quarta-feira, 31 de março de 2010
terça-feira, 30 de março de 2010
A Democracia, a Baderna e a Paz

O termo democracia, tão evocado nos dias de hoje, cai por terra quando vemos aqueles que deveriam ser os primeiros a respeitá-la rasgarem a Constituição.
Por Reinaldo Melo
O conceito de democracia está bem definido no artigo primeiro, parágrafo único, da Constituição Brasileira: “Todo poder emana do povo…”. Se a democracia se constitui no poder do povo, para o povo e pelo povo, como negar então que os princípios básicos da organização social devem ser regidos pela necessidade desse povo?
No sexto artigo o primeiro direito social do povo é a educação, que vem explicitada no 205º artigo: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada (…) visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
Como vivemos numa democracia, é de se esperar então que tais leis fossem respeitadas e sacramentadas pela sociedade e invioláveis pelos governantes. No entanto, o termo democracia, tão evocado nos dias de hoje, cai por terra quando vemos aqueles que deveriam ser os primeiros a respeitá-la rasgarem a Constituição.
Nestes 16 anos de PSDB no estado de São Paulo, o que vimos foi o total desrespeito à essência democrática estabelecida na Carta Magna. O quinto parágrafo do 206º artigo inicia-se com o princípio: “valorização dos profissionais de ensino”. Ora, até o mais ingênuo professor sabe que hoje ele não passa de um pária da sociedade, simultaneamente transformado no grande responsável pela educação de uma sociedade deseducada, cuja estrutura familiar se mostra falida. E como sua missão é obviamente impossível, essa mesma sociedade aponta as armas contra o peito do docente, culpando-o pela derrocada construída por ela própria. E, para piorar, o governo, que possui a estrutura e o dever para mudar tal realidade, só vem a reforçar tal visão quando nos ataca, principalmente pela mídia, nos alcunhando de incompetentes, acomodados e vagabundos. Nada mais conveniente para esconder o rasgo da Constituição. E conveniência não é a base de uma sociedade democrática.
Além da valorização do docente, outros princípios são atacados. A liberdade de cátedra, explícita no parágrafo II do 206º artigo, é desprezada por meio da imposição do uso das cartilhas da proposta pedagógica do estado. Tal imposição impede que o professor trace sua própria estratégia pedagógica, ao mesmo tempo em que o transforma num profissional insensível, já que o encurralamento didático faz com que também sejam desprezadas as necessidades de cada um de seus alunos, ou seja, impede a flexibilidade, ferramenta necessária para a formação do indivíduo crítico e cidadão. Outra vítima, baseada nos princípios relatados, é a garantia de padrão de qualidade do ensino, VII parágrafo. Com o advento do construtivismo à moda brasileira, os poderosos antidemocráticos, no objetivo de reduzir os investimentos na educação, estabeleceram a aprovação automática em forma de progressão continuada. Distorcendo os princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente, foi tirada do professor a autoridade pedagógica, ao aluno não cabe nenhuma cobrança ou exigência, sendo este aprovado à série seguinte apenas por ir à escola, tendo a “liberdade” de não se comprometer com seus estudos.
Eis a grande baderna [desordem, confusão] em que se transformou a educação do estado de SP: professores doentes e desmotivados, alunos que não vêem sentido na escola e no acúmulo de conhecimento, familiares que desrespeitam a Constituição, já que esta diz que é um dever do Estado e da família a emancipação do indivíduo, ao irem à escola agredirem os professores sem entenderem que estes são tão vítimas quanto os seus filhos, e uma escola que joga grande parte de seus alunos no universo da semialfabetização camuflada em diploma de Ensino Médio.

