos evolutivos, antropólogos, neurocientistas e geneticistas, coordenados por Himla Soodyall, da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo (África do Sul), e Mattias Jakobsson, da Universidade de Uppsala, Suécia.
Os Khoisan têm algo de especial a acrescentar ao mundo tanto genética como cultural e eticamente”, defende Jakobbson. “A importância do nosso estudo é que põe o património e a herança khoisan na História. Fornece também o 'pano de fundo' para futuros estudos genéticos”.
A divergência mais profunda no seio da humanidade ocorreu há 100 mil anos”, explica a Carina Schlebusch, investigadora de pós-doutoramento em Uppsala, referindo-se à separação genética entre os Khoisan e os restantes povoadores do planeta.
Quando duas populações estão separadas há pouco tempo, como, por exemplo, as do Próximo Oriente e as do Mediterrâneo ocidental, os seus genomas são muito parecidos, ou seja, mostram um escassa divergência.
Quanto maior é a divergência, maior é a antiguidade da separação. Com dados deste tipo, os geneticistas conseguiram construir um mapa muito detalhado da história das migrações humanas. A maior divergência, ou seja, a separação mais antiga é a que se dá entre os Khoisan e as outras populações.
Os investigadores focaram-se sobre os genes que sofreram um processo de selecção evolutiva há mais de 100 mil anos, antes que este grupo começasse a divergir.
Foram encontradas seis variantes genéticas sujeitas a uma forte pressão evolutiva na época, “e que agora são património universal da humanidade. Podem ser os genes que fizeram evoluir a espécie humana desde o hominídeo mais primitivo, pensam os autores”.
Os Khoisan têm sido, nos últimos séculos, vítimas de extermínio intenso. O grupo mais abundante, na actualidade, encontra-se no sul de África, e conta com 250 mil falantes da língua dos 'cliques'.

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=55619&op=all

Consciência Negra é destaque no documentário "História da Resistência Negra no Brasil

Consciência Negra: Biografia - Milton Santos (1926-2001)


Milton Santos (1926-2001)

