quinta-feira, 21 de abril de 2011

No que você está pensando? Estou pensando na barbárie carioca.

Por Lucas Limberti

Estou consternado. Sou professor e vivo com aquelas crianças, isso mesmo, iguais aquelas do Rio de Janeiro. Esta semana no intervalo do noturno, numa Escola muito parecida com a da tragédia, só que em São Paulo, ligamos a TV na secretaria e juntos, secretários, professores, funcionários compartilhamos lágrimas e revolta.
A pergunta é: Por quê? Loucura?

Tirando essa possibilidade que cabe as instituições competentes no que diz respeito a um fato isolado vale lembrar algumas coisas que as pessoas no afã do luto acabam desconsiderando.
Falo do inconsciente coletivo da violência que se estabelece no Brasil há muito tempo. Desta vez surge mais um personagem, com outra gênese. Desta vez, não deu pros “caveiras” do BOPE.

Não é mesmo, Capitão Nascimento? (super-herói de araque).

Desta vez não foram os bandidos, tipo social marcadamente dicotômico ao primeiro exemplo. O lado ruim, o vilão nesse maniqueísmo é construído para romanticamente tornar razoável a limpeza étnica e social dos morros e favelas, constituindo assim esse outro personagem da historinha da vida real criada nas entrelinhas e maquiando o carnaval da corrupção e dos ditames elitistas.
Porém, desta vez a lógica maniqueísta fugiu ao controle dos “bonzinhos pacificadores” que usam a faca na caveira. Desta vez as caveiras furadas foram as das crianças de Realengo.
E eis que nasce a terceira via, um terceiro personagem: “O louco, fundamentalista e matador de criancinhas”.

Era a pimenta de vingança para a historinha da tragédia brasileira. O problema é que essa historinha de personagens bem ao estilo Marvel Comics, não é ficção.
Este “louco” precisa de um antídoto muito mais complexo do que uma polícia competente ou de um tanque de guerra urbano docilmente chamado de “caveirão”. É preciso acabar com a ideologia do crime presente no inconsciente coletivo da sociedade, isto significa mudar degrau por degrau, ideias pequenas sobre pacificação.

Especificamente no Rio de Janeiro, antiga corte opressora, o caso é mais grave. Desde sempre a síndrome da malandragem, o dito mal de Zé carioca, há muito constrói uma persona de que o melhor é o mais malandro (ver publicação no blog )1.

Além disso, a criminalidade se desenvolve desde a década de 60, 70 e 80 muito bem retratada pelo filme “Cidade de Deus” e na década de 90 e início do século com “Tropa de elite I e II”. O crime tornou-se parte da cultura carioca, tiros, sequestros, guerras entre organizações criminosas estão logo ali no morros cercando a cidade.

A classe média acostumada com esta lógica criou filhos “bolados”, fisiologicamente moldados em academias e treinados nas mais diversas artes marciais que acham “cult” ir ao Castelo das pedras (balada funk carioca) e “descer até o chão” rebolando a vida com músicas “proibidonas” com apologia direta ao crime.

Até onde não deveria. Ídolo do esporte, repito, do esporte, impera em fotos nos jornais portando metralhadora ou fazendo símbolo em alusão à organizações criminosas.

No Brasil, numa das poucas oportunidades ideológicas de paz o resultado foi de derrota. No referendo contra as armas de alguns anos atrás a vitória foi da violência. O Brasil disse “SIM”, nós somo à favor da comercialização das armas.

Arma é um objeto que serve para matar, logo é um objeto que atenta contra a vida. Comercializá-la, significa dizer que somos a favor de que pessoas que não são responsáveis pela segurança da sociedade portem este objeto da morte. Esta é uma postura ideologicamente violenta, é claro que não resolve, que o bandido vai continuar armado, mas o degrau da paz foi alcançado e assim aos poucos mudamos este inconsciente comportamental de violência.

Assim, quem sabe numa sociedade menos violenta, o assassino de Realengo tivesse sofrido menos preconceito na infância, tivesse tido oportunidade de tratamento mental (se é que este o caso), viveria num mundo onde a moral não seria pautada por empresários bem vestidos com bíblias debaixo do braço que se aproveitam da carência existencial dos oprimidos.

Estas doze crianças fazem parte do meu dia-a-dia, estas doze criança infelizmente já estão sendo utilizadas politicamente, mas as lágrimas que derramei por fazer parte desse meio, dessa desmesura que vive a educação no nosso país, não serão em vão. Vou pegar a história destas doze crianças e estampar uma bandeira, um estandarte de luta por um amanhã se não melhor, pelo menos totalmente diferente do que vivemos nessa semana.

1-Artigo publicado sobre a estética da malandragem no blog “Varal do infinito” www.varaldoinfinito.uniblog.com.br )

Texto Apresentado no CENTRO CULTURAL VERGUEIRO - Projeto Vinagrete toca Projeto Vinagrete.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Educação pública de qualidade: lições da Escandinávia



Visita às escolas da Finlândia e Suécia, países modelos de excelência na educação, demonstra que não há mágica para melhorar o sistema brasileiro.
É preciso muito esforço


Ana Cristina Canettieri

No período de 27 de abril a 14 de maio, um grupo de educadores participou da viagem educacional à Escandinávia, interessados em conhecer detalhes do modelo educacional da Finlândia e da Suécia e identificar as principais razões do sucesso na avaliação do PISA. Destaca-se, o orgulho de todos por ter feito parte da primeira missão brasileira a ser oficialmente recebida pelos governos dos dois países.