Mas, como diz o poeta, “os lírios não nascem das leis”, e cabe aos verdadeiros detentores dos princípios democráticos irem à luta com o objetivo de que estes princípios sejam praticados. Se as leis não bastam, que seja ouvida a voz daqueles que têm consciência do que lhe é garantido por elas. Os professores que ocupam as ruas e as praças são parte de onde emana o poder e, com isso, devem cobrar deste poder aquilo que ele não pode rasgar: uma educação de qualidade para todos.
Quando o poder joga gás de pimenta nos olhos e atira bala de borracha nos peitos destes professores, é inadmissível que a sociedade o permita, pois o que está querendo se legitimar é o próprio fim da democracia. A inversão de valores é jogada na mídia, “professores baderneiros atacam governo democrático”. Mas um governo democrático não pode temer o seu povo, muito menos agredi-lo. Democracia exige, por parte do poder, muito mais ouvidos do que fala, se o povo ocupa a praça para a exigência de algo é porque alguma coisa o poder lhe recusa. Baderneiro é o governo que dá às costas à população, tirando-lhe a qualidade dos serviços básicos como a educação.
Exigem destes professores a obediência à ordem e à paz. É fato que estes baderneiros que ocupam o Palácio dos Bandeirantes por 16 anos não possuem o direito de falar em ordem, sequer em paz. O problema dos professores é que eles são pacíficos até demais ao suportarem sem gritar as agressões vindas de todos os lados nesta tucana era de trevas. O que estes professores estão a fazer é ensinar aos seus pares ainda calados, aos seus alunos e à sociedade o que é a verdadeira democracia, esta não existe com a boca cerrada. A passividade não traz paz e “paz sem voz não é paz, é medo”.
Os professores deveriam ser alçados ao patamar de heróis, pois ainda acreditam na democracia que garante a educação para a formação de um indivíduo cidadão e preparado para ajudar a construção da nação. É tal crença que os move na luta diária dentro das escolas e na luta momentânea que ocorre nas ruas. Se a sociedade não consegue enxergar que tal suplício é praticado em nome dela, esta sociedade não se pode denominar como democrática e, assim, estará destinada a pagar um alto preço, pois não haverá paz enquanto estes multiplicadores da cidadania, os professores, forem tratados como irrelevantes na construção da democracia.
Fotografias extraidas daqui e dali.
Fonte: Passapalavra
segunda-feira, 29 de março de 2010
SERRA MANDA BATER EM PROFESSOR
domingo, 28 de março de 2010
P2 tenta incriminar manifestantes! Barbárie contra porfessores!


É assim que ELES tratam a EDUCAÇÃO
Clic na Imagem e acesse o arquivo em PDF
A Greve é Legal - Legislação pertinente ao Direito de Greve.
Procurado!!

Se é um policial no exercício legítimo de suas funções porque não se identifica?
É um herói anônimo ou um profissional da violência?
Governo Serra Agride Professores

