sábado, 27 de março de 2010

Apeoesp: Autoritarismo e prepotência do Serra não vão nos calar

Foto: UOL
por Conceição Lemes
A manifestação dos professores da rede estadual de ensino de São Paulo realizada nessa sexta-feira, perto do Palácio dos Bandeirantes, deixou pelo menos 16 feridos. Lideranças da categoria se reuniram com representantes do governador José Serra (PSDB), mas não houve acordo. Em assembleia, os docentes decidiam manter a greve, iniciada há 20 dias.
“Infelizmente, a manifestação não foi tranquila como queríamos”, comenta a leitora Ana na entrevista que publicamos
aqui com o secretário-geral da Apeoesp. “A truculência comeu solta. Teve muita gente machucada. Foi horrível, simplesmente horrível. E ao assistir a alguns jornais televisivos nos mostraram como delinquentes.”
“Chegar lá foi uma luta”, acrescenta a professora Maria Inês, que veio do interior. “Além de o Palácio dos Bandeirantes ser longe, enfrentamos barreiras na estrada.”
Ônibus de professores que tentavam chegar à capital foram, de fato, barrados em bloqueios policiais. “O pessoal da sub-sede de Mogi das Cruzes nos ligou”, revela Paulo Cavalcanti, funcionário da Apeosp. “A Polícia Militar não queria deixar os ônibus com os professores sair de lá.”
Cavalaria, Tropa de Choque e Força Tática da Polícia Militar foram também mobilizadas para impedir que os professores chegassem aos portões do Palácio dos Bandeirantes. Quando alguns tentaram avançar, a PM reprimiu com jatos de spray de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e cassetetes.
“Foi horroroso. Os policiais vieram com muita violência. Foi bomba para todo lado”, lamenta o professor Carlos Ramiro de Castro, vice-presidente da CUT, ferido na testa com estilhaços de bombas, quando tentava negociar com os policiais. Já os professores Severino Honorato da Silva e Luis Cláudio de Lima foram atingidos por bala de borracha.
“Foram muitas bombas e estava difícil respirar por causa das bombas de gás lacrimogêneo. A passeata só andou um quarteirão. Estávamos distante do Palácio dos Bandeirantes. Tentamos negociar com a Tropa de Choque, mas foi muita violência”, revolta-se a deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT), presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de São Paulo, que é professora aposentada. “Uma violência gratuita contra os professores.”
Maria Lúcia e outros parlamentares de oposição acompanharam os professores na tentativa de negociação com o governo do estado. A reunião durou cerca de uma hora e não houve negociação. “É um absurdo chamar os professores para dizer que não existe diálogo”, indigna-se Maria Lúcia. “Essa tentativa de negociação foi uma farsa. Como pode isso?!”

Foto: UOL

“ANTES QUE O SERRA SUGUE O NOSSO SANGUE, VAMOS DOÁ-LO A QUEM PRECISA”
No final da noite a Apeoesp divulgou esta nota, pedindo negociação já.
Os lamentáveis acontecimentos de hoje nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes, onde a truculenta polícia de José Serra deixou vários professores feridos, não vão calar a voz do magistério paulista em busca do atendimento de suas legítimas reivindicações salariais, profissionais e educacionais.
A proposta do governo, transmitida a uma comissão de 10 dirigentes da APEOESP e demais entidades do magistério pelos secretários adjuntos da Casa Civil e da Educação, de que devemos encerrar a greve para haver possibilidade de negociação é uma verdadeira afronta ao nosso movimento. O governo, agora apoiado na selvageria da tropa de choque, nunca se dispôs a negociar e mantêm a postura arrogante, apesar da greve generalizada em todas as regiões do estado. Onde está o governador, lá está a polícia batendo nos professores.
Por isto a nossa greve vai se intensificar e nova assembleia será realizada no dia 31 de março, às 14 horas, no vão livre do MASP, na Avenida Paulista.
No próprio dia 31 de março, participaremos do “bota fora” de Serra, às 12 horas, na Praça do Patriarca, promovido pelas entidades do funcionalismo e outras entidades. Na véspera, os professores doarão sangue a hospitais e bancos de sangue em todo o estado, sob o lema “Antes que Serra sugue o nosso sangue, vamos doá-lo a quem precisa”.
Bombas, truculência, ameaças e afrontas não nos intimidarão. Temos reivindicações e queremos negociação. Não nos ajoelharemos e não nos curvaremos à vontade deste governo. A greve continua!

Foto: Robson Martins

Obs: foi inserido fotos adicionais (UOL) na matéria original

Nenhum comentário:

Postar um comentário