terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

As Bem-Aventuranças do Educador

Por José Ivan Pimenta Teófilo
Felizes os Educadores que tomam consciência do conflito social em que estão metidos e nele tomam partido pelo projeto social dos empobrecidos porque assim contribuirão para a transformação da sociedade.
Infelizes os Educadores
que imaginam que a ação educativa é politicamente neutra porque acabam transformando a educação num instrumento de ocultação das contradições da realidade social e de reprodução da ideologia e das relações sociais vigentes.
Felizes os Educadores que sabem articular o saber chamado científico com o saber popularporque ajudarão as classes populares a afirmar sua identidade cultural.
Infelizes os Educadores
que transmitem mecanicamente um saber elitista porque contribuem para reforçar a marginalizaçãoe a dominação cultural do povo.
Felizes os Educadores que aprendem a dialogar com os educandos porque resgatam a comunicação pedagógica criadora no processo educativo.
Infelizes os Educadores
que impedem os educandos de dizerem sua palavra, porque estão reproduzindo a educação do colonizador.
Felizes os Educadores que se tornam competentes em suas “disciplinas” ensinando a “desopacizar” ideologicamente seus conteúdos porque ajudarão os educandos a se apropriarem do saber como ferramenta de luta na defesa e afirmação de sua dignidade.
Infelizes os Educadores
que não se esforçam para ser criticamente competentes porque enfraquecerão mais ainda o poder cultural das classes oprimidas reforçando o autoritarismo cultural das classes dominantes.
Felizes os Educadores que procuram se organizar para conquistar melhores salários e melhores condições de ensino porque estão ajudando a conquistar a educação a que o povo tem direito.
Infelizes os Educadores
que atuam isoladamente, buscando apenas seus próprios interesses porque deixarão de contribuir para a conquista de uma escola digna.
Felizes os Educadores que iluminam sua prática com o sonho de um futuro novo em que as pessoas aprendam, através de novas relações sociais,as lições da justiça e da solidariedade.
Infelizes os Educadores que não sonhamporque não terão a coragem de se comprometer na luta criadorade uma nova sociedade a partir de sua prática educativa.
Felizes os Educadores que aprendem a fazer da ação de cada dia a semente da nova sociedade.
Infelizes os Educadores
que pensam que as coisas novas só aparecerão no futuro porque não perceberão, nem farão perceber que o “novo” já está no meio de nós, brotando de nossas práticas transformadoras, solidárias com as lutas dos espoliados da terra.

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