Por Marie-Hélène Tiercelin dos Santos com títulos de Jacques Levy
Bacharel em DireitoUniversidade Federal da Bahia (1948)
Doutor em GeografiaUniversidade de Strasbourg (1958), sob orientação do Prof. Jean Tricart
1948-1964. Um pesquisador implicado na realidade local
Até 1964, ano em que deixa o Brasil em razão do golpe militar,  ele conduz paralelamente uma carreira acadêmica e atividades públicas. Jornalista e redator do jornal A Tarde (1954-1964), professor de geografia humana na Universidade Católica de Salvador (1956-1960), professor catedrático de geografia humana na Universidade Federal da Bahia onde cria o Laboratório de Geociências, será diretor da Imprensa Oficial da Bahia (1959-1961), presidente da Fundação Comissão de Planejamento Econômico do Estado da Bahia (1962-1964), e representante da Casa Civil do presidente Janio Quadros na Bahia, em 1961. Suas pesquisas e publicações da época focalizam as realidades locais, principalmente a capital – a tese de doutorado é intitulada O Centro da Cidade de Salvador – assim como as cidades e a região do Recôncavo.
1964-1977. Um pesquisador viajante
Em 1964, começa uma carreira internacional imposta pela situação política no Brasil. Primeiro na França, professor convidado nas universidades de Toulouse, Bordeaux e Paris-Sorbonne, e no IEDES (Instituto de Estudos do Desenvolvimento Econômico eSocial). De 1971 a 1977, inicia uma carreira verdadeiramente itinerante, ao sabor dos convites: no MIT (Massachusetts Institute of Technology – Boston) como pesquisador; e como professor convidado nas universidades de Toronto (Canadá), Caracas (Venezuela), Dar-es-Salam (Tanzânia), Columbia University (New York). Esse período  abre uma longa caminhada em direção a teorização em geografia, com o intenso aproveitamento das ricas bibliotecas das grandes universidades. Primeiro uma ampliação do foco com o livro Les Villes Du Tiers Monde, 1971, onde já aparece ointeresse em estudar as peculiaridades da economia urbana dos países então chamados  subdesenvolvidos, caracterizada pelos seus dois circuitos, superior e inferior, e resultando no livro L’Espace Partagé: les deux circuits de l’économie des pays sous-développés publicado em francês em 1975, em inglês e português em 1979.
1977-2001. Um pesquisador engajado
Em 1977, retorna ao Brasil. Passam-se dois anos antes de conseguir voltar a ensinar na universidade brasileira, primeiro na Universidade Federal do Rio de Janeiro, de 1979 a 1983, ano em que ingressa por concurso na Universidade de São Paulo, professor titular de geografia humana até a aposentadoria compulsória, recebendo o título de Professor Emérito da USP em 1997 e continuando a pesquisar, publicar e orientar estudantes até o final de sua vida.Será reintegrado oficialmente à Universidade Federal da Bahia em 1995, da qual tinha sido demitido por “ausência”. Doze universidades brasileiras e sete universidades estrangeiras lhe outorgaram o titulo de Doutor Honoris Causa.
Em 1994, recebe o Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud. Nesta última fase de seu percurso, publica Por uma Geografia Nova, da crítica da geografia a uma geografia crítica (1978), contribuição à efervescência e ânsia de renovação dessa ciência no Brasil . O espaço é definido como uma instancia social ativa, a noção de formação sócio-espacial introduzida. As pesquisas, as aulas e as publicações resultantes tencionam um esforço epistemológico para dotar a geografia latino-americana de categorias de análise apropriadas.
O estudo do meio técnico-científico-informacional deve permitir entender a organização do espaço no período histórico atual. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico informacional (1994), Da totalidade ao lugar(1996), Metamorfose do espaço habitado (1997), são algumas dessas publicações que desembocam na sua obra maior (no seu livro maior?): A Natureza do Espaço (1996), que quer ser “uma teoria geral do espaço humano, uma contribuição da geografia `reconstrução da teoria social”. Enfim, em 2000, publica Por uma outra globalização, do pensamento único à consciência universal.

Veja aqui o currículo completo de Milton Santos


Fonte: http://miltonsantos.com.br/site/biografia/

Mais que constatações, são necessárias ações que provoquem a população negra para um protagonismo que será fundamental na luta de classes brasileira


