terça-feira, 15 de dezembro de 2009

ASSMANN, Hugo. Metáforas novas para reencantar a educação - epistemologia e didática.

2. ASSMANN, Hugo. Metáforas novas para reencantar a educação - epistemologia e didática. Piracicaba: Unimep, 2001.

Palavras chaves do autor: reencantamento, aprendente, acessamento, esperançador, sobranteO autor inicia sua obra analisando os vários aspectos importantes relacionados com a qualidade cognitiva e social da educação.
Ele afirma que o processo educacional, a melhoria pedagógica e o compromisso social têm que caminhar juntos, e que um bom ensino da parte dos docentes não é sinônimo automático de boa aprendizagem por parte dos alunos, ou seja, que há uma pressuposição equivocada de que uma boa pedagogia se resume num bom ensino.
Este explica que a escola não deve ser concebida como simples agência repassadora de conhecimentos prontos, mas como contexto e clima organizacional propício à iniciação em vivências personalizadas do aprender a aprender. A flexibilidade é um aspecto cada vez mais imprescindível de um conhecimento personalizado e de uma ética social democrática.Sociedade aprendente
Fala-se muito em sociedade do conhecimento e agora também em sociedade aprendente. É importante saber decodificar criticamente e encarar positivamente o desafio pedagógico expressado numa série de novas linguagens.
Toda educação implica doses fortes de instrução, entendimento e manejo de regras, e reconhecimento de saberes já acumulados pela humanidade. Essa instrução não é o aspecto fundamental da educação, já que este reside nas vivências personalizadas de aprendizagem que obedecem à coincidência básica entre processos vitais e processos cognitivos. No mundo atual, o aspecto instrucional da educação já não consegue dar conta da profusão de conhecimentos disponíveis e emergentes, mesmo em áreas específicas. Portanto, não deveria preocupar-se tanto com a memorização dos saberes instrumentais, privilegiando a capacidade de acessá-los, decodificá-los e manejá-los. O aspecto instrucional deveria estar em função da emergência do aprender, ou seja, da morfogênese personalizada do conhecimento. Isso pode ser ilustrado, com a visão da memória como um processo dinâmico.
O reencantamento da educação requer a união entre sensibilidade social e eficiência pedagógica. O compromisso ético-político do/a educador/a deve manifestar-se primordialmente na excelência pedagógica e na colaboração para um clima esperançador no próprio contexto escolar.
Na segunda parte do livro, Assman (2001) fala da pós-modernidade e a globalização do mercado.O objetivo desta reflexão é buscar a ponte entre pós-modernidade/pós-modernismo e didática. O pós-moderno é uma certa valorização da razão lúdica. Por algo a teoria de jogos é parte substancial da engenharia de sistemas cognitivos complexos. O pós-moderno é também um convite a relaxar, a não se levar tão a sério.
O pós-modernismo é,sem dúvida, a denúncia das fissuras da racionalidade moderna, mas é também a tentativa de reintroduzir a lógica nebulosa nas práticas culturais.
O marco referencial do debate pós-modernista, embora importante, é insuficiente para discutir e encarar os novos desafios da educação na situação pós-moderna. O debate pós-modernista geralmente não consegue sair do meio-de-campo, confuso e embolado, da crise das ciências humanas e sociais, onde o que mais se escuta são lamúrias nostálgicas em relação a redenções falidas.
Em meio ao acirramento competitivo, planetariamente globalizado, a educação se confronta como desafio de unir capacitação competente com formação humana solidária, já que hoje a escola incompetente se revela como estruturalmente reacionária por mais que veicule discursos progressistas. Juntar as duas tarefas – habilitação competente e formação solidária – ficou sumariamente difícil, porque a maioria das expectativas do meio circundante (mercado competitivo) se volta quase que exclusivamente para a demanda da eficiência (capacidade competitiva).
O ciclo que termina concentrou-se, por décadas, no aumento quantitativo da oferta escolar. Escolas por todo lado, tendência à universalização do acesso à escola enquanto espaço disponível. Nisso houve bastante êxito. A ênfase prioritária dessa fase (aumento quantitativo) sobrevive como um eco interpelativo no mote: educação para todos.Agora, , a ênfase se desloca do quantitativo para o qualitativo. Daí o exuberante discurso sobre a qualidade, inscrito no que se passou a chamar nova estratégia educacional. A preocupação por atender, em termos quantitativos, a demanda reprimida, ou nem sequer ativada, permanece. Argumenta-se que faltou, no ciclo anterior, o vínculo dessa expansão escolar com as exigências de modernização do processo produtivo, especialmente em dois aspectos:1. aquisição de um colchão básico de competências flexíveis e multi-adaptáveis e 2. concentração no eixo científico técnico, que se diz estar comandando a dinâmica dos ajustes requeridos para o crescimento econômico.