Na Suécia houve um encontro especialíssimo, no Palácio Real de Estocolmo, com a Rainha Silvia, filha de brasileira e pai alemão, viveu em São Paulo dos 4 aos 13 anos, fala o português sem sotaque, é adorada pelos suecos, tem 3 filhos, e sua única filha, a Princesa Vitória, é a primeira na linha de sucessão ao trono sueco.

A Escandinávia possui hoje o mais elevado padrão de vida, mesmo entre as nações desenvolvidas. Nos últimos 30 anos, a Finlândia vem se destacando positivamente no cenário europeu e a educação tem papel fundamental na obtenção desse status quo. Hoje, esses países, e especialmente a Finlândia, que obteve a primeira colocação no exame do PISA, constituem modelos de excelência na educação e despertam grande interesse de governos, educadores, economistas e empresários do mundo todo.

A comitiva, formada por mais de 70 educadores de várias regiões do Brasil, participou de seminários sobre o sistema educacional sueco e finlandês e realizou visitas a dezenas de escolas, com objetivo de conhecer e comparar o papel do Estado e da escola privada, a capacitação e o papel fundamental do professor, o grau de autonomia dado às crianças e aos jovens, a inclusão natural de todos os estudantes, inclusive dos imigrantes, o sistema de avaliação das escolas.

Para ampliar ao máximo a visão sobre o sistema sueco e finlandês, foram incluídas visitas a instituições de ensino de diferentes níveis, do pré-escolar à universidade, pública e privada, de periferia e de bairros tradicionais.

Sobre a Finlândia

De um lado, ao extremo norte, a Finlândia faz fronteira com a Suécia, e de outro, em quase toda a sua extensão, com a Rússia. Helsinque, sua capital, é banhada pelas águas pouco salgadas do mar Báltico, e por esta razão se congela no inverno com uma camada de mais de 2 palmos de gelo. Neste período, os finlandeses praticam esqui sob o mar congelado, e alguns, os mais corajosos, fazem furos no gelo para pescar salmão.

Devido à inclinação do eixo da terra, uma vez ao ano, entre os dias 17 e 24 de junho, a Finlândia fica exposta ao sol 24 horas por dia - é o sol da meia-noite. Este período é tão importante que há festival de danças típicas ao ar livre para celebrá-lo.

Ao longo dos tempos, Suécia e Rússia dominaram a Finlândia - são 800 anos de história com a Suécia e 100, com a Rússia. Após a revolução russa, em 1917, a Finlândia ficou independente, portanto, apenas há 90 anos!

A população da Finlândia é de 5.200 milhões de habitantes e de Helsinque, 560 mil. Para efeito de comparação entre as cidades de referência, Estocolmo tem 900 mil, Oslo 529, Berlim 3.300 milhões e St. Petersburgo, 4.660 milhões, que juntas não alcançam a população de São Paulo!

A Educação na Finlândia

A nossa comitiva foi privilegiada ao ter tido não apenas um, mas dois encontros com Mrs. Eeva Pentilla, uma das mais respeitadas vozes em Educação da União Européia e responsável pelas escolas de Helsinque. Mrs. Pentilla, nos fez dois longos e apaixonantes relatos sobre a educação de seu país e nos confidenciou que pouco antes de sair o resultado do exame do PISA havia marcado uma reunião para discutir alguns pontos que considerava que não estavam nada bons nas escolas de Helsinque!! - Foi uma surpresa o 1º. lugar, não somos muito bons em matemática, gastamos mais tempo ensinando línguas, disse.

O sistema educacional da Finlândia é pequeno se comparado a muitos estados brasileiros. São 161 escolas básicas, as comprehensive schools - de 7 a 16 anos e 38 escolas secundárias, que totalizam pouco mais de 70 mil estudantes. Soma-se a este sistema os 26 mil alunos matriculados nas 37 escolas vocacionais ou técnicas, 130 mil nas 31 politécnicas e 176 mil nas 20 universidades.

No período em que a Finlândia fez parte da Suécia, a educação era feita pela igreja, que exigia que toda pessoa que quisesse se casar na igreja deveria saber ler. Saber ler é fazer parte da sociedade, é muito importante um indivíduo ser aceito pela sociedade, ser aceito pelo vizinho, afirmam os finlandeses. Assim, esta idéia persiste até hoje, a única mudança é que a sociedade não quer só saber ler, quer também a conclusão de todo o ciclo escolar básico.

Em 1970 houve uma grande revolução na educação finlandesa. Isso foi necessário pois no antigo sistema 20% no máximo completava o ciclo básico. Em 20 anos a Finlândia reverteu significativamente essa porcentagem. Já em 2004, as estatísticas mostraram que 9 alunos estavam fora da escola, e atualmente, 12 alunos. Notem, não estou me referindo à porcentagem! E esses 12 alunos têm ocupado o tempo de vários educadores buscando diferentes formas do sistema educacional reabsorvê-los.