por: Douglas Belchior

Escravo
O mês e a semana da consciência negra, celebrada em memória dos líderes Zumbi e Dandara e da revolucionária experiência de Palmares vem sendo cada vez mais incorporada pelos movimentos negros, movimentos sociais e organizações da resistência não só como um momento de reflexão e de festa, mas, sobretudo, como um momento de combate propositivo e enfrentamento às elites racistas deste país.
 Com a atual crise do capitalismo, aumentam as injustiças sociais e o povo negro sofre ainda mais. O Estado brasileiro, aliado às elites racistas, impõe a violência e a morte, presentes nas ações policiais nos morros cariocas, nas periferias de São Paulo, Salvador e em todas as demais grandes cidades.
 Nos últimos meses a violência do estado policial, comum a nós, ganhou notoriedade em toda imprensa. Os conflitos patrocinados pela polícia militar em regiões periféricas de São Paulo (casos de Heliópolis, Capão e Paraisópolis) provocaram um sentimento de revolta que a cada dia é mais canalizado para a luta por direitos e contra as injustiças. No Rio de Janeiro e na Bahia a população negra sofre como nunca antes nas mãos armadas do estado repressor que ocupa seus espaços, invade, agride, encarcera e mata.
 Essa revolta ganha mais sentido à medida que pesquisas como a do estudo da Uerj/Unicef, revelam que as mortes violentas correspondem a 46% dos óbitos de adolescentes no país e é a principal causa de mortes na faixa etária entre 12 e 18 anos. Com isso 33 mil adolescentes deverão morrer por conta da violência até 2012. São quase 5 mil mortes por ano. Em geral, o adolescente assassinado é homem, negro e tem baixa escolaridade.
 As desigualdades permanecem em todos os níveis: negras/os recebem em média 53% da renda dos brancos. A taxa de desemprego entre negras/os é de 9,3% enquanto que a de brancas/os é de 7,5%. Nos setores com menor remuneração a maioria das/os trabalhadoras/es é negra, caso da agricultura (60,3%), construção civil (57,9%) e serviços domésticos (59,1%). Cerca de 5% dos negro/as formam-se em cursos superiores ao mesmo tempo em que 18% dos brancos atingem esse mesmo grau de estudo.
 Se no período da escravidão a população africana e seus descendentes eram submetidos aos castigos nas máscaras de ferro, tronco, gargalheira, libambo, além de açoites públicos no pelourinho, hoje a tortura está travestida e institucionalizada pelas polícias militares que detém autorização para abordar, prender, torturar e matar. Se nos tempos da colônia e do Império as famílias negras eram fragmentadas ao serem os seus membros vendidos para senhores diferentes, hoje as famílias negras são fragmentadas graças ao caos social vigente, à precarização dos serviços e direitos essenciais e principalmente pela violência e a barbárie que teima em vitimizar especialmente os negras/as.
 Mais que constatações, são necessárias ações que provoquem a população negra para um protagonismo que será fundamental na luta de classes brasileira. A organização comunitária através dos cursinhos pré-vestibulares e núcleos de base apresentam-se como uma das alternativas de organização para esse fim.
 Desde a República de Palmares, que foi o mais importante testemunho do poder de organização política, econômica e militar dos negros na América Latina, nossa população se fez presente em todos os levantes sociais nos períodos da Colônia e do império. A resistência negra se deu historicamente na prática da luta pela sobrevivência e permanece assim até nossos dias. A nós resta lutar!
 Daí a importância em integrar as demandas e pautas dos mais diversos movimentos às lutas do povo negro, assim como será fundamental para o acúmulo de forças e para a construção de um novo projeto de país a integração da questão racial como um elemento estruturante das desigualdades sociais e não apenas como assunto temático ou setorial.
 A luta por educação pública, gratuita e de qualidade, por um sistema de saúde eficiente e acessível, por reforma agrária e urbana, por moradia digna, a luta contra os interesses do grande capital especulativo, do sistema financeiro e bancário, do latifúndio e do agronegócio são bandeiras que devem ser apropriadas pelos movimentos negros, afinal, suas conseqüências sociais atingem especialmente a população negra.
 a mesma forma esperamos que os/as companheiros/as dos diversos movimentos sociais considerem a necessidade e a urgência do combate ao racismo e às desigualdades dele recorrente, que hoje hegemoniza nossas relações e está institucionalizado e enraizado em toda a sociedade. Só assim teremos chances de vitória no combate à burguesia racista brasileira.
Fomentar a consciência negra é resgatar a consciência de classes e de luta. Portanto, dia 20 de novembro é dia de ação e de enfrentamento!
 Douglas Belchior é professor de história e membro do Conselho Geral da Une

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

"CRIANÇAS FORAM GANHANDO A PREFERÊNCIA DOS TRAFICANTES" (David Eltis)

Photo: Crianças foram ganhando a preferência dos traficantes porque, entre outros aspectos, eram mais “maleáveis” que adultos, indicam novas pesquisas publicadas duzentos anos após a lei britânica que proibiu o comércio de escravos.

No fim da era escravagista, um em cada três africanos escravizados era criança, nas estimativas do historiador David Eltis, da Universidade de Emory, em Atlanta, um dos maiores especialistas mundiais no tema.

Segundo Eltis, cerca de 12,5 milhões de escravos deixaram a costa da África entre 1500 e 1867, quando se tem registro do último carregamento. Em torno de 10 milhões chegaram aos seus destinos nas Américas.

Nos cálculos do pesquisador, dos 5,5 milhões de pessoas que tinham como destino o Brasil, apenas 4,9 milhões desembarcaram em portos brasileiros.