Tropa de choque cerca ruas da região do Palácio dos Bandeirantes e ataca professores com bombas de efeito moral e balas de borrachas, vários professores ficaram feridos.
PROFESSORES DECIDEM: GREVE CONTINUAO governo tentou de tudo para evitar a realização da assembleia, realizando bloqueios policiais nas rodovias Castelo Branco e Raposo Tavares e na Marginal do Tietê para barrar os ônibus que traziam professores do interior. Não conseguiu. Mais de 40 mil professores aprovaram a continuidade da greve e uma nova assembleia no próximo dia 31 de março (quarta-feira), às 15 horas, no vão livre do MASP.
Uma comissão foi recebida pelos secretários adjuntos da Casa Civil e da Educação apenas para afrontar mais uma vez o nosso movimento, propondo que a negociação se dê apenas com o fim da greve.
Entretanto, cabe aos professores - e não ao governo - decidir o encerramento da greve, mediante o atendimento das reivindicações.
A GREVE CONTINUA: NEGOCIAÇÃO JÁ!
Este momento, o da realização do concurso público, é extremamente importante na vida daqueles que já estão há algum tempo na rede estadual como temporários - e que buscam se efetivar, para os que desejam melhorar sua situação funcional e para os que sonham iniciar a carreira do magistério, recém-saídos das universidades.
A APEOESP sempre defendeu o ingresso na carreira pública por meio de concurso de provas e títulos, e de caráter classificatório, mas os sucessivos governos do PSDB não realizaram concursos periódicos, em número suficiente. O resultado é que mais de 48% dos professores da rede estadual são contratados em caráter temporário - e isto significa mais de 100 mil profissionais. Agora o governo realiza um concurso eliminatório, em duas fases, para preencher apenas 10 mil vagas!
Ao mesmo tempo, por falta de uma política salarial, os salários dos professores estaduais estão extremamente achatados. Estado mais rico da Federação, São Paulo paga o 16° pior salário do país: o PEB II, em jornada de 24 horas semanais, ganha R$ 7,58 por hora-aula ; o PEB I. R$ 6.55. Ganhamos menos que os nossos colegas do Acre (R$11,70) a hora-aula), de Roraima (R$, 10,32) Alagoas (R$10,15).
O governo Serra, com a ampla maioria na Assembéia Legislativa, impôs um pacote de maldades contra os professores: as leis 1093, l041 e. 1097. Elas limitam o reajuste salarial apenas aos professores que sejam aprovados em uma prova, ainda assim limitados à 20% do total de professores. Ou seja, o reajuste pode ser dado apenas a um número ínfimo de professores e, de cara, 80% ficam prejudicados. Quanto aos temporários, os ingressantes e os que não são abrangidos pela lei 1010/07 (da Previdência Estadual) têm que se submeter a uma prova todos os anos, para participar do processo de atribuição de aulas. Pior, os contratos dos novos temporários terão validade de até 12 meses; depois terão que cumprir uma “quarentena" 200 dias para poder se candidatar de novo no processo de atribuição. Isto precariza ainda mais a já precária situação do professor temporário.
É por estas razões e tantas outras que estamos em greve. Temos a necessidade de reajuste imediato de 34,5% para repor as perdas salariais dos últimos 12 anos, Também reivindicamos a revogação das leis 1093, 1041 e 1097; queremos emprego e concurso público de caráter classificatório para efetivar o maior,número de professores e, desta forma, garantir o emprego.
Mas ao invés de negociar, o governador José Serra nos trata com truculência. Na assembléia do dia 26, no Palácio dos Bandeirantes, a violência atingiu níveis inaceitáveis vários professores foram feridos pela ação da tropa de choque.
Contudo, não vamos nos calar. Não nos intimidaremos por ameaças, afrontas e truculência. Nossa greve continua pela melhoria das condições de trabalho, por nossos salários e empregos. Não à prova de mérito; não às provas dos temporários; não às políticas excludentes do governo estadual. Contamos com o seu apoio. Participe conosco na quarta-feira, 31, da nossa assembleia estadual, na avenida Paulista (vão livre do MASP), a partir das 14 horas.
Secretaria de comunicação Oposição Alternativa Apeoesp - Santo Amaro.
sábado, 27 de março de 2010
Apeoesp: Autoritarismo e prepotência do Serra não vão nos calar
A manifestação dos professores da rede estadual de ensino de São Paulo realizada nessa sexta-feira, perto do Palácio dos Bandeirantes, deixou pelo menos 16 feridos. Lideranças da categoria se reuniram com representantes do governador José Serra (PSDB), mas não houve acordo. Em assembleia, os docentes decidiam manter a greve, iniciada há 20 dias.
“Infelizmente, a manifestação não foi tranquila como queríamos”, comenta a leitora Ana na entrevista que publicamos aqui com o secretário-geral da Apeoesp. “A truculência comeu solta. Teve muita gente machucada. Foi horrível, simplesmente horrível. E ao assistir a alguns jornais televisivos nos mostraram como delinquentes.”
“Chegar lá foi uma luta”, acrescenta a professora Maria Inês, que veio do interior. “Além de o Palácio dos Bandeirantes ser longe, enfrentamos barreiras na estrada.”
Ônibus de professores que tentavam chegar à capital foram, de fato, barrados em bloqueios policiais. “O pessoal da sub-sede de Mogi das Cruzes nos ligou”, revela Paulo Cavalcanti, funcionário da Apeosp. “A Polícia Militar não queria deixar os ônibus com os professores sair de lá.”
Cavalaria, Tropa de Choque e Força Tática da Polícia Militar foram também mobilizadas para impedir que os professores chegassem aos portões do Palácio dos Bandeirantes. Quando alguns tentaram avançar, a PM reprimiu com jatos de spray de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e cassetetes.
“Foi horroroso. Os policiais vieram com muita violência. Foi bomba para todo lado”, lamenta o professor Carlos Ramiro de Castro, vice-presidente da CUT, ferido na testa com estilhaços de bombas, quando tentava negociar com os policiais. Já os professores Severino Honorato da Silva e Luis Cláudio de Lima foram atingidos por bala de borracha.
“Foram muitas bombas e estava difícil respirar por causa das bombas de gás lacrimogêneo. A passeata só andou um quarteirão. Estávamos distante do Palácio dos Bandeirantes. Tentamos negociar com a Tropa de Choque, mas foi muita violência”, revolta-se a deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT), presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de São Paulo, que é professora aposentada. “Uma violência gratuita contra os professores.”
Maria Lúcia e outros parlamentares de oposição acompanharam os professores na tentativa de negociação com o governo do estado. A reunião durou cerca de uma hora e não houve negociação. “É um absurdo chamar os professores para dizer que não existe diálogo”, indigna-se Maria Lúcia. “Essa tentativa de negociação foi uma farsa. Como pode isso?!”