No antigo sistema só a educação primária de 6 anos era gratuita, o restante da educação era paga. Em 1970, a educação básica passou a ser obrigatória e gratuita e com 9 anos de escolaridade e funcionamento das 8 às 15 horas. Também são gratuitos, durante os primeiros 9 anos, o transporte, a refeição e todo o material escolar. Após este período, os alunos têm que pagar os livros.

Na Finlândia, não se ensina a ler no ensino pré-escolar - a criança tem o direito de ser criança por mais tempo, ensinam, e está pronta para aprender a ler a partir dos 7 anos, afirmam.

Respondendo sobre a principal diferença entre o sistema educacional sueco e finlandês, Mrs. Pentilla deu o seguinte exemplo: se pais suecos saem para esquiar com o filho e o filho cai, eles correm para acudir; pais finlandeses, na mesma situação, simplesmente olham e dizem: - se levanta você é capaz, você consegue. Assim, a palavra de ordem no sistema educacional finlandês é: AUTONOMIA.

Existem escolas privadas na Finlândia, as independentes, como são chamadas. Todas são gratuitas, totalmente financiadas pelo Estado e abertas ao controle do Estado. A expansão do ensino privado é bastante incentivada pelo governo - só o setor privado reúne condições para atender às necessidades de uma sociedade que demanda por serviços educacionais cada vez mais diversificados.

Os reitores das escolas independentes, assim como os das públicas, são executivos recrutados no mercado, que têm que provar, ano a ano, que aplicaram bem os recursos recebidos para continuar no cargo.

Na Finlândia as escolas são consideradas um ótimo local para se trabalhar. Muitos querem atuar nas escolas, especialmente na docência. O prestígio dos professores é alto. Esses profissionais são valorizadíssimos e é comum auferirem salários superiores aos dos reitores, e ganham ainda mais aqueles que ensinam nos dois primeiros anos iniciais, considerados os mais importantes na motivação da aprendizagem. Se não forem adequados, podem interferir negativamente em todos os anos seguintes, afirmam. Os professores que atuam no nível fundamental contam com um suporte de psicólogos para atendê-los.

Se alguns alunos têm continuamente problemas de aprendizagem, a escola dispõe de professores especiais para recuperá-los. Na prática, se a dificuldade é em matemática, o aluno vai estudar com um professor especializado em problemas de aprendizagem, não com um professor de matemática. E a "recuperação" não ocorre após as aulas: mais tempo não motiva a criança ao aprendizado, pelo contrário, só faz cansá-la ainda mais. Também não são dados muitos exercícios aos alunos com dificuldades de aprendizagem - a quantidade de tarefa escolar é de acordo com as necessidades de cada um. E, ademais, as aulas e os exercícios escolares são organizados de tal forma que o aluno tenha tempo para o lazer.

Os alunos com dificuldades de aprendizagem não muito severas, estão integrados na mesma turma, e neste caso, a classe conta com um professor assistente. Pode ocorrer de ter 2 ou 3 professores em sala de aula. Para aqueles com dificuldades mais sérias, há escolas especializadas que funcionam dentro das escolas normais.

A formação do professor é feita na universidade que dura de 5 a 6 anos, a do professor-assistente, nas escolas politécnicas. Assim como a dos médicos é na universidade e a dos enfermeiros, na politécnica.

Em Helsinque para cada 800 alunos há um psicólogo e um assistente social, com locais de trabalho próprios dentro das escolas. Todos os alunos quando ingressam na escola têm uma entrevista com o psicólogo e com o assistente social. Graças a essa rotina de entrada, mais tarde, se eventualmente vierem a precisar de ajuda, não se sentirão estigmatizados pois já os conhecem.

As mulheres finlandesas são consideradas "beges", ou seja, são as que menos gastam com cosméticos em toda a União Européia, por outro lado, são bem motivadas para os estudos. Segundo resultado de uma pesquisa, elas atribuem muito valor ao homem que esteja no mesmo nível intelectual. Do universo feminino 70% tem curso superior, contra 40% do masculino, e a tendência é aumentar, na medida em que as mulheres vêm obtendo melhores resultados nos históricos escolares.

Muitos homens, por não terem cursado a universidade nem a escola politécnica, estão fora do mercado de trabalho. Isso pode ser uma das causas pela qual a Finlândia enfrenta um problema bastante sério - o alto índice de suicídio, especialmente dos homens entre 20 e 30 anos. Diante disso, os responsáveis pela educação vêm desenvolvendo intensamente ações para ampliar a participação masculina no ensino superior.

Um dos aspectos que contribuíram para os excelentes resultados no PISA é o nível de formação das mães, que é alto na Finlândia. Cabe mais à mãe e não aos pais, a responsabilidade em motivar os filhos à aprendizagem. Soma-se aos bons resultados os alunos serem motivados, permanentemente, a ler muito.

É um mau exemplo na Finlândia os pais levarem as crianças de carro à escola. Elas são levadas a se virarem por si mesmas.

Uma tradição finlandesa muito popular é o hábito de se fazer sauna. Como a escola deve ser uma extensão da casa e toda casa tem sauna, então na escola também deve haver uma. E regularmente alunos e professores fazem sauna, e não são encontros puramente festivos ou de lazer, são oportunidades para contextualização de conhecimentos.

Não há câmeras espalhadas pelas escolas, em hipótese alguma. As escolas são ambientes familiares - se não há câmeras nas casas não haveria razão de tê-las nas escolas. Em algumas escolas, alunos, professores, e funcionários, tiram os sapatos ou tênis com intuito de fazerem menos barulho e também para se sentirem mais confortáveis como se estivessem em casa.