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Dos séculos XVI ao XIX, um número estimado de 20 milhões de africanos cruzaram o Atlântico para as Américas no comércio transatlântico de escravos. Usado em plantações de todo os Estados Unidos, América Latina e Caribe, escravos africanos foram enviados em grande parte da África Ocidental. Com uma vida média de cinco a sete anos, a demanda por escravos da África crescia cada vez mais entre os comerciantes do século XVIII. Até recentemente, os estudos sobre escravos raramente discutem as experiências das crianças no comércio de escravos transatlântico. Estima-se que um quarto dos escravos que cruzaram o Atlântico eram crianças. No entanto, a falta de fontes e uma falta de importância mantiveram suas histórias desconhecidas.

Escravização
Como os adultos, as crianças foram integrantes do comércio de escravos, só não tiveram variedade de fontes. As crianças geralmente se encontravam escravizados como prisioneiros de guerra. Quando os homens eram mortos em batalhas, mulheres, crianças e idosos se tornaram especialmente vulneráveis. Aqueles que não foram mortos ou resgatados foram vendidos como escravos. Caravanas comerciais freqüentemente seguidas por expedições militares esperavam pacientemente aos têxteis e bens de câmbio para o câmbio de cativos. Em algumas áreas da África Ocidental, o sequestro foi um método popular de aquisição de crianças. As crianças foram capturados durante o trabalho nos campos, andando nos arredores da cidade, ou inocentemente jogando fora, longe da vista dos pais. Para que as comunidades pudessem fazer face às despesas em tempos de fome, famílias, por vezes vendiam seus filhos como escravos. Muitas crianças também encontraram-se como peões ou papel de troca de negociação para pagar dívidas ou crimes cometidos por seus pais ou parentes. Alguns pais venderam as crianças que estavam com problemas de saúde, exigido necessidades especiais.

Da Viagem a Venda
O que aconteceu nos dias, semanas ou até meses que se seguiram a sua captura ou venda foi um turbilhão de acontecimentos que tiveram efeitos devastadores sobre as psiques dos escravizados. Algumas crianças foram vendidos imediatamente, aumentando o contingente de escravos com destino ao litoral. Outros foram vendidos várias vezes. Muitas crianças nunca saíram do interior e permaneceram escravos na África. Outros morreram em algum lugar da rota feita no mar, juntamente com milhares de outros escravos, jovens e velhos.

Preferências
Para aquelas crianças que chegaram à costa, eles foram levados para uma fábrica, castelo ou posto de troca, onde foram vendidos para comerciantes que colocaram em celas com outros escravos. Os comerciantes, em seguida, retiravam os restos de roupas que possuíam e lubrificavam seus corpos com óleo de palma. Muitas vezes, os comerciantes do litoral lhes raspavam a cabeça. Uma vez adquiridos, os comerciantes do litoral geralmente marcavam os escravos com o símbolo da empresa comercial ou nome do proprietário em seu peito.

Os comerciantes geralmente definida como qualquer criança abaixo de 1,30 de altura, e aqueles escravos que embarcaram com filhos, receberam autorização para manter as crianças sem restrições no convés com as mulheres. Aqueles que viajaram no convés, ocasionalmente, receberam tratamento especial e atenção do capitão e da tripulação, que deram-lhes suas roupas velhas, ensinou-os jogos, ou até mesmo como a velejar. Outras crianças,  se recusaram a jogar ou até mesmo comer. Algumas crianças, seguravam firmemente nos braços reconfortantes das mulheres, choraram durante toda a noite. Filhos mais altos, foram colocadas no porão, com adultos, onde eles experimentaram condições horríveis, insalubres. Qualquer que fosse o seu tamanho, chorando ou deixando de comer ou dormir resultou em punição severa.

Embora as crianças recebessem algum tratamento preferencial, a maioria delas sofreram experiências semelhantes, se não igual aos adultos que viajam ao lado deles. Este tratamento preferencial em viajar fora do porão deu às crianças uma chance de sobrevivência, mas os protegia do castigo corporal, desnutrição e doenças. Durante a travessia, através do Atlântico, que duravam de um mês a três e até mais , dependia dos ventos, as crianças tiveram altas taxas de mortalidade. Muitos sucumbiram a doenças que acompanharam cada viagem até outro lado do Atlântico, especialmente vermes intestinais. Às vezes as crianças doentes eram atirados ao mar na esperança de que sua doença não se espalhasse para o resto da carga de escravos.