Cobra-se a ponte entre a escola e uma capacitação básica e flexível diante de um mercado de trabalho cada vez mais exigente no que se refere à versatilidade adaptativa do trabalhador e ao acompanhamento atualizado dos avanços científico-técnicos. Destacam-se cidadania competitiva e criatividade produtiva. Não há como ignorar que, nessa proposta, há muitos aspectos irrecusáveis, assim como os há carregado de ambigüidade.Na quarta parte, o autor discorre sobre a qualidade vista desde o pedagógico, afirmando que no futuro ninguém sobreviverá, em meio à competitividade crescente do mercado, sem uma educação fundamental que lhes entregue os instrumentos para a satisfação de suas necessidades básicas de aprendizagem no que se refere a competências mínimas e flexíveis. No fundo, é a isso que se refere à questão da qualidade. E é também para isso que convergem os interesses, ainda rudimentares e confusos, que setores do empresariado começam a demonstrar numa verdadeira universalização da educação básica.Algumas manobras poderosas já acontecem para instaurar uma verdadeira cruzada em favor da educação pela/para a qualidade, e até se chega a falar, pomposamente, em pedagogia da qualidade, mesmo havendo muitos que persistem em ignorar o fato, ou o têm como insignificante, ou, ainda o consideram, um banal modismo passageiro.As linguagens sobre qualidade funcionam, hoje, como território ocupado. Muitos ainda não se deram conta do fato de que o discurso sobre a qualidade se encontra, agora, aprisionado dentro de um campo de significação bem determinado. E, pelo menos por algum tempo, não será fácil arrancá-lo de lá e libertá-lo para outros sentidos.
O núcleo do processo pedagógico deve ser localizado nas experiências do prazer de estar conhecendo, nas experiências de aprendizagem que são vividas como algo que faz sentido para as pessoas envolvidas e é humanamente gostoso, embora possa implicar também árduos esforços.
Assim, para refletir sobre a qualidade de um processo educativo, nossa atenção deveria voltar-se, antes de tudo, para o problema seguinte: como criar melhores situações de aprendizagem, melhores contextos cognitivos, melhor ecologia cognitiva e melhores interações geradoras da vibração biopsicoenergética do sentir-se como alguém que está aprendendo.Na quinta e última parte, o autor, relaciona a questão da cidadania com a exclusão social. Ele diz que o maior desafio ético da atualidade é, sem dúvida, a presença de uma estarrecedora lógica da exclusão do mundo de hoje. Grandes contingentes da população mundial passam ao rol de “massa sobrante” e faltam as decisões políticas necessárias para uma efetiva dignificação de suas vidas.
O fascínio e a manipulabilidade da linguagem sobre a cidadania faz com que ninguém dê mostras de querer desistir dela.
Cidadania não pode significar mera atribuição abstrata, ou apenas formalmente jurídica, de um conjunto de direitos e deveres básicos, comuns a todos os integrantes de uma nação, mas deve significar o acesso real, em juridicamente exigível, ao exercício efetivo desses direitos e ao cumprimento desses deveres. Não há cidadania sem a exigibilidade daquelas mediações históricas que lhe confira conteúdo no plano da satisfação das necessidades e dos desejos, correspondentes àquela noção de dignidade humana que seja estendível a todos num contexto histórico determinado.
A mediação histórica fundamental da cidadania básica é o acesso seguro aos meios para uma existência humana digna. Daí a correlação estreita entre cidadania e trabalho (no sentido de emprego justamente remunerado) na visão até hoje comum dessa temática. Para o trabalhador e seus dependentes, a cidadania se alicerça no direito ao trabalho.
CONCLUSÃOO livro é um conjunto de reflexões integradas e direcionadas aos vários aspectos que possam interferir na qualidade do processo educacional.
Assman, (2001), demonstra uma série de descobertas fascinantes acerca de como se dá a experiência do conhecimento na vida das pessoas. Ele fundamenta a convicção de que hoje estamos em condições de entender melhor a relação indissolúvel entre processos vitais e processos de conhecimento, não apenas no sentido do ditado “vivendo e aprendendo”, mas num sentido mais profundo que nos leva a compreender que a própria vida se constitui intrinsecamente mediante processos de aprendizagem.
Ao longo do livro Assman (2001) mostra que a complexidade deve transformar-se num principio pedagógico pela simples razão de que, os docentes devem estar atentos às formas complexas que assumem na vida dos aprendentes, essa relação intrínseca entre os processos vitais e processos do conhecimento. Nesta perspectiva acredita-se em reformas curriculares no ensino universitário brasileiro, que efetivamente possam contribuir com a formação de profissionais.

