Rio de Janeiro, 01 de fevereiro de 2011
Ao Consulado da República Árabe do Egito no Rio de Janeiro
Exma Senhora Cônsul Ministra Plenipotenciária Amany Mohamed Kamal El Etr
Muitos de nós brasileiros, signatários desta carta, estivemos nas trincheiras da luta contra a Ditadura Militar no Brasil, derrotada pela força do povo nas ruas. Por isso, somos capazes de entender com profundidade o sofrimento do povo egípcio que, há trinta anos, vem sendo submetido a um regime cruel que, na defesa de seus interesses mesquinhos e para atender às exigências da geopolítica dos Estados Unidos, seu patrocinador, não tem hesitado em prender e torturar seus opositores, desafiando, impunemente, as leis internacionais que tratam dos Direitos Humanos. E se assim o faz é porque tem a proteção, o apoio e a cumplicidade dos Estados Unidos que, em troca de uma substancial ajuda militar e da manutenção dos privilégios dos governantes corruptos e de uma elite insensível, impõe um regime ditatorial e violento que faz da miséria, da fome, do desemprego e do analfabetismo de grande parte da população, seus principais trunfos para manter-se no poder e assim perpetuar a dominação imperialista e sionista no Oriente Médio.
As manifestações de protesto dos egípcios e suas reivindicações têm a simpatia e a solidariedade de todas as pessoas de consciência no mundo. Eles têm todo o direito de se revoltarem e de exigir a saída do ditador, o fim de seu regime autoritário e o rompimento definitivo com os EUA e Israel, sem o qual nada muda, porque suportaram durante trinta anos o contínuo rebaixamento de seu nível de vida, sendo privados de seus direitos mais elementares, tudo em nome das poderosas potências estrangeiras que usurpam o petróleo do Oriente Médio e exercem seu poder político e militar sobre os povos árabes.
O povo egípcio, agora, está disposto a ir até o fim para encerrar de vez a era de arbítrio, e construir em seu lugar, um governo democrático que seja capaz de devolver a eles todos os seus direitos usurpados, que respeite sua autodeterminação e o seu direito de organizar seus partidos e sindicatos, construindo para este país uma nova era em que a liberdade seja a base e que a bandeira da solidariedade seja levantada toda vez que um povo estiver sendo oprimido.
Manifestamos o nosso mais profundo pesar às famílias daqueles que tombaram durante essa jornada de lutas e repudiamos essa atitude violenta do governo Mubarak que pretende, pela força das armas, silenciar os protestos, demonstrando que não tem o menor respeito pelo seu povo e reafirmamos o desejo do povo egípcio em romper com a interferência estrangeira em sua soberania.
Daqui do Brasil, nossas vozes ecoarão através de todos os meios possíveis para fortalecer o grito de liberdade do povo egípcio e esperamos que V. Ex.ª, como representante deste país no Brasil, faça chegar até o governo Mubarak a nossa mensagem.
Assinam:
CSP – CONLUTAS
INTERSINDICAL
CUT – CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES
PCB
PSTU
O MORENA – CÍRCULOS BOLIVARIANOS
JUBILEU SUL
ANEL
UJC – UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA
NÚCLEO FREI TITO DE DIREITOS HUMANOS, COMUNICAÇÃO E CULTURA DO PSOL
MST – MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TERRA
COMITÊ DE SOLIDARIEDADE À LUTA DO POVO PALESTINO RJ
O Egito como exemplo
ResponderExcluirAllan Mahet
Há mais ou menos três semanas, manifestações ocorridas na Tunísia derrubaram o governo de Zine Al-Abidine Bem Ali, desde 1979 no poder.
No dia 25 de janeiro, 10 mil pessoas (segundo o governo local) se mobilizaram no Egito exigindo a saída do presidente Hosni Mubarak enfrentando a polícia no, batizado, dia de fúria.
Em menos de uma semana o número de manifestantes subiu para 1 milhão e os embates com as forças policiais fizeram mais de 100 mortos, 3000 feridos e nenhum pedido de renúncia do governante, apesar dos apelos europeus e cínicas solicitações norte-americanas, que há três décadas está no poder, após um golpe que matou o então presidente Anywar Sadat em 1981.
Texto completo em :
http://amahet.blogspot.com/2011/02/o-egito-como-exemplo.html