 A Demanda por crianças
Até o século XVIII a maioria das empresas comerciais tiveram pouco ou nenhum desejo de adquirir as crianças da costa da África, e incentivaram os seus capitães para não comprá-las. As crianças eram um risco, e muitos fazendeiros e comerciantes que compraram deles perderam dinheiro em seus investimentos. Porque as crianças (especialmente os jovens e crianças) eram vulneráveis à doença, o custo do transporte deles abaixou margens globais lucros. Além disso, as crianças africanas não seria capazes  de realizar trabalhos forçados ou produzir qualquer descendência, nem mesmo os maiores. Como resultado, somente se solicitado por um fazendeiro ou comerciante trazia-se crianças, as crianças eram extremamente difíceis de vender nos mercados das Índias Ocidentais.

Em meados do século XVIII, no entanto, os fazendeiros economicamente dependentes do comércio de escravos passaram a depender de crianças e jovens. Como o movimento abolicionista cada vez mais ameaçada a sua oferta de escravos, os fazendeiros adotaram a estratégia de importar escravos mais jovens que viveriam mais. Saldo, a juventude tornou-se um ativo atraente sobre os blocos de leilão dos mercados de escravos. Passaram a comprar mais mulheres para reproduzir e crianças, a fim de salvar seus interesses econômicos, os comerciantes modificaram suas idéias de lucro, risco, passaram a valorizar criança mudando toda a outra porção do Mundo Atlântico.

"A escravidão acabou, a “roda dos expostos” acabou, a obrigação dos cativos acabou. No entanto, o que se constata através das notícias que nos chegam é que não acabou a exploração do trabalho infantil, o abandono de recém-nascidos e de crianças mais velhas e nem o autoritarismo em algumas instituições educacionais, familiares e governamental. Supondo-se haver um local de retirada de carvão, pedras preciosas ou semi, lavoura de cana-de-açúcar em locais distantes, que necessitem de mão-de-obra barata e fora do “braço da lei”, teremos aí o trabalho escravo, inclusive o infantil. São freqüentes os relatos sobre pedofilia, praticados por “homens de bem” e “pais de famílias”, que abusam sexualmente de crianças e adolescentes. Estariam de volta os senhores de engenho e seus capatazes, disfarçados com paletós e colarinhos brancos, que, por acaso, trabalham para o bem do povo?

Muitas crianças morriam na época do Império por causa da falta de higiene e do desconhecimento da medicina. Aparentemente, havia pouca informação sobre como lidar com as crianças pequenas. Hoje, porém, passados séculos, as crianças continuam a morrer de frio, de falta de cuidados, de falta de consideração, de fome. Impera a lei da selva, onde só sobrevive o mais forte e o mais esperto. Através dos noticiários das redes de televisão que sempre estão presentes nas rebeliões, vemos presídios, penitenciárias e instituições para menores infratores lotadas de pessoas por falta de políticas desenvolvidas para que se evitasse esta situação. Como desenvolver políticas que abranjam a todos, dando oportunidade de empregos, escolas, saúde e moradias com dignidade?

A questão que se traz nesta abordagem é uma reflexão para uma atualidade referente às políticas para a infância no Brasil e suas implementações falhas, no sentido de assegurar e proteger a infância, como um tempo de formação na vida do indivíduo, fundamental para toda a sociedade que quer preservar modos de vida e de cultura, nos faz considerar que a maneira de se conceber a infância, nos períodos tratados, divergia, consideravelmente, da forma como se concebe a infância nos dias de hoje e que a marginalização da infância continua a existir em alto grau, sobretudo dos filhos das classes desfavorecidas e em especial a criança negra. A morosidade da implementação das políticas para a infância, sua execução e formas de fiscalização deficientes se apresentam como uma das importantes causas da infância roubada no país, desde os tempos coloniais."  (História da Bahia)

