Qual a definição da síndrome de Burnout?
Stress crônico laboral é a definição mais objetiva. Em espanhol o fenômeno é conhecido como Sindrome del Quemado. O termo Burnout (Burn + out) alude gíria inglesa utilizada por engenheiros aeronáuticos, desde 1940, para sintetizar o estado mecânico final de turbinas de jato que eram colocadas em teste de resistência até o seu limite final e, então, “burnout”, “queima total”, “fundiam”.
No meio médico e assistencial à época, a gíria era empregada com a mesma analogia para designar o estado biofisiológico e psicosocial dos jovens de rua, usuários compulsivos de drogas, conhecidos aqui no Brasil como “drogaditos”; nem tanto pelo uso específico das drogas, mas pelo estado deplorável de extremo comprometimento biopsicosocial a que chegavam. Posteriormente, a partir de 1974, com as pesquisas do psiquiatra dr Freudemberg a gíria foi também empregada para designar o estado de esgotamento físico e mental dos médicos residentes, que trabalhavam em sua equipe, apresentando sinais claros de stress crônico relacionado diretamente com a dinâmica e ambiência de trabalho.
Quais são as causas e os fatores determinantes?
A relação causa-fatores é muito subjetiva, pois ganha ou perde forças na dinâmica entre capacidade pessoal em lidar com o stress e a intensidade/frequência na dedemanda de fatores relacionados, exclusivamente, com o ambiente de trabalho, tais como: Cobranças excessivas, jornadas longas e desgastantes, remuneração inadequada, ausência de recompensas, falta de camaradagem entre membros da equipe, subemprego de competências pessoais, baixa perspectiva de assenção/promoção na carreira, sentimento de vulnerabilidade em relação a segurança pessoal, falta de apoio técnico-operacional e falta de reconhecimento no serviço prestado, entre outros fatores. Assim, de acordo pesquisas recentes a causa essencial do Burnout perpassa três dimensões, não necessariamente nesta ordem: a) Esgotamento emocional; b) Despersonalização, quando o profissional evita/desfaz qualquer tipo de envolvimento/vínculo com as pessoas que atende; c) Baixa realização pessoal no trabaho.
Tem algum paralelo com a depressão?
O Burnout apresenta sinais e sintomas comuns ao quadro depressivo, tais como: tristeza aparente, desânimo, pessimismo, inapetência, apatia geral, dificuldade em desempenhar papéis, queda brusca da libido, aumento no desejo de afastamento social, isolamento e absenteísmo. A pessoa tem vontade de “sumir” e não quer ver ninguém, não possui forças para fazer nada, nem mesmo a mais simples tarefa ou o que antes lhe dava muito prazer, culminando em descuido com a própria aparência e a própria saúde. A diferença está no fato de que a depressão é multifatorial, ou seja, tem várias causas distintas entre fatores endógenos, por disfunções hormonais, transtornos psicológicos etc; e exógenos, por perdas e danos sociais, materiais, profissionais, acadêmicos, afetivos etc.
A princípio parece tudo a mesma coisa, mas não é tão simples assim, pois como as causas são diferenciadas o tratamento só será eficaz se o diagnóstico for preciso. Não se tratam sintomas de burnout com diagnóstico de depressão e, por isso, o médico ou psicólogo que for realizar o diagnóstico deverá esmerar-se em decobrir as causas reais ao invés de considerar apenas os sinais e sintomas indicativos. Daí a importância de se aprofundar no assunto. Não apenas os profissionais em potencial para desenvolver a Burnout, no sentido de se prevenirem, mas principalmente os profissionais médicos e psicólogos, que são os mais indicados e procurados para a detecção e combate da síndrome.
Quais são os profissionais mais atingidos?
Pessoas que lidam com a dor e sofrimento do outro: Médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, psicanalistas etc; e outros profissionais que formam vínculos assistencialistas no trato com as necessidades alheias diversas, a exemplo dos gestores escolares, professores, psicopedagogos e demais educadores, em função da intensa e complexa dinâmica educativa.
No caso de docentes, quais sintomas apresentam e que consequências psicosocial eles sofrem?