Foto: UOL
No final da noite a Apeoesp divulgou esta nota, pedindo negociação já.
Os lamentáveis acontecimentos de hoje nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes, onde a truculenta polícia de José Serra deixou vários professores feridos, não vão calar a voz do magistério paulista em busca do atendimento de suas legítimas reivindicações salariais, profissionais e educacionais.
A proposta do governo, transmitida a uma comissão de 10 dirigentes da APEOESP e demais entidades do magistério pelos secretários adjuntos da Casa Civil e da Educação, de que devemos encerrar a greve para haver possibilidade de negociação é uma verdadeira afronta ao nosso movimento. O governo, agora apoiado na selvageria da tropa de choque, nunca se dispôs a negociar e mantêm a postura arrogante, apesar da greve generalizada em todas as regiões do estado. Onde está o governador, lá está a polícia batendo nos professores.
Por isto a nossa greve vai se intensificar e nova assembleia será realizada no dia 31 de março, às 14 horas, no vão livre do MASP, na Avenida Paulista.
No próprio dia 31 de março, participaremos do “bota fora” de Serra, às 12 horas, na Praça do Patriarca, promovido pelas entidades do funcionalismo e outras entidades. Na véspera, os professores doarão sangue a hospitais e bancos de sangue em todo o estado, sob o lema “Antes que Serra sugue o nosso sangue, vamos doá-lo a quem precisa”.
Bombas, truculência, ameaças e afrontas não nos intimidarão. Temos reivindicações e queremos negociação. Não nos ajoelharemos e não nos curvaremos à vontade deste governo. A greve continua!

Obs: foi inserido fotos adicionais (UOL) na matéria original
sexta-feira, 26 de março de 2010
Assembléia 26.03.2010 - Serra reprime manifestação de professores
















Quando aumenta a repressão, muitos desanimam.
Mas a coragem dele aumenta.
Organiza sua luta pelo salário, pelo pão
e pela conquista do poder.
Interroga a propriedade:
De onde vens?
Pergunta a cada idéia:
Serves a quem?
Ali onde todos calam, ele fala
E onde reina a opressão e se acusa o destino,
ele cita os nomes.
À mesa onde ele se senta
se senta a insatisfação.
À comida sabe mal e a sala se torna estreita.
Aonde o vai a revolta
e de onde o expulsam
persiste a agitação.
Professores em luta

A GREVE CONTINUA!