FONTES: Jovens e crianças na história, História da Bahia, BBC Brasil
Referências bibliográficas:Colleen A. Vasconcellos, "Children in the Slave Trade," in Children and Youth in History, Item #141.
*MATTOSO, KÁTIA DE QUEIRÓS. “O Filho da Escrava ( Em Torno da Lei do Ventre Livre)”. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.8, nº l6, pp. 37-55, Março 88/Agosto 88. Ver p.45.
*CONRAD, ROBERT. Os últimos anos da escravatura no Brasil.: 1850-88. Tradução de Fernando de Castro Ferro. Rio, Civilização Brasileira/INL, 1975, p.144-145.
*MOTT, MARIA LÚCIA, MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES DAS NEVES e RENATO PINTO VENÂNCIO. “A Escravidão e a Criança Negra”. Ciência Hoje, vol. 8, nº 48, p. 20-23, nov.1988. Ver p.22

P.S: Caros, não postem dúvidas, solicitações ou sugestões que não sejam pertinentes ao post como comentário, envie-os por mensagem, colaborem com a página para que continuemos agradando.
Obrigada!



"CRIANÇAS FORAM GANHANDO A PREFERÊNCIA DOS TRAFICANTES"  (David Eltis)
INFELIZMENTE A HISTÓRIA SE REPETE HOJE, QUANDO VEMOS O TRÁFICO OU A MILÍCIA ARREGIMENTANDO NOSSAS CRIANÇAS, NOSSOS JOVENS NEGROS MORRENDO PRECOCEMENTE, NOSSAS MENINAS  SENDO EXPLORANDO SEXUALMENTE. 
ISTO TUDO DIANTE DE UM ESTADO OMISSO DE SUAS RESPONSABILIDADES, EM RELAÇÃO A REALMENTE CRIAR POLÍTICAS QUE COMBATAM AS DESIGUALDADES, OMISSO NA GARANTIA DO DIREITO DA POPULAÇÃO, A TRABALHO E SALÁRIO DIGNO, MORADIA ADEQUADA, TRANSPORTE, EDUCAÇÃO E SAÚDE 100% PÚBLICA E ESTATAL!

Crianças foram ganhando a preferência, porque outros aspectos, eram mais "maleáveis" que adultos, indicam pesquisas publicada duzentos anos após a lei britânica  que proibiu o comércio de escravos. 

No fim da era
 escravagista, um em cada três africanos escravizados era criança, nas estimativas do historiador David Eltis, da Universidade de Emory, em Atlanta, um dos maiores especialistas mundiais no tema.

Segundo Eltis, cerca de 12,5 milhões de escravos deixaram a costa da África entre 1500 e 1867, quando se tem registro do último carregamento. Em torno de 10 milhões chegaram aos seus destinos nas Américas.

