terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Os sete piores ditadores respaldados pelos EUA


Rebelión - 080211_bush_beijo [Joshua Holland, AlterNet] [Tradução do DL] O controverso presidente egípcio Hosni Mubarak, cujo regime recebeu bilhões de dólares de ajuda americana, está ultimamente no centro da atenção midiática global. Faz tempo que ele é “nosso filho da puta”, mas não é o único.

Vamos dar uma olhada nos demais ditadores do planeta que são afortunados o bastante para gozar da aprovação do Tio Sam.

Paul Biya, Camarões

Biya governou Camarões desde que ganhou uma “eleição” em 1983. Foi o único candidato e foi bastante bem: obteve 99% dos votos.
Segundo o artigo da Wikipédia sobre o país: “EUA e Camarões trabalham juntos nas Nações Unidas e em outras organizações multilaterais. Quando esteve no Conselho de Segurança da ONU em 2002, Camarões colaborou intimamente com os EUA em uma série de iniciativas. O governo dos EUA segue fornecendo um financiamento substancial para organizações financeiras internacionais, como o Banco Mundial, o FMI e o Banco de Desenvolvimento Africano que prestam ajuda financeira, entre outras, a Camarões”.

A Anistia Internacional detalha execuções ilegais, jornalistas presos e muitas outras atividades repugnantes.

Como parte de uma estratégia para asfixiar a oposição, as autoridades perpetraram ou perdoaram violações aos direitos humanos, incluindo prisões arbitrárias, detenções ilegais e restrições aos direitos de liberdade de expressão, associação e reunião. Defensores dos direitos humanos e jornalistas foram perseguidos e ameaçados. Homens e mulheres foram detidos por sua orientação sexual.

Gurbanguly Berdymuhammedov (ou Berdymukhamedov), Turcomenistão.

Berdymuhammedov chegou ao poder em 2006 quando morreu seu antecessor e o sucessor constitucional foi preso.

Segundo o Departamento de Estado: “Durante vários anos na década de noventa, Turcomenistão foi um protagonista-chave na Iniciativa Energética da Bacia do Cáspio dos EUA, que tratava de facilitar negociações entre os sócios comerciais e os governos do Turcomenistão, Geórgia, Azerbaijão e Turquia, para construir um gasoduto sob o Mar Cáspio e exportar gás turcomano ao mercado interno turco de energia e para fora – o denominado Gasoduto Trans-Cáspio (TGGP)”. A lista de Parade Magazine dos piores ditadores do mundo assinala que “EUA segue importando petróleo do Turcomenistão (pelo valor de 100 milhões de dólares em 2008), enquanto a Boeing fornece aviões ao governo turcomano. Chevron... abriu um escritório na capital turcomana, Ashgabat”.

Human Rights Watch disse que ainda que Berdymuhammedoy tenha dado alguns passos “para reverter algumas das políticas sociais mais arruinadas” de seu antecessor, “o governo segue sendo um dos mais repressivos e autoritários do mundo”.

Teodoro Obiang Nguema, Guiné Equatorial.

Há trinta e dois anos, Obiang Nguema depôs – e depois executou – seu tio, Francisco Macías, em um golpe sangrento. Peter Maas o qualificou não só como “o pior ditador da África”, mas também como “o homem cuja vida parece uma paródia do gênero ditatorial”.

Obiang... Prometeu mais benevolência e amabilidade do que seu antecessor, mas nos anos noventa inclusive o embaixador dos EUA em Guiné Equatorial recebeu uma ameaça de morte de uma pessoa de confiança do regime e teve que ser deposto. Pouco tempo depois, descobriu-se petróleo mar adentro e a primeira onda de ingressos – uns 700 milhões de dólares – foi transferida a contas secretas sob o controle pessoal de Obiang.

Segundo Parade: “EUA importou mais de três bilhões de dólares em produtos petroleiros da Guiné Equatorial” em 2008.

Idriss Deby, Chade

Esse ano também importamos petróleo pelo valor de três bilhões de dólares do Chade. Segundo o Departamento de Estado: “EUA mantém relações cordiais com o governo de Deby. Chade demonstrou ser um sócio valioso na guerra global contra o terror e ao proporcionar abrigo a uns 200.000 refugiados da crise de Darfur no Sudão ao longo de sua fronteira oriental.”