Entenda os fatos:
No dia de ontem (23/03), as entidades do magistério estiveram na Secretaria Estadual de Educação e foram recebidas pelo chefe de gabinete do secretário. Foi protocolado pedido de audiência e de negociação e o chefe de gabinete se comprometeu de encaminhar ao secretário de educação. Estavam na entrega do protocolo os presidentes das entidades do magistério, além de um representante da Oposição Alternativa. Em nenhum momento foi discutida a redução de nossa pauta, inclusive porque até o momento não houve sequer negociação.
A nossa pauta de reivindicação foi aprovada em uma assembléia estadual no dia 05/03 e reafirmada por outras duas assembléias, com mais de 50 mil professores. A comissão de negociação não tem direito de alterar nossa pauta de reivindicação e nosso compromisso (da OPOSIÇÃO ALTERNATIVA) é debater toda nossa pauta com o governo.
A imprensa tem diariamente veiculado notícias para desmobilizar e confundir a sociedade sobre nossa greve. Mais uma vez faz seu papel subserviente ao governo Serra. Caso a presidenta da APEOESP queira mudar a pauta da categoria deve propor isso em nossa assembléia estadual, e apenas a assembléia pode deliberar sobre isso.
Nossa luta vai continuar por:
· 34,3% de reposição já! Rumo aos Piso do DIEESE por 20h/a!
· Fim das Provas! (abaixo a lei 1093, 1094 e 1097!)
· Condições de Trabalho!
· Máximo de 25 alunos por sala!
· Fim da promoção automática!
terça-feira, 23 de março de 2010
Governo Serra: o desastre da Educação em números

Todos os valores foram atualizados para 2010, pelo IPCA.
O primeiro gráfico mostra a evolução da Receita Total, observando-se um grande salto em 2006, provavelmente às custas de forte aumento da carga tributária (mais tarde estudaremos as causas desse aumento), que foi bem superior ao crescimento do PIB e da renda.
Em 2006, ano de maior crescimento da Receita, houve uma redução de 16,6% do orçamento para a Educação.
O segundo gráfico mostra como evoluiu a Receita Total, paralelamente à destinação de recursos orçamentários para a Educação.
Esse gráfico, no formato de “boca de jacaré“, mostra a disparidade entre o crescimento da Receita e a involução do Orçamento da Educação.
Nos próximos posts, mostraremos outros gráficos importantes que permitirão entender porque a Educação não vai bem em São Paulo e porque os professores estão em greve.
A tabela abaixo mostra essa mesma realidade através dos números
2003 ...................................16,709
2004 ...................................15,524
2005................................... 16,665
2006 ...................................13,802
2007................................... 13,688
2008 ...................................14,894
2009 ...................................16,353
2010 ...................................16,293
Uma coisa é o orçamento e outra a execução. Minha hipótese, baseada na minha experiência de administrador público, é de que foi executado menos do que foi orçado, em todos os anos.

O Governo Serra não prioriza a educação e a saúde e sim as obras que dão visibilidade.
Ainda assim, se o Serra mantivesse o percentual do período 2002-2005 o orçamento da Educação teria dobrado, permitindo pagar salários decentes aos professores.
A seguir apresento o gráfico com os percentuais da Educação em relação à Receita total.

Todos os valores foram atualizados para 2010, pelo IPCA.
Com esses gráficos, encerramos a série sobre o desastre da Educação em números.
A próxima sequência será relativa á Saúde.
Sempre lembrando que esses números devem ser divulgados amplamente, via internet, porque as Organizações Serra não irão fazê-lo.
segunda-feira, 22 de março de 2010
Greve dos Professores em São Paulo
Fonte: Professortemporário
domingo, 21 de março de 2010
Professores ou Proletários? A Escola como fábrica