Nos cálculos do pesquisador, dos 5,5 milhões de pessoas que tinham como destino o Brasil, apenas 4,9 milhões desembarcaram em portos brasileiros.
Dos séculos XVI ao XIX, um número estimado de 20 milhões de africanos cruzaram o Atlântico para as Américas no comércio transatlântico de escravos. Usado em plantações de todo os Estados Unidos, América Latina e Caribe, escravos africanos foram enviados em grande parte da África Ocidental. Com uma vida média de cinco a sete anos, a demanda por escravos da África crescia cada vez mais entre os comerciantes do século XVIII. Até recentemente, os estudos sobre escravos raramente discutem as experiências das crianças no comércio de escravos transatlântico. Estima-se que um quarto dos escravos que cruzaram o Atlântico eram crianças. No entanto, a falta de fontes e uma falta de importância mantiveram suas histórias desconhecidas.
Escravização
Como os adultos, as crianças foram integrantes do comércio de escravos, só não tiveram variedade de fontes. As crianças geralmente se encontravam escravizados como prisioneiros de guerra. Quando os homens eram mortos em batalhas, mulheres, crianças e idosos se tornaram especialmente vulneráveis. Aqueles que não foram mortos ou resgatados foram vendidos como escravos. Caravanas comerciais freqüentemente seguidas por expedições militares esperavam pacientemente aos têxteis e bens de câmbio para o câmbio de cativos. Em algumas áreas da África Ocidental, o sequestro foi um método popular de aquisição de crianças. As crianças foram capturados durante o trabalho nos campos, andando nos arredores da cidade, ou inocentemente jogando fora, longe da vista dos pais. Para que as comunidades pudessem fazer face às despesas em tempos de fome, famílias, por vezes vendiam seus filhos como escravos. Muitas crianças também encontraram-se como peões ou papel de troca de negociação para pagar dívidas ou crimes cometidos por seus pais ou parentes. Alguns pais venderam as crianças que estavam com problemas de saúde, exigido necessidades especiais.
Da Viagem a Venda
O que aconteceu nos dias, semanas ou até meses que se seguiram a sua captura ou venda foi um turbilhão de acontecimentos que tiveram efeitos devastadores sobre as psiques dos escravizados. Algumas crianças foram vendidos imediatamente, aumentando o contingente de escravos com destino ao litoral. Outros foram vendidos várias vezes. Muitas crianças nunca saíram do interior e permaneceram escravos na África. Outros morreram em algum lugar da rota feita no mar, juntamente com milhares de outros escravos, jovens e velhos.
Preferências
Para aquelas crianças que chegaram à costa, eles foram levados para uma fábrica, castelo ou posto de troca, onde foram vendidos para comerciantes que colocaram em celas com outros escravos. Os comerciantes, em seguida, retiravam os restos de roupas que possuíam e lubrificavam seus corpos com óleo de palma. Muitas vezes, os comerciantes do litoral lhes raspavam a cabeça. Uma vez adquiridos, os comerciantes do litoral geralmente marcavam os escravos com o símbolo da empresa comercial ou nome do proprietário em seu peito.
Os comerciantes geralmente definida como qualquer criança abaixo de 1,30 de altura, e aqueles escravos que embarcaram com filhos, receberam autorização para manter as crianças sem restrições no convés com as mulheres. Aqueles que viajaram no convés, ocasionalmente, receberam tratamento especial e atenção do capitão e da tripulação, que deram-lhes suas roupas velhas, ensinou-os jogos, ou até mesmo como a velejar. Outras crianças, se recusaram a jogar ou até mesmo comer. Algumas crianças, seguravam firmemente nos braços reconfortantes das mulheres, choraram durante toda a noite. Filhos mais altos, foram colocadas no porão, com adultos, onde eles experimentaram condições horríveis, insalubres. Qualquer que fosse o seu tamanho, chorando ou deixando de comer ou dormir resultou em punição severa.
Embora as crianças recebessem algum tratamento preferencial, a maioria delas sofreram experiências semelhantes, se não igual aos adultos que viajam ao lado deles. Este tratamento preferencial em viajar fora do porão deu às crianças uma chance de sobrevivência, mas os protegia do castigo corporal, desnutrição e doenças. Durante a travessia, através do Atlântico, que duravam de um mês a três e até mais , dependia dos ventos, as crianças tiveram altas taxas de mortalidade. Muitos sucumbiram a doenças que acompanharam cada viagem até outro lado do Atlântico, especialmente vermes intestinais. Às vezes as crianças doentes eram atirados ao mar na esperança de que sua doença não se espalhasse para o resto da carga de escravos.
A Demanda por crianças
