Desde o início do ano lectivo 2010/2011 que estudantes, professores e investigadores italianos têm protestado contra a reforma educativa que o governo vem tentando implementar. Esta reforma é basicamente um processo para acelerar a privatização da educação, visto que potencializa a livre entrada de privados dentro de um espaço que deveria ser público. Mal o ano lectivo iniciou, sentiu-se um clima de protesto dentro da Universidade com que tardavam a começar devido ao facto de professores e investigadores se recusarem a dar aulas, em forma de protesto. Já os estudantes preparavam desde o inicio o “Outono Quente”. Logo durante o mês de Outubro principiaram as manifestações e ocupações de facultades (como é o caso da Facoltà di Ingenaria dell’Università Degli Studi di Roma “La Sapienza” que está ocupada por investigadores e estudantes até hoje) ou momentaneamente de monumentos significativos para o país (exemplo do Coliseu de Roma). Contudo, foi a partir do dia 29 de Novembro que os protestos se intensificaram com ocupações em todas as universidades e de forma simultânea. No dia 30 de Novembro (dia em que se votou na câmara dos deputados a reforma da educação) todas as cidades italianas foram invadidas de protestos do mundo da educativo: estudantes, professores e investigadores caminharam lado a lado, bloqueando o trânsito e ocupando estações de comboios. Para este dia, os estudantes da capital italiana tinham previsto uma manifestação que chegaria à Piazza Montecitorio, local onde se encontra a câmara dos deputados. Todavia, ao chegar à Via del Corso que é uma das avenidas principais da cidade e próxima da câmara dos deputados deparei-me com todos os acessos a esta praça bloqueados por carrinhas da polícia, demonstrando assim as intenções do governo italiano – reprimir o protesto. Com as ruas bloqueadas, os manifestantes realizaram um cortejo em volta desta praça tentando em vários momentos furar o bloqueio policial, contudo sem sucesso, visto que as armas da polícia e dos estudantes são diversas, uns têm gás lacrimogéneo que não tiveram problemas de atirar aos manifestantes e outros têm livros! Por isso, nesse momento a manifestação teve obrigatoriamente que recuar. No entanto e inesperadamente (para mim) os estudantes não desistiram e continuaram o protesto, mudando apenas o percurso. Dirigimo-nos assim para uma das estradas principais dando acesso ao centro de Roma, bloqueando assim o trânsito e cantando “Se nos bloqueiam o futuro, nós bloqueamos as cidades”. Durante o bloqueio destas estradas muitos foram os condutores que saíram dos seus carros e aplaudiram os protestantes, demonstrado que o movimento estudantil é reconhecido e apoiado pela sociedade civil. No seguimento deste percurso (quase completamente espontâneo) os estudantes encaminharam-se para a estação de comboios principal (Termini) penso que com o intuito de poder de regressar às imediações da Piazza Montecitorio. Contudo quando estávamos a chegar à estação a polícia apareceu em força e entrou na estação de cassetete ao alto, claramente com intenções de agredir os estudantes. Dentro da estação ocuparam cerca de 10 terminais, impedindo que muitos comboios partissem, estando simultaneamente a defender-se da polícia que os procurava cercar. Felizmente no final saíram “ilesos”. No final deste dia e depois de toda uma discussão na câmara dos deputados, os estudantes esperavam o resultado da votação da reforma que lhes vai “bloquear” o futuro. A reforma foi aprovada, caminhando assim para a sua aprovação quase absoluta, que será decidida dia 14 de Dezembro. Todavia, depois da suposta “derrota”, estudantes, investigadores e professores não baixaram os braços e continuaram até hoje os protestos. Nestas duas semanas seguintes, Itália foi invadida por ainda mais ocupações, por ainda mais protestos. Em Roma, um dos mais significativos foi um que sucedeu em frente à Fondazione