O absenteísmo é o sintoma mais evidente, pois o docente priva a escola, seus colegas e seus educandos de sua importante presença física e institucional, pois está sempre de atestado ou licença médica, fica indiferente nas decisões tomadas em conjunto com a equipe e, na sala de aula, por estar com os sentidos à flor da pele, perde as características essenciais ao exercício de sua função docente, por diminuição da capacidade e qualidade de comunicação e aumento da resistência na interação com os educandos, representando perda significativa para a qualidade do ensino. Daí o Prof. Wanderley Codo, coordenador do labortaório de psicologia da Universidade de Brasília (UnB) afirmar que a síndrome de Burnout “pode levar à falência da educação”, quando considera em suas pesquisas o índice de incidência de burnout em professores da ordem de 43%. Em decorrência do esgotamento generalizado, com impacto na auto-estima do professor, muitos docentes perdem conideravelmente qualidade de vida em outras esferas sociais, a exemplo da vida familiar, conjugal, acadêmica, social e até mesmo espiritual. É um tsnumani na vida do professor, com consequências imprevisíveis, mas não irreversíveis se diagnosticada e tratada devidamente.
Como reconhecer os sinais de stress?
Os principais sinais físicos são: fadiga sem causa aparente; enxaquecas; dores “andarilhas” (cada hora dói num lugar diferente); constipação ou diarréia constantes; alteração do sono e queda na libido. Há porém outras alterações orgânicas, não visíveis, apenas detectadas por exames médicos específicos que irão determinar o diagnóstico.
Os pricnipais sinais psicológicos e comportamentais são: Sinais e sintomas semelhantes aos da depressão, já bastante conhecidos pela população; irritabilidade; ceticismo; indiferença e despersonalização.
Esse sofrimento é somente mental ou pode também trazer problemas físicos?
Mesmo que não saibamos exatamente o que está causando o que, isso somente o médico ou o psicólogoo poderá avaliar melhor, contudo tem-se a certeza que mente e corpo não estão dissociados em suas dinâmicas. São chamados os fenômenos somatopsíquicos, quando o corpo interfere na mente e psicossomáticos, quando a mente interfere no corpo. Sabe-se que o hormônio do stress, o cortisol, baixa a imunidade do organismo deixando-o mais vulnerável a infecções e viroses, além de causar irritação cutênea e queda de cabelos. Quem não perde o apetite quando está triste ou come compulsivamente quando está ansioso? Da mesma forma, o zelo com a aparência física e estética corporal/facial tem impacto direto na auto-estima das pessoas. Portanto, certamente o sofrimento mental pode sim trazer problemas físicos e não há notícias na ciência moderna a respeito de recursos técnicos e medicamentoso capazes de protegerem de forma permanentemente eficaz e, portanto, irrestrita e cabal a mente do sofrimento físico, nem o físico do sofrimento mental. É preciso harmonizar mente e corpo para gozar saúde satisfatória e prevenir doenças.
Como prevenir a Síndrome de burnout?
Primeiro conhecendo como ela surge e como é a sua dinâmica. Depois aprendendo técnicas mais eficazes e eficientes de lidar com o estress próprio e o stress alheio. O material produzido, compilado e disponibilizado no curso, tais como: slides, cartilhas, questionário, pesquisas, textos diversos e video facilitam a compreensão tanto do assunto quanto dos métodos de prevenção.
Quando deve-se procurar ajuda? Que profissional é indicado?
Ajuda é sempre bem-vinda em qualquer época e em qualquer momento. Infelizmente, muitas pessoas resistem à ajuda até chegarem ao limite, à cronicidade. Diante do eminente problema é comum negar o estado aparente de debilididade ou fragilidade. Depois de reconhecer a existência do problema a pessoa tende a investir muita energia para sustentar a postura de forte e durona. Na verdade estão apenas “encapsulando” o problema que encontra as condições ideais de desenvolvimento. Num terceiro momento, quando o problema eclode e torna-se visível a todos, então recorrem-se a auto-medicação, entre outras tentativas inadequadas e inócuas para resolver o problema. Somente quando essa dinâmica esgota todas as energias e consome toda saúde da pessoa é que ela procura ajuda profissional, isso quando procura.
Pensando nas pessoas mais maduras e que não necessitam sustentar essa postura de “super-herói” criei um questionário indicativo da Burnout, inspirado no Maslach Burnout Inventory, da psicóloga norte-americana Christina Maslach, cujo intuito não é diagnosticar burnout, longe disso, mas oferecer indícios muito elementares e orientar as pessoas a procurarem ajuda médica em tempo hábil, facilitando toda intervenção do médico ou do psicólogo, posteriormente.