Até o século XVIII a maioria das empresas comerciais tiveram pouco ou nenhum desejo de adquirir as crianças da costa da África, e incentivaram os seus capitães para não comprá-las. As crianças eram um risco, e muitos fazendeiros e comerciantes que compraram deles perderam dinheiro em seus investimentos. Porque as crianças (especialmente os jovens e crianças) eram vulneráveis à doença, o custo do transporte deles abaixou margens globais lucros. Além disso, as crianças africanas não seria capazes de realizar trabalhos forçados ou produzir qualquer descendência, nem mesmo os maiores. Como resultado, somente se solicitado por um fazendeiro ou comerciante trazia-se crianças, as crianças eram extremamente difíceis de vender nos mercados das Índias Ocidentais.
Em meados do século XVIII, no entanto, os fazendeiros economicamente dependentes do comércio de escravos passaram a depender de crianças e jovens. Como o movimento abolicionista cada vez mais ameaçada a sua oferta de escravos, os fazendeiros adotaram a estratégia de importar escravos mais jovens que viveriam mais. Saldo, a juventude tornou-se um ativo atraente sobre os blocos de leilão dos mercados de escravos. Passaram a comprar mais mulheres para reproduzir e crianças, a fim de salvar seus interesses econômicos, os comerciantes modificaram suas idéias de lucro, risco, passaram a valorizar criança mudando toda a outra porção do Mundo Atlântico.
"A escravidão acabou, a “roda dos expostos” acabou, a obrigação dos cativos acabou. No entanto, o que se constata através das notícias que nos chegam é que não acabou a exploração do trabalho infantil, o abandono de recém-nascidos e de crianças mais velhas e nem o autoritarismo em algumas instituições educacionais, familiares e governamental. Supondo-se haver um local de retirada de carvão, pedras preciosas ou semi, lavoura de cana-de-açúcar em locais distantes, que necessitem de mão-de-obra barata e fora do “braço da lei”, teremos aí o trabalho escravo, inclusive o infantil. São freqüentes os relatos sobre pedofilia, praticados por “homens de bem” e “pais de famílias”, que abusam sexualmente de crianças e adolescentes. Estariam de volta os senhores de engenho e seus capatazes, disfarçados com paletós e colarinhos brancos, que, por acaso, trabalham para o bem do povo?
Muitas crianças morriam na época do Império por causa da falta de higiene e do desconhecimento da medicina. Aparentemente, havia pouca informação sobre como lidar com as crianças pequenas. Hoje, porém, passados séculos, as crianças continuam a morrer de frio, de falta de cuidados, de falta de consideração, de fome. Impera a lei da selva, onde só sobrevive o mais forte e o mais esperto. Através dos noticiários das redes de televisão que sempre estão presentes nas rebeliões, vemos presídios, penitenciárias e instituições para menores infratores lotadas de pessoas por falta de políticas desenvolvidas para que se evitasse esta situação. Como desenvolver políticas que abranjam a todos, dando oportunidade de empregos, escolas, saúde e moradias com dignidade?
A questão que se traz nesta abordagem é uma reflexão para uma atualidade referente às políticas para a infância no Brasil e suas implementações falhas, no sentido de assegurar e proteger a infância, como um tempo de formação na vida do indivíduo, fundamental para toda a sociedade que quer preservar modos de vida e de cultura, nos faz considerar que a maneira de se conceber a infância, nos períodos tratados, divergia, consideravelmente, da forma como se concebe a infância nos dias de hoje e que a marginalização da infância continua a existir em alto grau, sobretudo dos filhos das classes desfavorecidas e em especial a criança negra. A morosidade da implementação das políticas para a infância, sua execução e formas de fiscalização deficientes se apresentam como uma das importantes causas da infância roubada no país, desde os tempos coloniais." (História da Bahia)

FONTES: Jovens e crianças na história, História da Bahia, BBC Brasil
Referências bibliográficas:Colleen A. Vasconcellos, "Children in the Slave Trade," in Children and Youth in History, Item #141.
*MATTOSO, KÁTIA DE QUEIRÓS. “O Filho da Escrava ( Em Torno da Lei do Ventre Livre)”. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.8, nº l6, pp. 37-55, Março 88/Agosto 88. Ver p.45.
*CONRAD, ROBERT. Os últimos anos da escravatura no Brasil.: 1850-88. Tradução de Fernando de Castro Ferro. Rio, Civilização Brasileira/INL, 1975, p.144-145.
*MOTT, MARIA LÚCIA, MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES DAS NEVES e RENATO PINTO VENÂNCIO. “A Escravidão e a Criança Negra”. Ciência Hoje, vol. 8, nº 48, p. 20-23, nov.1988. Ver p.2
Fonte: Quilombo Raça Classe