Registra-se que durante as visitas às escolas não houve citação de nomes de teóricos que dão sustentação ao ensino na Finlândia. Enfaticamente é reforçada a autonomia dos professores, a confiança depositada neles no fazer bem o trabalho de ensinar. Há métodos de alfabetização específicos para ensinar famílias de imigrantes, outros, para ensinar crianças com maior nível de informação e domínio da língua, enfim, a educação é individual não é algo que se faça em massa.

Sobre a Suécia

A capital do Reino da Suécia é Estocolmo, que está construída sob 14 ilhas e há muitas e muitas pontes. É considerada a Veneza do Norte.

A religião dominante é luterana (94%) católica (4%) e outras (2%). As três coroas é o símbolo da Suécia.

Dizem os suecos que é mais barato manter a monarquia do que mudar o presidente de 4 em 4 anos, e as primeiras-damas a fazerem as mudanças nas cortinas, nos sofás...

A Educação na Suécia

A Suécia conquistou a 10ª. posição na avaliação do PISA, e de uma forma geral, há muita similaridade nos dois sistemas de ensino, assim, muitas situações encontradas nas escolas da Finlândia se repetem nas da Suécia e vice-versa.

Tal como na Finlândia, o sistema escolar sueco está baseado na autonomia. Desde 1991, foi delegada muita responsabilidade para as escolas, para os gestores e para a municipalidade. O governo e o parlamento ditam a forma e os objetivos a seguir e as escolas devem fazer avaliação periódica para constatar se as exigências legais estão sendo seguidas.

Nos últimos 20 anos houve muita modificação na pré-escola. Segundo a legislação sueca, se os pais querem trabalhar a comuna tem que garantir a integração da criança na escola. Assim, a pré-escola tem 2 funções: permitir que os pais trabalhem e garantir a possibilidade de inserção da mulher no mercado de trabalho. Para isso, as escolas infantis funcionam das 6:30 às 18:30 horas. Estão integradas no ensino infantil 98% das crianças com 3 e 4 anos.

Formação Técnica

A partir de 1980 houve uma mudança de paradigma na formação profissional dos técnicos - a formação profissional, dá lugar à preparação profissional. Antes, os alunos só aprendiam a trabalhar com as mãos. Para ser um cidadão, não se pode ter conhecimentos só da prática. Há que se dominar a língua e se ter conhecimentos matemáticos. Hoje, 1/3 dos estudos é teórico. Os empregadores consideram que os estudantes de hoje não são tão rápidos no ofício. Por meio de encontros e reuniões, as escolas buscaram a mudança de mentalidade dos empresários para melhor aceitação e conseqüentemente manutenção do emprego desse novo técnico. O professor tem como uma de suas atribuições visitar freqüentemente as empresas em busca do ajuste da formação. E a formação pedagógica desses professores deve ser garantida pela escola.

Todas as escolas fundamentais, secundárias ou pós-secundárias funcionam em período integral - das 8 às 15 horas.

A licença maternidade é longa na Suécia - 14/16 meses. É um direito da criança e não dos pais. É a criança que tem o direito de estar junto dos pais por mais tempo.

No período de 1991 a 2006 cresceu muito o número de escolas privadas na Suécia, e,

assim como na Finlândia, são totalmente gratuitas. A razão principal dessa expansão, se deve ao incentivo dado pelo governo, por entender que as escolas independentes podem atender melhor as diferentes peculiaridades e anseios da comunidade, e ainda, permitir a livre escolha do aluno, que por meio de um "vaucher" decide onde quer estudar.

Há uma escola, por exemplo, só para alunos que têm pais trabalhando no exterior e pais do exterior trabalhando na Suécia. Numa outra escola, a peculiaridade é a prova de música ser eliminatória para o acesso. Os alunos fazem "cursinho" de canto, se quiserem estudar nesse tradicional ginásio. Já numa outra, que tem por missão ser uma escola politécnica européia: não se aceita professores americanos, latinos ou asiáticos, por exemplo, nem alunos de outra nacionalidade que não a dos países europeus, e os temas estudados são de interesse tão somente da Europa.

Nas escolas, mesmo nas mais elitizadas, é comum ter oficinas e cozinhas para que os alunos, a partir de 13 anos, aprendam a consertar bicicletas, aparelhos domésticos, entendam os fundamentos da hidráulica, da elétrica, da mecânica, preparem o almoço e lanche, etc. É o conceito da autonomia presente. E atenção: meninos e meninas participam!

Como cada aluno traz o seu vaucher, mais aluno significa mais dinheiro para a escola, aí se estabelece a concorrência entre as escolas. A escola que não atrai um número mínimo de alunos é fechada, assim, para se tornar mais competitiva a qualidade e os feitos das escolas são bastante divulgados.

As razões do sucesso das melhores escolas são atribuídas à escolha meticulosa dos professores. Eis as características de um bom professor:

- possuir amplo conhecimento da matéria;
- dar ao aluno a responsabilidade de seus estudos;
- ser colaborador com seus colegas professores;
- ter uma perspectiva alargada para ensinar.