Este texto é o resumo de uma formação e debate com militantes sindicais de base da APEOESP, ocorrida em novembro de 2008. Discute a proletarização da profissão docente, o papel da escola dentro da cadeia de produção capitalista, a fragmentação do pessoal docente e a consciência que os professores tem de si próprios.
As manifestações artísticas possuem o dom de expressar pela estética o que as teorias consomem grandes volumes para demonstrar. O filme The Wall (1982), produzido pelo Pink Floyd, retrata em uma parte a cena duma escola, como uma produção em série de alunos-mercadorias homogêneos, que enfim, desabam da esteira da linha de produção dentro duma imensa máquina de moer carne. Mas os alunos decidem no final se revoltar e incendeiam a escola. A arte muitas vezes antecipa fenômenos sociais reais.
Marx, há 140 anos, em sua obra principal, O Capital, analisou o funcionamento da sociedade capitalista em suas estruturas e mecanismos. Sua descoberta fundamental foi a de que vivemos em uma sociedade cuja essência é a mercadoria, onde tudo se torna mercadoria, a começar pelas coisas fundamentais da vida – a terra, os meios de produção (instrumentos de trabalho) e a própria força de trabalho do homem (o próprio indivíduo vira mercadoria, um “proletário”). O capitalismo é um processo de mercantilização, de transformação de tudo em mercadoria. Essa mercantilização significa a acumulação de Capital e a proletarização das pessoas.
Aí entra a segunda descoberta de Marx. De onde vem o Capital? O Capital é uma acumulação de dinheiro com um fim em si mesmo, onde tanto dinheiro se investe para produzir mercadorias e estas se trocam por mais dinheiro (D – M – D’), num processo sempre ampliado e descontrolado, de profunda irracionalidade (e consequências destrutivas). Marx descobriu que o valor das mercadorias é determinado socialmente pelo tempo de trabalho em média necessário à produção das mesmas, em toda a sociedade. Essa “lei do valor”, que não podemos ver, mas que existe e domina a sociedade como uma lei da gravidade (embora seja criação dos homens e não seja natural, é uma força inconsciente), é o regulador das altas e baixas dos preços, da produção, da troca, do consumo, da distribuição dos bens e dos ciclos de expansão e crise econômica. Desaparece, assim, todo o mistério do “mercado”, do “capital” e de suas crises, que se apresentam como seres vivos enfeitiçados, mas são na verdade produto de relações sociais entre homens.

Admitindo isso, logo descobrimos que nós, professores, somos trabalhadores, e trabalhadores que produzem uma mercadoria muito especial, que é o coração do capitalismo, pois é a única que tem a propriedade de criar valor (mais-valia): a força de trabalho. Somos trabalhadores que produzem trabalhadores. O Capital soube incorporar a educação à sua lógica, de forma a criar sistemas de ensino que funcionam como empresas produtoras de trabalhadores em série, para atender às demandas de mão-de-obra do mercado para a acumulação de Capital

Como podemos ver, nós professores das escolas públicas somos, na verdade, trabalhadores produtivos (proletários). Embora juridicamente nosso empregador seja o Estado, na medida em que produzimos trabalhadores (o “capital humano”), estamos inseridos na cadeia de produção das empresas que os empregam (telemarketing, indústrias, supermercados, etc); e nosso trabalho é produtor de mais-valia, uma vez que é organizado segundo as relações de trabalho e a lógica de empresa. Isso explica também porque cada vez mais é aplicada na escola a lógica de empresa em sua organização interna. Não é o estatuto jurídico que determina se há ou não exploração ou geração de valor, mas o lugar ocupado no processo de produção e a forma de organização do trabalho. Ou seja, o professor da escola pública também é explorado, como o da escola privada (embora na escola privada esta exploração seja mais intensa e com menos proteção trabalhista). O Estado (no sentido de estado restrito, nacional) não se apresenta como uma esfera externa à valorização do capital, mas como um aparelho que faz parte dela, é um momento dela, e está inserido nos ciclos de produção e reprodução do valor.


