Por Michel Chossudovsky
Milhões de pessoas por todo o Brasil aderiram a um dos maiores movimentos de protesto da história do país. Ironicamente, o levantamento social dirige-se contra as políticas económicas de uma auto-proclamada alternativa "socialista" ao neoliberalismo conduzido pelo governo do Partido dos Trabalhadores (PT) da presidente Dilma Rousseff.
O "remédio económico forte" do FMI, incluindo medidas de austeridade e a privatização de programas sociais, foi implementado sob a bandeira "progressista" e "populista" do PT, em acordo com elites económicas poderosas do Brasil e em estreita ligação com o Banco Mundial, o FMI e a Wall Street. Apesar de o governo PT apresentar-se como "uma alternativa" ao neoliberalismo, comprometido com o alívio da pobreza e a redistribuição de riqueza, sua política monetária e fiscal está nas mãos dos seus credores da Wall Street. Ironicamente, o governo PT de Dilma Rousseff e do seu antecessor Luís Ignaio da Silva foi louvado pelo FMI devido a:"uma notável transformação social no Brasil com base na estabilidade macroeconómica e na ascensão de padrões de vida". As realidades sociais subjacentes são outras. As "estatísticas" do Banco Mundial sobre pobreza são grosseiramente manipuladas. Só 11% da população, segundo o Banco Mundial , estão abaixo da linha de pobreza. E 2,2% da população estão a viver em pobreza extrema. O padrão de vida no Brasil entrou em colapso desde que o Partido dos Trabalhadores chegou ao poder em 2003. Milhões de pessoas foram marginalizadas e empobrecidas, incluindo uma parte significativa da classe média urbana. Apesar de o PT apresentar uma imagem "progressista" orientada para o povo, oficialmente oposta à "globalização corporativa", a agenda macroeconómica foi reforçada. O governo PT sistematicamente manipulou as suas bases, tendo em vista impor o que o "Consenso de Washington" descreve como "uma estrutura política forte". Os investimentos estruturais de muitos milhares de milhões de dólares orientados pelo lucro para a Copa Mundial em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016, forjados pela corrupção corporativa, contribuíram para um aumento significativo da dívida externa do Brasil, a qual por sua vez reforçou o controle da política económica pelos seus credores da Wall Street. O movimento de protesto é em grande parte composto por pessoas que votaram pelo Partido dos Trabalhadores (PT). O apoio das bases do governo PT foi rompido. A base do Partido dos Trabalhadores voltou-se contra o governo. História: a traição do Partido dos Trabalhadores O Partido dos Trabalhadores está no poder há mais de dez anos.A crise social em curso no Brasil é a consequência da agenda macroeconómica lançada no início do acesso de Luís Ignácio da Silva à presidência, em 2003. A eleição de Lula em 2003 corporificou a esperança de uma nação inteira. Representou uma votação esmagadora contra a globalização e o modelo neoliberal, o qual por toda a América Latina resultou na pobreza em massa e no desemprego. A eleição de Lula no fim de 2002 por entendida como um importante ponto de ruptura, um meio de rejeitar a estrutura política do seu antecessor Fernando Henrique Cardoso. Enquanto era abraçado em coro pelos movimentos progressistas de todo o mundo, a administração Lula também estava a ser aplaudida pelo principal protagonista do modelo neoliberal. Na palavras do Director Administrativo do FMI, Horst Kohler:
Não é de admirar que o FMI seja "entusiasta". As principais instituições da administração económica e financeira foram oferecidas numa bandeja de prata à Wall Street e a Washington.
O FMI e o Banco Mundial têm louvado o governo do Partido dos Trabalhadores pelo seu compromisso com "fortes fundamentos macroeconómicos". Tanto quanto o FMI está preocupado, o Brasil "está na trilha" em conformidade com as balizas do FMI. O Banco Mundial elogiou tanto os governos Lula como Dilma: "O Brasil está a buscar um programa social arrojado com responsabilidade fiscal". De acordo com o Professor James Petras:
Segundo Marcos Arruda, do PACS, um centro de investigação não governamental no Rio de Janeiro:
O Brasil sob o governo PT não endossou apenas o neoliberalismo "com um rosto humano", ele também apoiou a militarização da América Latina e do Caribe conduzida pelos EUA.
Lula estabeleceu um relacionamento pessoal com George W. Bush. Se bem que fosse um crítico firme da guerra iraquiana conduzida pelos EUA e um apoiante de Hugo Chavez, ele tacitamente também apoiava interesses estratégicos dos EUA na América Latina.No rastro do golpe de Estado no Haiti patrocinado pelos EUA-França-Canadá, em Fevereiro de 2004, contra o governo eleito devidamente de Jean Bertrand Aristide, o presidente Luís Ignacio da Silva endossou a ocupação militar do Haiti e despachou tropas brasileiras para Port au Prince, sob os auspícios da Missão de Estabilização das Nações Unidas (MINUSTAH). O artigo publicado por Global Research e resistir.info em Abril de 2003 , no início do governo PT de Luís Ignacio da Silva, descreve como, desde o início a liderança do Partido dos Trabalhadores traiu toda uma nação. Não pode resultar qualquer mudança significativa de um debate sobre "uma alternativa ao neoliberalismo", o qual na superfície parece ser "progressista" mas que tacitamente aceita como legítimo o direito de os "globalizadores" dominarem e pilharem o mundo em desenvolvimento. O movimento de protesto social que tem varrido o Brasil é o resultado de 10 anos da repressão económica de "livre mercado" sob o disfarce de uma "agenda progressista".
21/Junho/2013
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ . |
terça-feira, 16 de julho de 2013
Raízes históricas da crise social no Brasil – O papel do FMI
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Ironicamente, o governo PT de Dilma Rousseff e do seu antecessor Luís Ignaio da Silva foi louvado pelo FMI devido a:
O Partido dos Trabalhadores está no poder há mais de dez anos.
Lula estabeleceu um relacionamento pessoal com George W. Bush. Se bem que fosse um crítico firme da guerra iraquiana conduzida pelos EUA e um apoiante de Hugo Chavez, ele tacitamente também apoiava interesses estratégicos dos EUA na América Latina.
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