A educação é um direito fundamental de  todas as pessoas. Possibilita maior protagonismo no campo da cultura,  da arte, da ciência e da tecnologia, fomenta a imaginação criadora e,  por isso, amplia a consciência  social comprometida com as  transformações sociais em prol de uma sociedade justa e igualitária. Por  isso, a luta dos trabalhadores na constituinte buscou assegurá-la como  “direito de todos e dever do Estado”.
No entanto, o Estado brasileiro,  por expressar os interesses dos ‘donos do poder’, não cumpre sua  obrigação Constitucional. O Brasil ostenta nesse início de século XXI,  se comparado com outros países, incluindo vizinhos de América Latina,  uma situação educacional inaceitável: mais de 14 milhões de analfabetos  totais e 29,5 milhões de analfabetos funcionais (PNAD/2009/IBGE) – cerca  de um quarto da população - alijada de escolarização mínima. Esses  analfabetos são basicamente provenientes de famílias de trabalhadores  do campo e da cidade, notadamente negros e demais segmentos  hiperexplorados da sociedade. As escolas públicas – da educação básica e  superior -  estão sucateadas, os trabalhadores da educação sofrem  inaceitável arrocho salarial e a assistência estudantil é localizada e  pífia.
Há mais de dez anos os setores  organizados ligados à educação formularam o Plano Nacional de Educação  – Proposta da Sociedade Brasileira (II Congresso Nacional de Educação,  II Coned, Belo Horizonte/MG, 1997). 
Neste Plano, professores,  entidades acadêmicas, sindicatos, movimentos sociais, estudantes  elaboraram um cuidadoso diagnóstico da situação da educação brasileira,  indicando metas concretas para a real universalização do direito de  todos à educação, mas, para isso, seria necessário um mínimo de  investimento público da ordem de 10% do PIB nacional. Naquele momento o  Congresso Nacional aprovou 7% e, mesmo assim, este percentual foi vetado  pelo governo de então, veto mantido pelo governo Lula da Silva. Hoje  o Brasil aplica menos de 5% do PIB nacional em Educação. Desde então já  se passaram 14 anos e a proposta de Plano Nacional de Educação em debate  no Congresso Nacional define a meta de atingir 7% do PIB na Educação em  ... 2020!!! 
O argumento do Ministro da  Educação, em recente audiência na Câmara dos Deputados, foi o de que não  há recursos para avançar mais do que isso. Essa resposta não pode ser  aceita. Investir desde já 10% do PIB na educação implicaria em um  aumento dos gastos do governo na área em torno de 140 bilhões de reais.  O Tribunal de Contas da União acaba de informar que só no ano de 2010 o  governo repassou aos grupos empresariais 144 bilhões de reais na forma  de isenções e incentivos fiscais. Mais de 40 bilhões estão prometidos  para as obras da Copa e Olimpíadas. O Orçamento da União de 2011 prevê  950 bilhões de reais para pagamento de juros e amortização das dívidas  externa e interna (apenas entre 1º de janeiro e 17 de junho deste ano já  foram gastos pelo governo 364 bilhões de reais para este fim). O  problema não é falta de verbas públicas. É preciso rever as prioridades  dos gastos estatais em prol dos direitos sociais universais.
Por esta razão estamos propondo a  todas as organizações dos trabalhadores, a todos os setores  sociais organizados, a todos(as) os(as) interessados(as) em fazer  avançar a educação no Brasil, a que somemos força na realização de uma  ampla campanha nacional em defesa da aplicação imediata de 10% do PIB  nacional na educação pública. Assim poderíamos levar este debate a cada  local de trabalho, a cada escola, a cada cidade e comunidade deste país,  debater o tema com a população. Nossa proposta é, inclusive, promover  um plebiscito popular (poderia ser em novembro deste ano), para que a  população possa se posicionar. E dessa forma aumentar a pressão sobre as  autoridades a quem cabe decidir sobre esta questão.
Convidamos as entidades e os  setores interessados que discutam e definam posição sobre esta proposta.  A ideia é que façamos uma reunião de entidades em Brasília (dia 21 de  julho, na sede do Andes/SN). A agenda da reunião está aberta à  participação de todos para que possamos construir juntos um grande  movimento em prol da aplicação de 10% do PIB na educação pública,  consensuando os eixos e a metodologia de construção da Campanha. 
Junho de 2011.
ABEPSS,  ANDES-SN, ANEL, CALET-UnB, CFESS, COLETIVO VAMOS À LUTA,  CSP-CONLUTAS, CSP-CONLUTAS/DF, CSP-CONLUTAS/SP, DCE-UnB, ENECOS,   ENESSO, EXNEL, FENED, MST, MTL, MTST/DF, MUST, OPOSIÇÃO ALTERNATIVA,  CSP-CONLUTAS/RN, PRODAMOINHO, SEPE/RJ, SINASEFE, SINDREDE/BH, UNIDOS PRÁ  LUTAR.
 
Fonte: Sítio do ANDES/SN
Fonte: Sítio do ANDES/SN

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