Roma, museu romano gerido pelo banco UniCredit que é um dos interessados na privatização das Universidades, um dos interessados em fazer parte dos conselhos de Universidade, isto é, nada mais nada menos que o RJIES “à la italiana”. Mais uma vez um protesto foi fortemente reprimido, sendo cerca de 10 protestantes detidos. Como estudante portuguesa que assiste em Portugal aos mesmos problemas dentro da Universidade que supostamente é Pública, questiono-me o porquê de o movimento estudantil praticamente não existir, o porquê da cegueira? Quando é que vamos deixar os brandos costumes, quando é que vão existir protestos de verdade, manifestações que não são convocadas em fim de mandato e com mão partidária? Quando é que me vou manifestar em frente do Satander? Quando é que em Portugal vai voltar a existir um movimento estudantil de verdade? Aqui, prepara-se mais uma grande manifestação de estudantes, professores e investigadores para dia 14 de Dezembro, dia em que a reforma vai ser votada no Senado e dia de todas as decisões para o Governo italiano, visto que se decidirá a queda ou não do mesmo. Visto que para os estudantes essa é a única possibilidade de ver a reforma reprovada porque só assim a Universidade italiana poderá continuar a ser um bocadinho mais pública e mais acessível a todos. Aqui os estudantes fazem-se ouvir de verdade e nós quando faremos? Laura Dias Fonte: http://portugal.indymedia.org/conteudo/newswire/3229|
Protestos contra reforma educacional na Itália
Cerca de cem mil manifestantes saíram à rua em Roma, nesta terça-feira (14), contra o governo italiano e as reformas nas universidades. Houve duros confrontos de rua. Os protestos ocorriam quando o parlamento votava uma moção de censura ao governo de Sílvio Berlusconi, que acabou por ser rejeitada. O premiê vai continuar no governo. A maioria dos manifestantes eram estudantes, mas também imigrantes, desempregados e até habitantes de L’Aquila, cidade atingida por um terremoto em abril de 2009, entre outras pessoas revoltadas com o governo Berlusconi, fascista e racista. Em frente ao palácio Madama (Senado) as forças de segurança investiram contra os manifestantes, que revidaram com pedras, fogos de artifício e bombinhas de tinta contra os policiais e aquele edifício. Também na zona do palácio Montecitorio (Congresso), registraram-se conflitos entre manifestantes e a polícia. Os manifestantes também lançaram objetos contra o palácio Grazioli, a residência do premiê. Diversos carros, inclusive da polícia, vidraças de agencias bancárias e outros estabelecimentos foram atacados. Pelo menos cinco manifestantes foram presos e muitos atingidos por golpes de cassetetes ou granadas com gás lacrimogêneo.
Outras cidades italianas foram alvo de manifestações Em Palermo, mais de 500 estudantes universitários e secundaristas bloquearam o aeroporto, conseguindo ocupar a pista por alguns instantes. Outros manifestantes ocuparam as estações ferroviárias, paralisando o tráfego dos trens. Os jovens lançaram panfletos nos quais chamavam os investidores de "ladrões e mafiosos". Já em Milão, centenas de estudantes invadiram o prédio da Bolsa de Valores e exibiram uma faixa de protesto. Quando foram expulsos do prédio, começaram a jogar pedras e a gritar contra a reforma. Diversas agências bancárias nesta cidade foram atacadas. As manifestações provocaram também engarrafamentos em outras cidades, como Cagliari (Sardenha, norte) e Bari (sul). Fonte: http://portugal.indymedia.org/conteudo/newswire/3239 Guerrilha Urbana O cenário em Roma é de «guerrilha urbana». A descrição dos protestos violentos contra o primeiro-ministro Silvio Berlusconi - que sobreviveu esta manhã a uma moção de censura - é do jornal «La Repubblica». O diário diz que além de carros incendiados, pelo menos 90 pessoas ficaram feridas, entre elas vários polícias e um jornalista. O epicentro da batalha campal entre centenas de jovens