Dentro desse âmbito, nós professores cada vez mais ficamos “espremidos”, entre de um lado a revolta dos estudantes e de outro o Estado gerencial, que trata a escola como empresa e impõe cada vez mais a lógica de produção de mercadorias, quantitativa e fabril, ao nosso trabalho.
De uma maneira geral, temos uma dificuldade muito grande em nossas mobilizações, porque a categoria docente (no Brasil e especialmente no Estado de São Paulo) está fortemente desunida e fragmentada, sem uma identidade coletiva (e essa passividade é a grande causa do enfraquecimento e burocratização dos sindicatos). Gostaria aqui de analisar um dos fatores principais disto – a falta de consciência de nossa própria condição social. Como acima analisamos, nós professores somos trabalhadores inseridos no circuito de produção capitalista, e produtores de mercadorias, ou seja – proletários que produzem valor. Mas entretanto, nossa categoria se enxerga como “classe média”, devido a ter um certo consumo de bens sustentado no sistema de crédito e endividamento. A categoria “classe média”, na verdade, é muito mais uma invenção jornalística do que propriamente um ser social real. Se considerarmos classes sociais apenas pela análise superficial por nível de consumo, então temos classes “A, B, C, D, etc”. Mas se procedemos a uma análise estrutural como acima fizemos (pela posição que os indivíduos ocupam no processo de produção), percebemos que a sociedade é rigidamente dividida em dois campos: capitalistas (burguesia e gestores) e trabalhadores. E nós ocupamos o segundo campo, como trabalhadores que produzem trabalhadores. Portanto, não somos “classe média” nem em sonho, embora a mentalidade predominante na categoria docente seja essa.
Com tal percepção de nossa posição no processo de produção, podemos entender muitas coisas – porque cada vez mais nosso trabalho é submetido a uma ditadura da produtividade, porque a opressão no local de trabalho cresce, porque nossos salários são achatados, porque enfrentamos a revolta dos estudantes. E a partir dessa percepção, podemos então fazer as opções: é isso que queremos? Concordamos com essa lógica de empresa? Como mudar as regras do jogo? É possível parar essa engrenagem?

- Lecionam para os pobres e em condições proletarizadas, mas possuem uma mentalidade e ideologia anti-pobre. É comum encontrar muitos que defendem a implementação de grades, câmeras e a repressão aos estudantes nas escolas;
- Muitos defendem idéias conservadoras e até fascistóides, como o endurecimento do Estado sobre os pobres nas favelas, a repressão aos movimentos sociais, detestam o MST, defendem pena de morte, redução da idade penal, e não é raro encontrar alguns que ainda defendam a ditadura militar ou sejam preconceituosos com alunos homossexuais. No final, esta mentalidade é uma construção midiática e de uma situação social de consumo artificial e de ideologia da ascensão social; revela um setor social que está se proletarizando, mas ainda não quer assumir, então adota os valores dominantes e um discurso ressentido como reação. Mas justamente a representação espetaculosa como “classe média” se constrói encima das contradições reais reprimidas e como negação ilusória da miséria da vida cotidiana.
- Os próprios professores efetivos olham os temporários de cima para baixo e muitas vezes não se misturam (e o mesmo aos “eventuais”). A mesma clivagem ocorre, de forma mais grave, em relação a funcionários de escola (que possuem na maioria das escolas sala separada da dos professores, ganham salários mais baixos e são submetidos a contratos precários), e ainda mais forte em relação a alunos e comunidade escolar. Mesmo quando em uma ou outra escola, a comunidade consegue se mobilizar e retirar as grades, estas persistem no cérebro dos docentes e gestores escolares. Parece reinar nas escolas a mesma mentalidade conservadora das senhoras de colar de bolas e cabelos de panetone que povoam os gabinetes dos departamentos de educação e diretorias de ensino.
- Nas greves, há pouca adesão: a maioria não adere, pois estão endividados, ou porque tem contas a pagar, além de uma fragmentação e desunião do pessoal docente. Entretanto, a maioria procura os sindicatos todos os dias (APEOESP e CPP), para resolver problemas individuais com advogado (como bônus, licença-prêmio, sexta-parte, qüinqüênios, convênios).
- Acabam por enxergar o sindicato como empresa prestadora de serviços e não como ferramenta de lutas (muitos dizem: “Eu pago a APEOESP para lutar por mim”). E o sindicato reflete esta passividade da base, funcionando de fato como escritório assistencialista na maior parte do tempo (salvo em algumas subsedes e grupos mais combativos que fazem oposição a essa política).
- Cabe lembrar que muitos professores, embora troquem de carros novos sempre (e o fazem através de dívidas e financiamentos astronômicos), não possuem casa própria e pagam aluguel, e sonham com um apartamento num programa de habitação. Ou seja, o status de classe média é altamente ilusório.