Embora a direção das escolas tenha autonomia para determinar a quantidade de alunos em cada sala de aula, a média é em torno de: 17 nas escolas infantis; 20 nas escolas fundamentais e 30 nas secundárias.

O percentual de alunos que termina o liceu, o equivalente ao ensino médio, e vai para o ensino superior é de 44%. Todavia, nem sempre basta ter o diploma e boas notas pra ingressar na universidade, às vezes, é preciso vir de uma escola renomada. É assim, por exemplo, na conceituada universidade de pesquisa de Estocolmo, a Royal Institute of Technology - RTH, pronuncia-se kô-te-rro, que exige, digamos assim, pedigree no diploma do ensino médio. A RTH atua com foco em Arquitetura e Engenharia, tendo por missão "excelência em educação, pesquisa e empreendedorismo". Suas áreas mais procuradas são: Arquitetura e Energia, e mais ultimamente, a tendência é para a área de Ecologia Industrial. Constitui área de interesse em todas as disciplinas da RTH o tema Desenvolvimento Sustentável.

Os reitores têm total autonomia na aplicação dos recursos recebidos da administração central, e a quantidade não está vinculada aos resultados de desempenho. Implicitamente isso quer dizer que todas as escolas têm que ser competentes na sua finalidade última. As palavras mais importantes que os reitores devem conduzir seus alunos a serem são: competentes, ativos e curiosos, e tudo isso tem que ser buscado de forma agradável.

Educação Multicultural

Na Suécia, 87% dos estudantes têm outra língua materna. Há princípios que regem o bem estar da criança na escola, e, um deles, é ter a própria língua falada na escola. Se a língua for "viva" em casa ela deverá ser dada na escola. Por conta disso, o ensino da língua ocupa um espaço muito especial na Suécia. Para se ter uma idéia dessa especialidade, há um departamento pertencente à Secretaria de Educação de Estocolmo que tem 430 professores para atender as escolas em 52 diferentes línguas. E para se ensinar a língua é preciso que o professor seja do país de origem. Assim, há muitos professores estrangeiros na Suécia. Como exemplo, numa das escolas visitadas havia mais de 20 idiomas representados! Gasta-se muito dinheiro na formação dos professores de línguas.

Avaliação das Escolas na Suécia

O primeiro nível de avaliação é feito pela própria escola e um dos pontos essenciais que deve ser levado em consideração é o atendimento dos objetivos propostos pela escola.

Assim acontece a inspeção das escolas:

- os inspetores se apresentam à escola e informam que entre 2 a 8 meses retornarão para visitá-la
- avaliam in loco a qualidade da escola: olham o site, a relação da escola com os pais, com a família, assistem aulas, entrevistam professores e alunos
- são discutidos com a escola os principais pontos e apresentam um relatório de 15 páginas, com considerações sobre os pontos fortes e fracos e os pontos que necessitam de mudança
- após 6 ou 8 meses da visita, se reúnem com os professores, alunos e diretores para checar o que foi feito, tendo por base o relatório feito durante a visita.

As visitas de inspeção das escolas são feitas ao longo de 3 anos. Os inspetores são bem vindos, especialmente pelas escolas particulares, pois têm neles um consultor de graça. Às escolas é solicitado que coloquem nos seus sites os relatórios de avaliação, no entanto, só 20% o fazem, geralmente as melhores avaliadas. Anualmente as escolas têm que entregar à administração central o "Quality Report", e não existe avaliação de professores separadamente, a avaliação é da escola.

Ênfases

Existem três assuntos que tanto escolas suecas como finlandesas dão muita ênfase - religião, línguas e arte.

Religião - o ensino religioso é obrigatório. A todos os alunos se ensina a religião, de cada um deles. Se numa escola houver pelo menos 3 alunos de uma determinada religião, deverá haver organização para oferecer a religião deles, e não precisam ter a mesma idade para compor a turma. Há escolas, por exemplo, em que se ensinam 8 diferentes religiões, e pode acontecer dos finlandeses serem minoria. E para aqueles alunos que não têm religião, se ensina ética. Desde o início da vida escolar o aluno aprende que há muitas religiões, e elas são significativamente importantes para a compreensão e aceitação das diferenças a partir do conhecimento dos dogmas da religião do outro.

Línguas - aos 9 anos de idade toda criança deve começar o aprendizado de uma segunda língua. Se aos 9 anos um aluno escolher outra língua que não o inglês, aos 10, obrigatoriamente deve escolher o inglês. Assim, todos, sem exceção, devem alcançar conhecimentos iguais em duas línguas, sendo o inglês uma delas. Além disso, aos 11 anos, cerca de 70% escolhem uma terceira língua. Entre os alunos do liceu, mais da metade aprendem 4 línguas! Há uma preocupação do sistema educacional no ensino da língua materna aos imigrantes. Pesquisas comprovam que uma pessoa perde 40% de sua inteligência se ela não fala a sua língua materna. Ademais, a língua materna é a língua dos sentimentos. Quando um imigrante chega à Finlândia, passa um ano estudando na sua língua materna para se habituar à cultura, aos costumes e muito intensivamente à língua finlandesa. Depois disso, estará apto para ir à escola que escolher. A Finlândia faz isso também por questões econômicas, é preciso que haja pessoas com boa formação em qualquer ocupação, seja ela qual for.

