Nem é preciso dizer, que num passado muito distante, foram os religiosos que criaram e regulamentaram os rituais de passagem.
A ideologia é um conhecimento deformado e falseado da realidade que beneficia um grupo em detrimento de outro. Quem tem mais poder na sociedade, tem mais possibilidade de impor sua ideologia. Porque tem um pensamento mais elaborado e tem à sua disposição melhores meios para difundi-la. Os membros sagrados da tribo, devido sua posição privilegiada tinham maiores condições de impor sua cosmovisão a todo o grupo. Afinal, seu papel é altamente legitimado pela crença generalizada no seu poder sobrenatural. O fenômeno ideológico é um produto necessário do fenômeno da desigualdade social.
A desigualdade é um fenômeno de poder e esse poder precisa legitimar-se.
Precisam, portanto, justificar a necessidade da permanência da realidade como ela é, mantendo um quadro de idéias para convencer os outros disso.
A ideologia é a justificação das posições sociais. Nesse sentido, a ideologia conta com a participação e colaboração da filosofia, da literatura, das ciências, do direito etc. A realidade é transformada em mito e o dominado crê no mito. Conscientizar é desmitificar.
A ideologia usa a ciência:
Há uma “atitude ideológica”, quando um cientista, um jurista ou um meio de comunicação são utilizados para falsificar a realidade. Nesse sentido, nem a ciência nem o direito são neutros. É impossível existir neutralidade em questões sociais.
No século XVII, os “cientistas” da Igreja tinham que acreditar e ensinar que a Terra era o Centro do Universo (teoria geocêntrica), pois assim faziam supor as Sagradas Escrituras, interpretadas pelos Santos Padres e pela Hierarquia da Igreja. Mesmo tendo apontado o telescópio para os céus e comprovado que o Sol era o centro do nosso sistema, Galileu foi obrigado a abjurar, em 1633, para não ser queimado vivo, como acontecera com Giordano Bruno, em 1600. Galileu ficou em prisão domiciliar até o final da vida. Só em 1992 a Igreja reconheceu publicamente que Galileu estava certo.
Principalmente em Estados Totalitários, a ciência é muito usada para fins de justificação do regime. Por isso há controle e censura à produção científica. Hitler, por exemplo, queria provar, cientificamente, a superioridade da raça ariana sobre todas as outras raças. Faziam-se experiências, inclusive com seres humanos. Uma ditadura pode usar “explicações científicas” para provar a necessidade e a oportunidade de se construir uma Usina Nuclear em Angra dos Reis, ou uma Rodovia Transamazônica. Recorrer à ciência, às estatísticas, dá uma maior importância, uma aparência de certeza da verdade, ao fato em discussão.
Até os dominados "defendem" a ideologia dominante:
- Foi Deus quem quis assim. Quando ele quiser, ele manda chuva para nós. Não podemos reclamar, não.
Uma pobre mulher nordestina dizia isso em junho de 2001.
- Minha senhora, não foi Deus, não! O dinheiro que já foi enviado para a SUDENE daria para ter inundado o Sertão. O Sertão poderia ter virado mar... Grande parte da culpa é dos corruptos que ficam com nosso suado dinheirinho... que, juntado, dá um dinheirão!
1. Estude bem o texto e diga o que é ideologia , com suas próprias palavras .
PARA PENSAR:
É negra, mas é limpinha!
É negro, de alma branca!
É pobre, mas honesto!
Mora na favela, mas não é bandido!
É homossexual, mas é gente boa!
É loura, mas é inteligente!
É sem-terra, mas não é baderneiro!
CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. Coleção Primeiros Passos. Editora Brasiliense.
MARX, Karl, ENGELS, F. A ideologia alemã. Trad. José Carlos Bruni e Marco Aurélio Nogueira. 6ª ed. São Paulo: Hucitec, 1987.
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