Questões:1- Quando e como Assmann afirma sobre a melhoria pedagógica?
a) Em nenhuma parte do texto ele afirma sobre a melhoria pedagógica
b) Quando o processo educacional e a melhoria pedagógica caminharem separadasc) Quando o processo educacional, a melhoria pedagógica e o compromisso social caminharem juntos
d) Todas as alternativas estão corretas
e) n.d.a.

2- Como o autor fala sobre a Escola?
a) Quando ele define que educar não é apenas ensinar, mas criar situações de aprendizagem
b) Quando ela não for concebida como simples agência repassadora de conhecimentos prontos
c) Quando ela for concebida como simples agência repassadora de conhecimentos prontos
d) As alternativas a e b estão corretas
e) Apenas a alternativa a está correta

3- Qual a visão do autor sobre o pós-modernismo?
a) Ele não possui uma visão crítica sobre o pós-modernismo
b) Quando ele diz sobre a globalização do mercado
c) Quando ele reflete sobre a pós-modernidade e a didática
d) Quando o pós-modernismo é, sem dúvida, a denúncia das fissuras da racionalidade moderna, mas é também a tentativa de reintroduzir a lógica nebulosa nas práticas culturaise)
As alternativas b e c estão corretas


4- No decorrer do texto, qual é a reflexão que podemos tirar do autor?
a) É buscar a ponte entre pós-modernidade/pós-modernismo e didática
b) Que a escola melhorará com a globalização dos mercados
c) Todas as anteriores estão corretas
d) Apenas a alternativa b está correta
e) n.d.a.

5- Qual é a relação entre questão de cidadania com a exclusão social?
a) Todas, pois ambas acabam andando juntas
b) Nenhuma, pois ambas acabam andando separadas
c) Porque cidadania e exclusão social podem significar uma mera atribuição abstrata, ou apenas, um conjunto de direitos e deveres básicos, e, ambas devem significar o acesso real ao exercício efetivo dos direitos e ao cumprimento dos deveres
d) Cidadania e exclusão social não podem significar uma mera atribuição abstrata, ou apenas, um conjunto de direitos e deveres básicos, e ambas devem significar o acesso real ao exercício efetivo dos direitos e ao cumprimento dos deveres.
e) A relação entre as duas é o maior desafio ético da atualidade e, neste sentido, o fato maior desse nosso tempo é, sem dúvida, a presença de uma estarrecedora lógica de exclusão do mundo de hoje

Gabarito:
1- C
2- B
3- D
4- A
5- E

Nenhum comentário:

Postar um comentário