É necessário tratamento medicamentoso?
Embora eu não seja médico, sabe-se que assim como toda e qualquer anomalia psicofísica, o quadro de Burnout é passível de intercorrência medicamentosa sim e somente o médico e mais ninguém aquém deste profissional tem condições de avaliar e prescrever a medicação mais indicada que pode variar desde analgésicos, ansiolíticos e até anti-depressivos, conforme cada caso. Tenho notícias de pessoas que se tratam por tabela. Comparam alguns sintomas com outro colega e, havendo similaridade, compartilham do mesmo medicamento. Isto é totalmente contra-indicado haja vista que cada pessoa tem um porte físico diferenciado e um histórico pessoal muito peculiar interferindo em seu metabolismo e absorção de muitos princípios farmacológicos.
Contudo, ao identificar os primeiros sinais e sintomas da síndrome, estes podem ser debelados com simples mudanças de hábitos ou de atitudes na rotina diária. À medida em que o quadro evolui e outros sintomas vão surgindo, faz-se necessária a interveção do psicólogo, em especial os especialistas em estress e biofeedback. Quando o sofrimento mental começa a causar transtornos psíquicos como ansiedade, pânico ou quadro depressivo e transtornos físicos, então o tratamento medicamentoso se torna não apenas necessário como imprescindível. O ideal é aprender a prevenir para não ter que remediar, como diz o sábio ditado!
Qual é a importância da identificação nos docentes?
De acordo com pesquisas encabeçadas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação e do Laboratório de Psicologia da UnB nos anos de 1999 e posteriormente atualizado em 2002, comparadas com notícias recentes, divulgando última pesquisa (2008) divulgada pela Universidade de Brasília (UnB), mais de 40% dos professores regentes desde a educação infantil até o ensino superior apresentam pelo menos uma das três dimensões da Síndrome. Isso quer dizer que alguns têm o quadro do Burnout iniciado e outros estão em um estágio mais avançado da doença. Se associarmos esta informação ao que o Prof. Codo disse, percebemos que realmente o Burnout pode “levar à falência da educação”, torno a citar. Portanto, além desse risco, é ainda fator potencial de comprometimento da qualidade de vida desses profissionais, reafirmando a importância que se deve conferir ao conhecimento deste fenômeno tão ameaçador quanto simples de se identificar e prevenir.
Fale-nos sobre o curso a distância “Stress docente: a Síndrome de Bournout em professores. Como identificar”, a quem é dirigido e qual a importância deste conhecimento nos dias atuais?
O curso é para quem quer e pretende empreender melhorias na qualidade de vida sua e na de seus educandos/clientes/pacientes, sem o inconveniente das manobras mirabolantes e de qualquer gasto extravagante, mas por mudança de atitudes simples em função do conhecimento adquirido.
A formatação do curso na modalidade a distância surgiu em função do reconhecimento dos riscos públicos e pessoais que o Burnout representa em nosso contexto social e educativo, devendo as nuanças e características desta síndrome serem divulgadas de forma mais objetiva e abrangente possível ao maior número de profissionais interessados direta ou indiretamente sobre o assunto.
A disponibilzação deste curso pelo Portal Psicopedagogiaonline e Fundação Aprender vai muito além dos objetivos comuns a um bom curso a distância. Mais do que oferecer recursos teórico-práticos aos cursistas e uma certificação reconhecida e respeitada internacionalmente, pretendemos, eu enquanto tutor e toda equipe envolvida na produção e sistematização deste curso, oferecer informações estratégicas de identificação, tratamento e prevenção do Burnout, por meio de metodologia didática adequada, em linguagem de fácil assimiliação, não necessitando, portanto, fluência nas áreas médica e psicológica para compreender o assunto e aplicar as dicas oferecidas.
Mais do que conhecer o burnout estamos oferecendo a oportunidade aos cursistas em repensar paradigmas e melhorar significativamente a sua qualidade de vida pessoal e profissional com estratégias simples e de fácil aplicação. Daí a importância e pertinência de todos os profissionais, em especial aqueles da área educacional, não pensarem duas vezes em fazer este curso, pois conhecer o inimigo é o primeiro passo para vencê-lo. Capacite-se, previna-se e torne você também um agente multiplicador na prevenção e combate da Síndrome de Burnout.
Fonte:http://www.psicopedagogia.com.br
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