Cabe ressaltar que a situação tensa dentro das escolas expressa as contradições sociais. É uma rebeldia nihilista e individualista por parte dos alunos, sem uma consciência ou um projeto, que se não se transformar em forma de reivindicação coletiva e organizada (como as lutas de estudantes do Chile), pode facilmente se degenerar em barbárie social (como já ocorre em muitas escolas). A saída do reforço da disciplina e da repressão só tende a tornar esse conflito mais violento. Deveríamos nos perguntar, se é possível criar relações mais horizontais e comunitárias entre professores, estudantes, funcionários e comunidade. Certamente, somente com essa recomposição da comunidade e da classe trabalhadora, seria possível construir um projeto de educação popular não-repressivo e que sirva como instrumento de resistência social, bem como uma consciência de classe, superando as representações espetaculosas sobre nossa condição. As escolas públicas, na medida em que formam amplos setores populares de precarizados e desempregados que circulam como trabalhadores nas mais diversas categorias profissionais, são pontos estratégicos para se desencadear um processo de resistência social. Mas como fazer isso, com a atual fragmentação dos docentes, bem como a conseqüente mentalidade conservadora dos docentes e um sindicalismo burocratizado, hierárquico, corporativista, preso aos egoísmos profissionais, e trampolim de carreiras eleitorais? É preciso ter um projeto de educação popular em nível de classe trabalhadora. E isso só é possível a partir do momento em que houver uma recomposição de classe, superando essas fragmentações ou divisões hierárquicas – entre professores estáveis, temporários, eventuais, funcionários, alunos, pais, comunidade escolar, e movimentos sociais, formando relações de solidariedade – algo que só pode ser obtido através de uma atuação mais cotidiana nas escolas e comunidades, e não através de ações barulhentas e bombásticas de grupos minoritários (que mais expressam a crise e ausência de um movimento real). Essa é a pré-condição para recuperar a luta pela educação.
Resumindo, nós, professores, estamos inseridos dentro do processo de produção capitalista - que não ocorre só dentro de empresas, mas em toda a sociedade como uma imensa “fábrica social” – e carregamos disso todas as consequências opressivas. É contra essa lógica que temos de lutar.
sábado, 20 de março de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
A VERDADE SOBRE A GREVE DOS PROFESSORES DE SP - Omitido Estadão

Estamos em ano de eleição e, portanto, é hora de prestarmos atenção aos possíveis candidatos para que o nosso voto não seja motivo de mais mazelas sociais causadas por más administrações. Sabemos, no entanto, que manter-nos informados quanto ao que realmente acontece em nossa sociedade não é tarefa fácil, uma vez que boa parte da grande mídia está a serviço do capital e de partidos políticos – geralmente conservadores.
A verdade, no entanto, é uma só. Somos todos professores, e temos – ou deveríamos ter pela lógica mais pueril – os mesmos direitos. Na prática, porém, não é o que acontece depois da invenção das malfadadas “letrinhas”. Cada categoria de professores é totalmente diferente da outra.
AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO E VALE-TRANSPORTE
FALTA DE CONCURSOS PÚBLICOS PARA EFETIVAÇÃO