O informe de 2010 da Anistia Internacional sobre Chade contém um quadro impressionante:
Civis e trabalhadores humanitários foram assassinados e sequestrados; mulheres e meninas foram vítimas de estupros e outras violências; utilizaram os meninos como soldados. As autoridades não tomaram medidas adequadas para proteger os civis dos ataques de bandidos e grupos armados. Supostos opositores políticos foram ilegalmente sequestrados, detidos arbitrariamente e torturados ou maltratados de outra maneira. Continuou o assédio e a intimidação aos jornalistas e defensores dos direitos humanos. A demolição de casas e outras estruturas continuou durante todo o ano 2009, deixando sem moradia a milhares de pessoas.

Apesar dos militares do Chade serem acusados de utilizar os meninos como soldados, Parade destaca que “EUA segue instruindo comandos do Chade”.

Islam Karimov, Uzbequistão

O que faz com que Karimov seja tão especial é seu (suposto) gosto por ferver seus opositores políticos até que morram.
Karimov foi presidente de Uzbequistão desde 1990, quando ganhou por uma imensa margem na primeira de uma série de eleições fraudadas. Torturas, detenções arbitrárias e invasões massivas a minorias religiosas são comuns no Uzbequistão, segundo Human Rights Watch. Mas o país foi um sócio crucial dos EUA em sua “guerra contra o terror”, abrigando tropas dos EUA na base aérea Karshi-Khanabad até 2005. As relações se esfriaram um pouco depois que Karimov alertou os EUA a abandonar a base, mas como assinala Parade: “O comércio com Uzbequistão duplicou em 2008, já que os EUA seguem importando imensas quantidades de urânio uzbeque, utilizado para centrais e armas nucleares”. No ano seguinte, “Uzbequistão Airways comprou aviões Jet da Boeing pelo valor de 600 milhões de dólares”.

Meles Zenawi, Etiópia

Zenawi governou Etiópia durante 20 anos. Só no ano passado, depois do que Human Rights Watch chamou de “meses de intimidação a partidários de partidos de oposição”, o partido de Zenaqi, a Frente Revolucionária Democrática Popular Etíope, obteve 99,6% dos votos. Legitimidade!
Etiópia é um sócio estratégico essencial na “guerra contra o terror”, e contribui significativamente para as operações africanas de manutenção da paz. Segundo a Agência de Desenvolvimento Internacional dos EUA, EUA foi o maior doador para Etiópia. O Congresso aprovou uma lei, apesar das objeções do governo de Bush que limita a ajuda militar ao país até que ele tenha uma imprensa livre e o regime de Zenawi melhore seus dados sobre direitos humanos, mas – e é um “mas” muito importante – exclui a ajuda ao “antiterrorismo”. Portanto, apesar do fato de que, segundo Anistia Internacional, os grupos opositores etíopes são ilegais, as ONGs foram proibidas e os etíopes desaparecem aos poucos sem julgamento, os EUA seguem instruindo tropas etíopes.

Rei Abdullah Bin Abdul-Aziz, Arábia Saudita.

Aparentemente, quando um Estado teocrático islâmico comete crimes horríveis contra seus cidadãos, só é importante se esse Estado se chama Irã. Arábia Saudita, claro está, é um dos aliados mais importantes dos EUA. O governo dos EUA forneceu segurança para a família real saudita durante décadas, em troca de... Petróleo.

Abdullah instituiu algumas reformas desde que chegou ao poder em 2005, mas Human Rights Watch disse que “as iniciativas foram em grande parte simbólicas, apenas pequenas melhorias concretas ou proteção institucional para os direitos”. O informe da Anistia Internacional de 2010 acusa as autoridades sauditas de uso contínuo de “uma ampla gama de medidas repressivas para eliminar a liberdade de expressão e outras atividades legítimas”.

Centenas de pessoas foram pressas como possíveis terroristas. Outras milhares, detidas em nome da segurança em anos anteriores, seguem na prisão; incluem-se prisioneiros de consciência. Uns 330 suspeitos de terrorismo receberam julgamentos injustos ante um novo tribunal especializado e excludente; um foi condenado à morte e 323 foram condenados a penas de prisão.

O beijo de Bush (foto)

Aí os tem – uma grandiosa coleção de filhos da puta, sim. Mas lembre-se: são os nossos filhos da puta!

Joshua Holland é editor e escritor de AlterNet. É de The 15 Biggest Lies About the Economy (and Everything else the Right Doesn't Want You to Know About Taxes, Jobs and Corporate America).

Fonte: http://www.alternet.org/story/149805/

Traduzido do inglês para Rebelión por Germán Leyens

Traduzido do espanhol para Diário Liberdade por Gabriela Blanco.

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