Artes - a arte está por toda parte em todas as escolas, com funções altamente educativas e culturais. Há exposições de fotos, desenhos, pinturas, esculturas, instalações, concertos musicais, mostras de textos literários, poesias, etc. Nas paredes das salas de aula, nas portas, nos corredores, nos pátios, estampam-se muitas informações sobre o mundo das artes. Essa profusão de cores, formas, designs, ativam diferentes funções do cérebro.

Por fim, a Finlândia afirma que é a escola que tem a responsabilidade pela aprendizagem do aluno e não a família; esta se responsabiliza pela criação. Diferentemente do nosso país que constitucionalmente diz que a educação é dever, também, da família. O que temos assistido nas últimas três décadas, são centenas de milhares de famílias e de escolas colhendo juntas os frutos amargos da incompetência da arte de ensinar.

Em 2003, a avaliação aplicada pelo Ministério da Educação, por meio do SAEB, reafirma o péssimo desempenho das escolas: 95,2% das crianças concluem a 4ª. série sem saber ler nem escrever adequadamente e 96,8% dos adolescentes concluem a 8ª. série sem raciocínio básico de matemático! O desempenho do Brasil no PISA não poderia ser diferente diante desse cruel cenário nacional - está posicionado na rabeira do mundo!

Para que as escolas brasileiras possam melhorar seus indicadores de qualidade não há mágica, é preciso muito esforço de todos, no entanto destaco como prioritário: 100% de atenção ao novel curso de Pedagogia, que desde 2006 é responsável pela formação dos professores que vão atuar nas cinco séries iniciais do Ensino Fundamental, e foco dos gestores das escolas na eficácia da alfabetização.

Fonte: http://revistaensinosuperior.uol.com.br/textos.asp?codigo=11992

domingo, 17 de abril de 2011

Finlândia é nota dez em educação

Muitas pessoas me perguntam qual o segredo dos brilhantes resultados auferidos pela educação na Finlândia e encontrei vários artigos que compilei abaixo e que explicam o eficiente sistema educacional finlandês o qual envolve a família no processo.

A Finlândia tem escolas que não cobram disciplina rígida, que não incentivam a competição. Os projetos pedagógicos são focados nas artes e na cultura geral; as salas de aula freqüentemente têm todo tipo de instrumentos musicais e as escolas primam pela arquitetura, com projetos e móveis premiados. Tudo isso sem que qualquer uma das 3.500 escolas cobre um centavo da população, hoje com 5 milhões de habitantes. Até os poucos estabelecimentos privados são gratuitos. Ninguém paga nada também para cursar universidade até o doutorado ou escolas técnicas.

A Finlândia consegue ter os alunos mais bem preparados do mundo com medidas simples e ênfase na formação dos professores:

1. Gasto público em educação: a Finlândia é um dos países que mais investem em educação em relação ao PIB (6,1%). No Brasil, são 3,9% do PIB. O fato de a Finlândia ser a nação com menor índice de corrupção do mundo faz com que o aproveitamento do dinheiro seja ainda maior.

2. A exigência com os professores é alta e a carreira, concorrida e muito valorizada por toda a sociedade. O vestibular para ser professor é um dos mais disputados do país. Apenas 10% dos candidatos são aprovados. Exceto na pré-escola, o mestrado é pré-requisito para lecionar.

Do ponto de vista funcional, há um grande investimento nos anos iniciais da educação: os melhores professores são normalmente direcionados para as primeiras séries, para garantir a boa formação já na educação básica dos alunos. O aprendizado e o desenvolvimento de habilidades para vencer desafios desde o início permitem aos alunos um melhor desempenho em sua vida escolar e, posteriormente, acadêmico. Um resultado mais homogêneo ao final da escolaridade dos alunos é um dos fatores fundamentais de sucesso nos exames internacionais.

A profissão de maior prestígio social é a do professor e não por razões financeiras, mas pela importância que a sociedade finlandesa dá à educação das suas crianças e jovens. Nesse país o sucesso financeiro é irrelevante. Normalmente são os melhores alunos do Ensino Médio que prestam exames para seguir esta carreira. Em tempo: o salário do professor finlandês é comparável ao de um professor de escola particular brasileiro.

3. Ênfase nos professores: o mestrado é pré-requisito para um professor ser contratado na Finlândia (100% dos professores têm). No Brasil, basta ter o diploma de nível superior, que se tornou obrigatório no ano passado (2% têm mestrado).

Na Finlândia, ninguém se forma sem antes fazer o básico: entrar numa sala de aula na função de professor. Não se trata de um estágio comum. Os universitários são acompanhados por espécies de tutores, professores experientes cujo papel é orientar os novatos do momento em que se sentam para planejar uma aula até quando corrigem a lição. Mais do que isso: aos tutores é designada a tarefa de avaliar o desempenho dos aspirantes a professor, corrigir eventuais falhas e ensinar tudo na prática – chance que os estudantes brasileiros raramente têm.

4. A mesma qualidade para todos. A discrepância no desempenho entre as escolas do país é a menor do mundo. O governo mantém um sistema sigiloso de avaliação das escolas (99% são públicas) e os diretores são informados sobre o desempenho delas.