e as autoridades foi a Via del Corso, no coração de Roma, onde fica situado o escritório e a casa de Berlusconi. Enquanto escapava por apenas três votos à moção de censura dentro de portas, nas ruas, o primeiro-ministro era contestado de forma violenta. Os muitos manifestantes que se preparavam para festejar a aprovação da moção contra o chefe de governo, que levaria à sua demissão, transformaram a cidade num caos, depois da votação. Muitos lojistas fecharam os estabelecimentos, mas esplanadas, montras de bancos e carros da polícia não escaparam à ira dos jovens. Foram incendiados veículos e travada à passagem aos bombeiros que foram chamados para apagar as chamas. «Enquanto se ocupam de joguinhos no parlamento, nós seguimos em direcção à catástrofe. Onde está o meu futuro? Não me sinto representado por este governo. Não me sinto representado no meu país», disse à Reuters um estudante universitário de 19 anos, identificado como Marco, num dia em que além da oposição ao governo, muitos jovens se manifestaram contra a reforma planeada para o ensino superior. Nas últimas semanas, pela Itália têm-se também multiplicado os protestos contra os cortes previstos no financiamento ao ensino superior público, assim como nas bolsas de estudo. Esta terça-feira, além das manifestações de repúdio em Roma por esta reforma, as vozes dos universitários fizeram-se ouvir em várias outras cidades. Em Palermo, o aeroporto da Sicília chegou a ser encerrado. Em Milão, a bolsa foi ocupada por alguns momentos. Valerio Zampani, um estudante ouvido pela Reuters, queixou-se: «Não tem sido feito nada pelas universidades e estamos numa situação em que cada dia é pior do que o outro». Fonte: http://www.tvi24.iol.pt/internacional/roma-berlusconi-manifestacao-protestos-tvi24/1218126-4073.html Estudantes nas Ruas da Itália Dia de votos fundamentais para a continuidade do Governo de Silvio Berlusconi, esta terça-feira foi também dia de protestos em Itália. Milhares de estudantes saíram às ruas de várias cidades para se manifestarem contra a reforma no Ensino Superior. Em Roma, desempregados, trabalhadores precários e habitantes da cidade de L’Aquila, devastada por um sismo em 2009, juntaram-se à marcha estudantil. Os protestos degeneraram em confrontos com a polícia junto à sede do Senado e na Praça Veneza, quando os agentes carregaram sobre as centenas de estudantes. Os jovens tentaram furar o cordão policial instalado ao redor do Palácio Madama, sede da Câmara alta do Parlamento. Enquanto os deputados discutiam no interior do edifício, os manifestantes pediram a demissão de Berlusconi ao mesmo tempo que atiraram tinta e bombas de fumo.
A batalha campal já fez pelo menos 40 feridos. Em Palermo (Sicília), mais de 500 estudantes bloquearam temporariamente o aeroporto ao ocupar a pista de aterragem. Outros concentraram-se em estações ferroviárias interrompendo o tráfego dos comboios, antes de se dirigirem para o porto. Em Milão, 50 estudantes invadiram a sede da Bolsa de Valores. Quando foram expulsos do edifício, lançaram pedras e a gritaram contra a reforma no Ensino Superior. Também houve protestos significativos em Turim, Bari, Cagliari ou Catânia. Fonte: http://pt.euronews.net/2010/12/14/protestos-transformam-roma-num-campo-de-batalha/ Fotos http://www.tvi24.iol.pt/artmedia.html?id=1218126&pagina_actual=1&tipo=1&mul_id=13362487 http://www.repubblica.it/scuola/2010/12/14/foto/roma_gli_scontri_con_la_polizia-10188832/1/ http://www.repubblica.it/scuola/2010/12/14/foto/roma_gli_scontri_con_la_polizia_2-10190569/1/ http://www.repubblica.it/scuola/2010/12/14/foto/roma_gli_scontri_con_la_polizia_3-10192900/1/ Vídeos http://pt.euronews.net/2010/12/14/protestos-transformam-roma-num-campo-de-batalha/ http://www.youtube.com/watch?v=561VXeuGZAw&feature=player_embedded | http://portugal.indymedia.org/conteudo/newswire/3239
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