quinta-feira, 24 de junho de 2010

Saúde na educação


Por Renato Knijni
Quando adolescentes entram irritados em suas próprias casas, atirando coisas, gritando com os próprios familiares; quando os políticos, mais uma vez, vão dizer nos espaços gratuitos de televisão e rádio que vão dar prioridade à educação; quando os professores são expostos à marginalidade infanto-juvenil, agredidos diariamente, cuspidos, ofendidos, impedidos de desempenhar suas atividades, e nada podem fazer, concluímos que existe uma crise pior do que a financeira. É a crise de valores outros que atinge toda a sociedade, as famílias, os pais, os adolescentes e as crianças (que serão o futuro do Brasil). É a crise da falta de respeito geral e em especial pelos professores. Será que a impunidade não está contribuindo para que num futuro próximo esses adolescentes, já adultos, cometam infrações, as mais variadas e graves, aumentando a superlotação dos presídios? Historicamente mal remunerados e pouco valorizados, professores se encolhem, por falta de apoio dos órgãos competentes permitindo abusos inimagináveis até bem pouco tempo atrás.
Impotência diante desses fatos é o que sentem os professores. O Estatuto da Criança e do Adolescente não é cumprido na íntegra, sendo usado na maioria dos casos para referendar as atitudes absurdas dos alunos e as omissões dos pais, sem uma análise mais ampla de todo o contexto dos fatos. O próprio direito de trabalhar do professor é cerceado. E, o direito das outras crianças que estão em sala de aula e querem aprender, como fica? Os professores se retraem, os diretores têm medo e as autoridades não querem enxergar. Mas prometem sempre que, se forem eleitos, darão prioridade para educação e saúde. Por falar nisso, a saúde dos professores vai de mal a pior com o estresse crescente no ambiente de trabalho em função de tudo isso. Alta incidência de uso de medicamentos antidepressivos, de hipertensão arterial, diabetes e outros danos físicos e mentais. E, mais que isso, os professores estão sofrendo de fobia escolar, antes um distúrbio psicológico exclusivo das crianças. O professor que desenvolve fobia escolar sente um pavor da escola e da sala de aula, com um quadro que inclui palpitações, tremores e cefaleia. Como diz Lya Luft: “Todos os indivíduos, não importa a conta bancária, profissão ou cor dos olhos, podem reverter esta outra crise: a do desrespeito geral que provoca violência física ou grosseria verbal em casa, no trabalho, no trânsito”. Vamos acordar enquanto é tempo.
Fonte: Jornal Zero Hora

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