Possui um interessante método de democratização de acesso a boas escolas: o governo considera que o crédito de educação é dos cidadãos e cabe a eles decidirem se será gasto em escolas públicas ou privadas, ou seja, o aluno escolhe a escola onde quer estudar e o governo municipal transfere para essa escola, pública ou privada, o valor correspondente ao crédito educativo desse aluno. Com isso, eles conseguem criar um clima de competição sadia entre as escolas, uma vez que cada escola precisa ter mais alunos para receber mais verba, que por sua vez irão escolher a escola de acordo com os seus valores e critérios pessoais. É uma forma de estimular a diversidade e de incentivar as instituições de ensino a se atualizarem e desenvolverem novos projetos educacionais.

5. Os piores alunos não são deixados para trás. Dois em cada dez estudantes recebem aulas de reforço. Por causa disso, os índices de repetência são baixíssimos.

O combate à repetência é realizado pela implantação de um sistema para atende r os estudantes com dificuldade de aprender, à parte das aulas. O reforço escolar é levado tão a sério que em cada escola há alguém designado para ministrar as tais aulas particulares. Esses professores não costumam se queixar. Ganham mais e têm boas condições de trabalho: são treinados durante um ano para a função e ainda contam com a ajuda de psicólogos para lidar com os casos mais difíceis. Não é pouca gente que freqüenta esse tipo de aula: cerca de 30% dos alunos. A decisão de investir aí se provou acertada – até do ponto de vista financeiro. Cada aluno que repete custa algo como 20.000 dólares a mais aos cofres públicos. Ao fazerem as contas, os especialistas concluíram que custa menos pagar pelo reforço escolar. Depois dele, a reprovação sempre despenca – algo que em países campeões em repetência como o Bras il é emergencial – e o ensino melhora.

6. Os ambientes de aprendizagem são especialmente criados para fazer da experiência escolar uma atividade mais agradável.

7. O aprendizado de outras línguas é um ponto forte. Em geral, os alunos possuem excelente domínio da língua inglesa, cujo ensino apresenta aspectos metodológicos e funcionais que garantem este sucesso na aprendizagem da segunda língua.

8. O uso da tecnologia e da arte em propostas pedagógicas são elementos fundamentais para a formação dos alunos. Além disso, as escolas finlandesas valorizam a diversidade cultural, o que também traz benefícios para a educação.



FONTES:
http://educarparacrescer.abril.com.br/indicadores/materias_296110.shtml
(artigo publicado por Thomaz Favaro em 19/08/2008)

http://blog.estadao.com.br/blog/renata/?title=mais_tristeza_no_pais_da_melhor_educacao&more=1&c=1&tb=1&pb=1&cat=646 (artigo publicado por Thomaz Favaro em 19/08/2008)
http://www.vila.com.br/reportagem7.asp
(artigo primeiro semestre de 2007) http://veja.abril.com.br/180608/p_128.shtml (artigo sem data - ed. de 2005)

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Finlândia é nota dez em educação

Como o país produziu o sistema mais eficiente do mundo

Carmen Morán
Enviada especial a Helsinque

Às 8 da manhã Marku Keijonen entra na escola. Ele tem 42 anos e é o diretor do colégio Porolahden Perus, em Helsinque. A primeira atividade do dia é ligar o computador. "Não é uma coisa superficial: ao abrir meu correio encontro as cartas dos pais de alunos, que tenho de responder." As famílias estão em contato permanente com o colégio, e é aos pais que o diretor tem de prestar contas de seu trabalho, em primeiro lugar.

Finlândia. Neste país de noites brancas e sombras eternas, conforme a estação (agora anoitece às 4 da tarde), as estatísticas sorriem. O Fórum Econômico Mundial diz que tem a economia mais competitiva do mundo; é o país da Europa dos 15 com maior difusão de periódicos por habitante (430 por mil); taxa de fecundidade notável, 1,7 filho por mulher (a média européia é 1,4). Mas talvez sejam os resultados escolares de seus estudantes o que causou mais alegrias nos últimos tempos. O relatório PISA 2003, que mede o rendimento educacional dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado há algumas semanas, novamente situa a Finlândia como país exemplar: é o primeiro colocado em matemática, em compreensão da escrita e em cultura científica (junto com o Japão).

Os professores não sabem muito bem o motivo desses dados. Investem-se 5,8% do PIB em educação, mas outros países também o fazem; seu clima adverso deixa as crianças em casa, em contato com os livros, mas na Islândia ou na Dinamarca também não faz calor; suas classes têm os níveis de imigração mais baixos da OCDE. Mas todas essas coisas não explicam por si sós o êxito repetido. Os professores, e a própria ministra da Educação, Tuula Haatainen, o atribuem em grande medida à sólida formação dos docentes e a um quadro educacional muito claro. "Temos um sistema uniforme, obrigatório e gratuito que garante a eqüidade e o acesso para todos; o corpo docente é altamente qualificado e as mães, incorporadas ao sistema de trabalho, são as primeiras a motivar seus filhos a estudar", resume a ministra.

O sistema educacional finlandês é público e gratuito desde a infância até o doutorado na universidade. Além disso, é obrigatório dos 7 aos 16 anos. Nessa etapa todos estudam a mesma coisa e o governo pretende que o façam no mesmo edifício, ou o mais perto possível, para garantir um acompanhamento continuado do aluno.

O Estado define 75% de disciplinas comuns e o resto é organizado pelo colégio, com a participação ativa de estudantes e famílias. Há ampla liberdade para projetar o dia-a-dia escolar, portanto não é fácil falar do sistema de maneira geral. Mas há alguns aspectos comuns. A formação dos professores é um deles. Todos têm de ter cinco anos de formação, um terço da qual será de conteúdo pedagógico. "Não basta saber matemática", dizem. E a maioria, como lembra a ministra, tem um ano a mais de estudos, um mestrado.

Os professores acreditam que o salário poderia ser um pouco maior que os cerca de 2.300 euros (R$ 8.300) brutos por mês; mas estão contentes com as 13 longas semanas de férias por ano (os espanhóis têm mais de 16). A jornada semanal é de 37 horas, mas nem todas são de ensino em classe. Quando perguntados, não duvidam: são professores por vocação e estão motivados. Talvez porque têm valorização social e prestígio entre seus compatriotas. "Em geral contamos com a confiança dos pais, embora isso esteja decaindo", diz Tuula Tapaninen, orientadora do colégio Porolahden Perus.

Do outro lado de Helsinque, a diretora do colégio Alppila, Aulikki Kalalahti, indica outro dado que explica a motivação dos professores: "Eles têm liberdade para trabalhar com os alunos e vêem que conseguem êxito com eles".

Relação fluida

Os professores trabalham lado a lado com as famílias, com as quais mantêm uma relação fluida. Em janeiro o colégio Alpilla organiza jornadas de apresentação, das quais participam os pais, para conhecer seu método de trabalho. Se gostarem poderão optar livremente por matricular seus filhos ali. Os pais podem escolher a escola, mas costumam preferir a mais próxima. O Alpilla mantém com a escola primária que lhe corresponde pela proximidade uma estreita sintonia, que favorece o acompanhamento dos alunos até o final da etapa obrigatória.

Cinqüenta por cento dos alunos que se matriculam dos 13 aos 16 anos vêm dessa escola, mas a outra metade procede de qualquer parte de Helsinque. O colégio ganhou fama em comunicação e expressão. É um exemplo de um fenômeno recente na educação local: a especialização de alguns colégios em música, matemática, esportes... Quando um aluno se destaca em alguma dessas disciplinas, os pais tentam matriculá-los nesses colégios, embora alguns imponham um teste para avaliar as habilidades do aspirante. Se houver lugar, está dentro.

A oferta e a demanda se distribuem por enquanto razoavelmente entre todos os colégios de Helsinque, embora a prefeitura tenha eliminado (salvo exceções) os vales-transporte para as crianças que se transferem por vontade própria para escolas distantes de suas casas.

Quando as famílias vierem conhecer o Alpilla, a diretora lhes explicará que receberam um prêmio por cumprir fielmente o programa: os professores se propuseram a trabalhar em equipe, bem coordenados, e o conseguiram. O governo lhes deu um cheque de 28 mil euros. Foram à Hungria nas férias e fizeram uma boa ceia de Natal no ano passado.

Quando as coisas pioram, os profissionais do colégio dão apoio acadêmico e social aos alunos. O número de estudantes por classe beira os 20, mas se houver problemas acadêmicos são separados em grupos de dez e colocados em dia. E se for preciso repetir o ano? "Será nos primeiros anos do primário, o quanto antes", diz a diretora.

Esse é o principal desafio salientado pelos professores: poder levar todos os alunos adiante, venham de onde vierem. Por isso, quando localizam um problema põem em ação seus muitos mecanismos de prevenção.

Se a coisa se complica, o governo (local ou nacional) contribui novamente com dinheiro. O colégio está encravado num bairro com problemas sociais e recebe mais verbas que outros. "No ano passado tivemos um problema e a prefeitura deu Helsinque nos concedeu 18 mil euros prontamente." Com essa verba a diretora contratou um professor avulso que ajudou os atrasados a fazer as lições, entre outras coisas.

Na Finlândia os centros escolares têm boas instalações e equipamentos, mas também se percebe certa austeridade. Uma simples cartolina com papéis pregados serve à diretora do Alpilla para deixar claros os propósitos educativos do curso. E eles são cumpridos.

Os alunos também respondem. Fazem seus deveres, que não são poucos, e não se queixam. Mas não são adolescentes de comportamento angelical. São como todos, e entre eles começa a surgir o desânimo, como salienta o diretor do centro Porolahden Perus. O álcool é uma das grandes preocupações nesse país. E o desemprego já atinge 9%. Por enquanto cerca de 60% dos alunos cursa a universidade, e os demais se matriculam em formação profissional. É difícil encontrar alguém que fique sem um diploma.

Os finlandeses têm um sistema educacional livre que roda com fluidez, bons professores, famílias que participam e dinheiro para enfrentar as dificuldades. E uma vontade férrea de cumprir o dever. Oitenta e cinco por cento dos finlandeses são luteranos (pouco praticantes). Poderia o espírito de Lutero ("Sempre pecador, sempre justo e sempre penitente") incutir esse tipo de responsabilidade pessoal no caráter de professores e alunos? "É possível", diz com seriedade o diretor do instituto Porolahden Perus. "É a responsabilidade de que é preciso cumprir. Mas isso tem seu lado ruim: os professores às vezes exigem tanto de si mesmos que chegam a adoecer."

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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FONTE:
Fonte: http://cafesfilosoficos.wordpress.com/about/e-books/